sábado, 14 de agosto de 2010

Os velhos males do Zé (Parte I)

Me acostumei tanto com meu estilo delicado de lenhador russo que toda palavra minha tornou-se irremediavelmente condicionada a abrir lascas também irremediáveis na carne dos sensíveis. Não posso evitar, e muitas vezes me pergunto se quero.

Talvez um simulacro de idade da pedra me caísse melhor, com trogloditas letrados que ofender-se-iam mutuamente sem a necessidade do recurso da pedra lascada. Só mesmo palavras pontudas voando a esmo na atmosfera aridamente confortável.

Ou talvez o cavalheirismo e os direitos humanos tenham destruído a arte do livre bullying, que compõe as melhores histórias de nossos pais e as mais interessantes mesas de jantar. Talvez sim, talvez não. O fato é que eu me sinto um pouco incomodado.

Como eu já disse, me acostumei tanto com meu estilo lenhador russo que não controlo mais o fio de meu machado esguio. Saibam então, meus amigos, que boa parte dos golpes desferidos são realizados por distração ou desleixo, e vocês podem ter levado algumas machadadas fraternais.

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