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segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Morte a todos os malditos índios urbanos




E O PRÊMIO VAI PARA ZÉ BOKINHA, POR ENVERGONHAR O NOME DA POESIA CONCRETA MUNDIAL!


Ao sair da premiação, de luvas brancas, gravata-borboleta vermelha e smoking de um preto impecável, pus-me a refletir:


Será que o preto impecável que me emprestou esse smoking vai se aborrecer se eu lhe disser que...


O pensamento foi interrompido. Às 3h41, na Oskley Avenue, morre Zé Bokinha, vítima de uma flechada na cabeça.

sexta-feira, 10 de junho de 2011

To Martin

When the winter comes
Remember the words we sang, boy
When the child of dawn
Ride for the first time

So long, sweet sun
So long
So long, sad sun
So long
So long, so long
So long

When the crows of south
Bring blood to your old hands
When the time is come
Grab summer’s last warm breath

It’s the day to overcome
Broken things that hold you home
Candles burn and hope’s not gone
Blades and knights will break the fog

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Metal Gear Sold

Na escola em que estudei, do Jardim 1 ao 3º ano do Ensino Médio, havia uma iniciativa muito interessante, o Projeto Escrita É Vida, em que cada aluno da 4ª série tinha sua melhor redação selecionada para constar de um livrinho, entregue no dia da formatura. Cada aluno tinha um "profile" preenchido, um desenho que ilustrasse a redação e, é claro, o texto propriamente dito. Resolvi compartilhar. Segue abaixo todo o texto, na íntegra e sem revisões.
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Instituto Presbiteriano de Educação

Eu sou...

Nome: Haig Artur Berberian Jr.
Idade: 10 anos.
Cor preferida:
Preto.
Esporte: Basquete.
Assinatura: ----------//----------



Metal Gear Sold


Snaque estava dentro de uma missão perigosa até para um herói. A agente Mary Stone, de código 0170, estava dando as instruções lá da base:
- Snaque, o General Dim exige provas de sua missão! Você deverá descobrir quem está comandando os ninjas e mandando bombas para a África, à procura de riquesas.
- Ok!
Snaque vai para o aeroporto principal com sua pistola e seu rifle de alta capacidade:
- YES!!! Dois ninjas estão à minha espera na porta do aeroporto!
Snake estrupiou os dois e pediu informações:
- Quero saber agora onde está o documento de lançamento das bombas!
- Está no bolso do chefe.
- Quem é?
- Brok!
Snake foi ao seu encontro e Brok começou a girar sua espada. Snake pegou sua espada (que ele trouxe pra horas de emergência) e meteu na cabeça de Brok, assim, pegou o documento.
Chegando na base, o General disse
- Snake, ótimo trabalho! Te promoverei a MAJOR!!!
Foi a maior festança.
Depois disso, em particular, Mary Stone declarou seu amor por Snake, e dois anos depois, se casaram.
Após isso, o Major Snake sempre estava (e está) pronto para qualquer missão.
FIM!

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Chateações de um Chateau

Aquela garrafa já estava cheia. Já estava cheia justamente por ainda estar cheia, pois ainda não havia sido consumida. Só ia sendo consumida a sua paciência, levada pelo tempo. E o tempo se arrastava lento naquela velha adega. A garrafa, originada da vinícola francesa Chateau D’Arignac, safra de 1807, já não podia agüentar a espera... o ócio... o envelhecer.

A cada passagem de ano – e foram muitas – podia ouvir o estalar das rolhas, alegres, festivas, e o canto do vinho que deslizava nas taças sóbrias de cristal para serem degustadas sob brindes recheados de esperança. Garrafas eram abertas também em cerimônias políticas e bailes da mais alta sociedade. Mas não esta garrafa, que tinha a rolha entalada na garganta.

