sábado, 17 de novembro de 2012

A morte. Uma figura decadente. No escuro.

A morte. Sim . Ela. Vocês já pensaram nela? Eu penso nela todos os dias. As vezes mais, as vezes menos. Tem dia que penso, tem dia que não penso. E o engraçado é que os dias que eu penso eu construo hábitos e decisões que assassinam os dias em que quero viver.  E quando eu quero viver, meus pulmões estão cheios de fumaça, minha conta está negativa e eu tenho AIDS. Quero bater uma bola com meus amigos, mas não tenho fôlego. Quero pegar um ônibus e ver a cidade, conto as moedinhas e elas não bastam. Busco uma puta no lugar errado e aquela menina sensacional nunca mais vai falar comigo. O espelho do banheiro nas entrelinhas da ressaca e as meninas agora são mulheres.  Nada me faz tão mal quanto eu. Estrago todas as músicas. Perco todos amigos. Todos os dias. E sequer tenho coragem pra morrer. Morro assim aos poucos. Um covarde.



Uma figura decadente. Largou uma mulher incrível pra sentir uma dor colossal. Talvez seja doença. Talvez ele seja gay. Enquanto mergulha na madrugada se embriagando de tristeza eis que surge uma linda garota de 17 anos na tela do seu monitor.  Aqueles olhos. Sempre os olhos. Atravessam os séculos e as palavras ainda não esquecem os olhos. Parecem desenhados com o mais nobre pincel. O mais nobre pincel com a mais honesta arte desenharam aqueles olhos puxados, lindos. Só olhos tão lindos são capazes de fazerem com que um fumante de 49 anos, que não vê os filhos há 3 meses, já perdeu tudo que construiu, feliz. A sua esquerda, um jovem de 20 anos deitado em sua cama. Na sua frente, aqueles olhos.  Deixa aqueles olhos lindos. Apaga seu último cigarro. Sobe no parapeito de sua cobertura.


No escuro se acende um isqueiro. Um círculo se abre lentamente na luz que é criada junto com a chama. No   som, começa a tocar aquela música. Falando de um sexo que pegava fogo. 24 anos, uma camiseta velha e de calcinha, fumando aquele cigarro. Ela não fuma. O cigarro era dele, que a abandonou. A camiseta também. O sexo e o fogo são delas. Acende aquele cigarro. Mais uma vez ela fuma, só pra poder assim sentir o gosto dele em sua boca mais uma vez.


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