sexta-feira, 20 de agosto de 2010

O maior Grenal de todos os tempos dos últimos cem anos


*Texto de autoria de alguém que assinou Chokito na seção de comentários das colunas do site globoesporte.com , *


Antes de começar a partida, um contraste já é notório: as chuteiras. Os colorados desfilam com belos e ousados modelos roxos, lilás, amarelos e mais uma infinidade de cores e estilos. Guinazu é o único que usa uma preta, e é motivo de piada entre o grupo. Tayson e Bolívar sempre puxam seu calção nos vestiários por causa disso. No lado Tricolor, todos com chuteiras pretas. Paulo Nunes cogitou colocar uma branca nesse jogo, mas Dinho não deixou. Na verdade ele apenas comentou que não era boa idéia, mas sugestão do Dinho é ordem. Felipão ficou sabendo e deu razão ao cangaceiro dos pampas. O comandante gremista olhou pro diabo loiro e disse: tu não te fresqueia, guri. Recado dado.
Durante o aquecimento, o simpático e malemolente Tinga se aproxima de Rivarola sorridente e pergunta: que legal, to vendo que você está com uma chuteira maior que a outra. É a nova moda? Riva, com a cara fechada, sem olhar pro moleque, responde num bom portuñol: “não. Estoy com una unha encrabada”. Alecssandro dá uma bela risada, achando que era piada. Ao ver que o gringo não riu, calou-se e fugiu pra perto de seus amigos.
Começa a partida, saída para o Inter. O estádio desaba em vaias. O experiente D’alessandro se assusta e se livra da bola, toca pra trás. O colorado toca uns 3 ou 4 passes assustado e se atrapalha: lateral para o Grêmio. O estádio vai abaixo, vibração total. Lá pelos 25min a equipe colorada já está mais tranquila e começa a jogar. D’alessandro dá lançamento espetacular para Tayson, que pedala na frente de Rivarola e só não morre porque é rápido: escapa da tesoura do paraguaio e toca para Tinga, que dribla Adilson e chuta no canto de Danrlei. Indefensável. Grêmio 0, Inter 1.
Felipão vira bicho. Xinga até a nona geração do time todo. Se revolta com Rivarola por não ter matado o pequeno Tayson. O time do Grêmio se possui. Dinho coloca em prática sua máxima: “por mim só passa o jogador ou a bola, os dois juntos não dá”. Até o leve e saltitante Paulo Nunes vira um monstro, contagiado pelo resto da equipe ele bufa e dá carrinhos. O estádio vibra a cada chutão, a cada falta dura e demais lances de certa truculência.
Mas com a bola nos pés esses caras também têm bala na agulha, meu amigo. Arce dispara na direita, passa pela marcação, cruza com uma perfeição poucas vezes vistas no esporte bretão e, Jardel, cuja absurda impulsão faz com que consiga colocar a cabeça acima da altura das mãos de muitos goleiros, pula com maestria e confere um testaço em direção ao chão, fazendo a bola quicar pouco antes da linha e morrer no fundo das redes. Explosão geral de euforia na Azenha: 1×1.
O Inter se desconcentra. Carlos Miguel faz boa jogada, toca pra Arilson, que dá uma janelinha em Tinga, devolve pra Miguel, que encontra Paulo Nunes bem colocado. O diabo loiro invade a área, corta pra direita e é derrubado por Índio. Pênalti. Dinho dispara uma bomba no ângulo esquerdo de Renan. Inapelável. Grêmio 2, Inter 1. O Inter acorda, voltam a jogar bem. Felipão surta com o time. Fim do 1º tempo.
O gol do Inter parece iminente na 2ª etapa. O Grêmio se retrai demais. O time colorado têm muita habilidade. E jogam pra cima. Dessa vez é D’alessandro quem pedala pra cima de Rivarola. Dessa vez Riva não perdoou: coice. D’ale chora rolando no chão. Jogadores do Inter cercam o juiz, que é uruguaio e não muito tolerante. Não é tolerante com frescuras: só amarelo pra Rivarola. D’alessandro lesionado, entra Giuliano no seu lugar. Danrlei aproveita a discussão pra chamar Alecssandro num canto e dizer, com o dedo em riste, que se eles continuarem fazendo gracinhas, alguém ia quebrar a perna ali hoje. Alecssandro vai relatar ao árbitro a ameaça que recebeu e o juizão o ignora, mandando ele parar de chorar e jogar bola.
Dinho fica um pouco frustrado com a saída prematura de D’alessandro. Ele tinha prometido durante a semana para uns 37 torcedores que iria quebrá-lo. Riva foi mais rápido. Tudo bem, bola pra frente.
Tinga faz boa tabela com Giuliano, que devolve pra Tinga, que tenta driblar Goiano e… TUM! “Pega o que te mandaram”. Luis Carlos Goiano dá no meio do Tinga. Tinga lesionado. Mais um teatrinho do elenco colorado pressionando a arbitragem. Amarelo para Goiano. Andrezinho entra no lugar do lesionado. O Dinho bem que avisava: “o Goiano é bandido também, dá tanto pau quanto eu. A diferença é que ele é educado, atleta de Cristo. Ele pede desculpas, eu bato e saio sem nem olhar pro cara”.
A equipe colorada perde duas das suas principais peças, mas segue perigosa. O Grêmio, entretanto, equilibra mais a partida. Aos 35 do 2º tempo, Adilson, exausto de tanto desarmar guri novo, sai aplaudidíssimo por sua quase perfeita atuação. Luciano entra. Aos 41min é Paulo Nunes quem cruza, Jardel voa e destroça a bola com a testa, ela explode no travessão, volta para a entrada da área, Carlos Miguel vem correndo de trás e dá um bico na gorduchinha, que vai morrer no fundo das redes de Renan: 3×1, festa total. Pra ganhar tempo, Felipão tira os também cansados Jardel e Paulo Nunes, e coloca Nildo e Alexandre Xoxó (Alexandre Gaúcho).
Nos minutos finais o Inter ensaia uma pressãozinha, pra tentar reduzir os prejuízos e facilitar sua vida no jogo de volta. Já estávamos com 46min (faltando mais 3 para o término do jogo, já que ele deu 4 de acréscimos) quando Giuliano escapa bem pela direita, dribla dois, e aí comete um ledo engano: pedala na frente do Dinho. Se driblasse o Dinho, sairia na cara do Danrlei, gol quase certo. Mas era o Dinho. Faça o que tu quiseres na frente do Dinho, só não saçarica. Giuliano toma uma entrada que chegou a arrancar um “ooooh” do estádio inteiro. Um “ooooh” seguido de comemoração. Essa nem o juizão cisplatino engoliu: Dinho na rua. Aplaudido de pé. Evitou uma chance clara de gol e deixou o garoto Giuliano rolando no chão. Danrlei foi até ele e disse: “eu avisei”. E avisou mesmo: Giuliano fratura a perna.
Roger ergue os braços chamando a torcida. Olímpico pulsa. Grêmio segura o Santos nos minutinhos finais. Eram 10 contra 10 (Inter já tinha feito 3 substituições). Mais espaços no campo favoreciam a molecada ligeira do inter. Mas a torcida do Grêmio preencheu esses espaços com urros e cânticos de guerra. Tudo sob controle. Fim de jogo. Grêmio 3, Inter 1.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Catarse