O seu valor, em sua concepção, era sua maldição. Já tinha perdido seu orgulho, seu sonho antigo, da época em que era apenas um tanto de uvinhas grudadas à parreira, sonho de ser aberta em ocasião de grande tratado de paz, ou cerimônia importante e cheia de pompa. Já se contentaria em ser aberta em uma noite de volúpia qualquer, sendo bebida por algum político glutão e sua amante. Engraçado... Era um Chateau D’Arignac com a auto-estima de um “Chapinha”! Só queria ser tomado.

Ah, tempo... tempo monótono... tempo retrógrado, que parecia mover para trás os ponteiros do relógio...

Mais inexorável que o tempo, porém, é o destino. Duzentos anos após seu engarrafamento, o vinho da ansiosa garrafa foi finalmente adquirido por um riquíssimo empresário austríaco para o casamento de sua filha.

A velha garrafa embriagou-se de alegria, pois ignorava seu porvir. O metri da festa de casamento, deixando-se distrair por um decote – encantador, de fato – esbarrou em um convidado. A inércia não poupou a garrafa, que se desfez no chão com grande gemido de dor.

A legítima Chateau D’Arignac, 1807, assim faleceu, aos cascos, com seu vinho espalhado no piso, não tendo sido apreciada nem mesmo pelos ratos, mas apenas pelo tempo, longo e vão.

sábado, 14 de agosto de 2010

Os velhos males do Zé (Parte I)

Me acostumei tanto com meu estilo delicado de lenhador russo que toda palavra minha tornou-se irremediavelmente condicionada a abrir lascas também irremediáveis na carne dos sensíveis. Não posso evitar, e muitas vezes me pergunto se quero.

Talvez um simulacro de idade da pedra me caísse melhor, com trogloditas letrados que ofender-se-iam mutuamente sem a necessidade do recurso da pedra lascada. Só mesmo palavras pontudas voando a esmo na atmosfera aridamente confortável.

Ou talvez o cavalheirismo e os direitos humanos tenham destruído a arte do livre bullying, que compõe as melhores histórias de nossos pais e as mais interessantes mesas de jantar. Talvez sim, talvez não. O fato é que eu me sinto um pouco incomodado.

Como eu já disse, me acostumei tanto com meu estilo lenhador russo que não controlo mais o fio de meu machado esguio. Saibam então, meus amigos, que boa parte dos golpes desferidos são realizados por distração ou desleixo, e vocês podem ter levado algumas machadadas fraternais.

domingo, 18 de julho de 2010

Almôndegas - "Almôndegas"


A internet tem sido o mais eficiente meio de difusão de novos sons para quem tem o apetite sempre aberto aos diferentes estilos musicais do mundo todo. Para os exploradores de tesouros musicais escondidos então, tal ferramenta parece ter sido enviado pelos deuses diretamente do Olímpo. Muitos internautas adoram “cavucar” o Rock ‘n’ Roll dos buracos e cavernas mais obscuros da Terra, usando e abusando da tecnologia dos tão infames programinhas de compartilhamento, tão acusados de tirar o ganha-pão das pobres gravadoras, mas, por outro lado, responsáveis por revelar inúmeras bandas e artistas a um público que jamais teria acesso a eles, levando-os, inclusive, a adquirir os álbuns conhecidos graças aos downloads ilegais. Irônico, não?

Não obstante, é sobre outra grande ironia que pretendo discorrer na resenha de hoje. Os protagonistas dessa história de contradições são um conjunto das longínquas terras de Pelotas – e peço maturidade, querido leitor – cujo nome revela o teor altamente descontraído e natural de suas letras e filosofia de vida: Almôndegas. Pra quem não conhece, essa foi a primeira banda de Rock/MPB dos irmãos Kleiton e Kledir, famosos posteriormente por sua carreira como uma dupla. E não, eles não tocam música sertaneja, para a tristeza de muitos e minha profunda alegria.

“Mas onde está a ironia nisso tudo?”, pergunta-se o curioso internauta. A resposta é simples: uma das mais fortes características do grupo gaúcho era justamente a profunda aversão ao progresso e à modernidade, incluindo, é claro, a tecnologia, meio pelo qual eu tive o grande prazer – e agora você também, espero eu – de entrar em contato com essa música tão rica e arraigada à cultura gaúcha.

O álbum já começa com uma ode à vida simples no campo, “Sombra Fresca e Rock no Quintal”, talvez a faixa que mais aceite o rótulo de “Rock Rural”, estilo atribuído aos Almôndegas por muitos críticos – embora, em minha opinião, elementos da MPB predominem no trabalho deles, ao menos neste disco de estréia. Assim como a primeira faixa, a terceira e mais genial composição do disco, “Teia de Aranha”, parece ter sido cunhada por JJ Veiga, tamanha a ojeriza provocada na banda por quase tudo o que pode ser conectado à tomada. “Sou humano, mas namoro um computador / O progresso engoliu a nossa paz / E a teia engoliu a própria aranha”;

Ainda nesse espírito, a faixa “Almôndegas” trata do mesmo tema, só que dessa vez de forma mais bem humorada, utilizando-se de linguagem caipira e lógica simples, do tipo “Pra quê comprar Lamborghini se tem perna pra andar?”. Confesso, leitor, que eu responderia a essa pergunta sem grandes dificuldades.

“Olavo e Dorotéia (Uma Louca Estória de Amor)” é outra composição que merece destaque. Uma canção de belíssima singeleza, apesar do título um tanto piegas – odeio essa palavra, mas contento-me com ela no momento. Digna de nota também é “Daisy, My Love”, mais uma letra sensacional do grupo, unindo espírito crítico a humor.

Poupo meus internautas do enfado de um texto deveras longo – a recente profissão de publicitário vem me ensinando a importância da síntese – e já me despeço por aqui. Recomendo fortemente o álbum a quem deseja um pouquinho de cheiro de mato e bosta de cavalo impregnado nos muros de concreto da cidade, mesmo que somente pelos breves 33 minutos de duração do disco. Ou, se o ouvinte for um pouquinho espírito de porco, colocará o bucólico disco dos Almôndegas para tocar em seu “Lamborghini”. Prometo que não conto nada pro Kleiton. Nem pro Kledir. Até a próxima!

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Now & then, the Soul

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Noite no teatro

A cadeira de expectador me prende como uma cadeira de rodas. Antes fosse uma cadeira de rodas, móvel e impetuosa. Meu assento almofadado é tão estático quanto os olhos úmidos da platéia. A arte, a vida e o movimento interpretam a si mesmos no palco, e somente a arte de observar a tudo, quieto e pálido, executa-se por meio de minha alma trêmula.

Cabe a mim invejar o artista, rei e mago do teatro, cujo teto são estrelas místicas e a bruma amórfica seu chão. Entra a cantora com suas pernas cálidas, voz e saia de veludo e lábios elásticos. Pareço flutuar em uma clave de sol, subindo meio tom a cada nota sustenida, movendo-me, sem rumo, ao som de semifusas.

Minha consciência anula-se, como se ébria, e címbalos dourados com seu som de éter espalham-se no ar numa cadeia cíclica. Minha pele se enrubesce e responde à magnética melodia com um arrepio – cada pêlo se faz também platéia, aplaudindo de pé ao espetáculo onírico. E a lua dança no céu de ébano.

Afasta-se de mim todo caráter sólido, altero minha freqüência para tons amenos de ciano ingênuo, unindo à meia luz desse castelo clássico a minha forma turva de fantasma cósmico. Espero impregnar-me de texturas tímbricas, fazer-me um tijolo da parede sônica, me debater nas ondas de um hammond aquático.

Faz-se silêncio.