Em uma sala calma com azulejos brancos ficou pensando sobre a vida, buscou todos os lixos em seu interior, meditou, respirou fundo e olhou para o telhado baixo do local. Gotas de suor desciam do alto de sua cabeça acariciando seu rosto. Podia sentir, estava próximo, as impurezas seriam expurgadas de seu corpo, mas, antes um pequeno prenúncio, um “luuuz” sonoro e fino. E tudo começou, atingiu a catarse e bem ali, no quarto branco, tudo seria exposto. Tudo que se embrenhava em suas vísceras seriam jogados diante dos olhos de quem quisesse ver. E então, sentado no lindo e cheiroso vaso, que brotava uma essência de pinhos, cagou.

sábado, 14 de agosto de 2010

Os velhos males do Zé (Parte I)

Me acostumei tanto com meu estilo delicado de lenhador russo que toda palavra minha tornou-se irremediavelmente condicionada a abrir lascas também irremediáveis na carne dos sensíveis. Não posso evitar, e muitas vezes me pergunto se quero.

Talvez um simulacro de idade da pedra me caísse melhor, com trogloditas letrados que ofender-se-iam mutuamente sem a necessidade do recurso da pedra lascada. Só mesmo palavras pontudas voando a esmo na atmosfera aridamente confortável.

Ou talvez o cavalheirismo e os direitos humanos tenham destruído a arte do livre bullying, que compõe as melhores histórias de nossos pais e as mais interessantes mesas de jantar. Talvez sim, talvez não. O fato é que eu me sinto um pouco incomodado.

Como eu já disse, me acostumei tanto com meu estilo lenhador russo que não controlo mais o fio de meu machado esguio. Saibam então, meus amigos, que boa parte dos golpes desferidos são realizados por distração ou desleixo, e vocês podem ter levado algumas machadadas fraternais.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Alvitre de procurar


Confortável e obsceno, quando olho no reflexo da luz no espelho eu vejo coisas obscenas.

Reflexo e confortável, o vento que balança as árvores no horizonte me traz lembranças confortáveis.
Complexo e vital, aquele dom perplexo evita o rastejar do verme que prejudica os sintomas.
Louco e infertil, era para depositar o fruto da loucura infertil que não semeia nas terras do imaginário.
Perfeito e incompleto, não modelei os sonhos do preferido, só acho-os incompletos.
Lâmpadas e paralelepípedos, no passo a passo do iluminismo, só acreditei quando dei de cara no chão.
Amor e razão, ainda procuro a flor do talento, sem mistério e sem solução.

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