A platéia se levanta e meu banco está vazio. Austero, me debruço na abóboda celeste. E não sou mais eu, mas a arte em mim.

terça-feira, 6 de abril de 2010

Magno post mortem

Quero um "The Best Of” post mortem
E que cantem meus melhores momentos
Em meu momento derradeiro

Editem minha vida com esmero
Glamurizem minha angústia
Reflitam sobre os conflitos

Construam uma lenda, um mito
Escondam o que foi mal-feito e pobre
Mas não tudo, para não perder-se o charme

Riam, complacentes, da minha indolência
Chamem de cautela minha covardia
De racionalidade, minha frieza

Canonizem minhas piadas, meus atos
Como num templo
Como num teatro

Ensaiem aforismos para cada pá-de-terra
Façam com que eu seja, finalmente, um Grande Homem póstumo
E que meus vermes pensem que estão comendo carne nobre

Que assim seja
E se repita
Saecula saeculorum

quarta-feira, 31 de março de 2010

O mendigo de elogios

O mendigo acorda cedo na cidade. Respira a aurora e seu ar de continuação, não de recomeço. A angústia, aplacada pelo sono, já está lá, como uma criança puxando a camiseta do pai, chamando atenção. As noites, se dormidas, não são alívio, pois é como se parássemos de existir. Ao menos eram assim as noites do mendigo: curtas e sem sonhos.

E foi andando pela casa – sim, ele tinha um teto – e engoliu um pedaço de pão – pois pão não lhe faltava – e este desceu seco e amargo na garganta, lento, só de pirraça. Sentiu pena de si. Sentiu ódio ao dia. Foi para seu ponto.

Cada serviço, cada sorriso, cada trejeito, estendeu como quem estende a mão – gelada – à espera de quaisquer infames 10 centavos (falados): sua alma não custava muito caro. E o mendigo, quando com sorte, esticava o pescoço, levava três tapinhas leves na cabeça, ouvia um “bom garoto”. Abanava o rabinho, voltando pra casa ao fim do dia.

quarta-feira, 24 de março de 2010

Violoncelo e ela

Ela chorou ao som do violoncelo
Ao passar as mãos na superfície áspera da parede
Puramente por não confiar em seus pés
Por não confiar no chão frio e sórdido
Que fingia solidez

Somente uma lágrima
Contínua, longa e pesada
Molhando o vestido velho e negro
Refletindo a sombra rubra e o desespero
A língua apertada no céu da boca
Ao som do violoncelo

Olhou a lâmina, cética
Voltou-se à parede, cheiro de mofo
Sentiu o sangue grosso pressionar-lhe as veias
Ao som do violoncelo
E caiu de joelhos aos pés da vitrola
Liquefez-se, mórbida, num tom menor

Pelas barbas de Jacques Morelembaum!
Juntou os cacos, colou os ossos
Deu um tapa na agulha gasta, arranhando o LP
Vestiu-se de macaco e foi dançar a conga
Sete pássaros disseram: “Yippie-ho! Yippie-yey!
Você acaba de arruinar um belo texto.”

terça-feira, 16 de março de 2010

10 inside

Outro dia o Kreffta me disse que eu tenho 10 anos por dentro. Maneira delicada de dizer que tenho idade mental de uma criança. Eu diria que ele não está de todo errado, e explico nas linhas abaixo o porquê.

Sabem aquela criança assustada que se agarra na saia da mãe e pergunta de vai dar tudo certo? Aquela criança que tem dificuldades em dormir na véspera do natal? A criança que chora antes do primeiro dia de aula só por que gostava da professora antiga, ou porque está com preguiça, ou porque tem medo do novo, ou porque não quer ser o mais burro da sala, mas depois descobre que aquilo tudo não é nenhum bicho de sete cabeças? Essa criança ganhou altura, tem cabelinhos debaixo do umbigo e possui 32 dentes, mas ainda sou eu.

E aquela criança que se empolga com a notícia de uma festa, que pula de um lado pro outro e rola no chão, e tira uma com a cara da menina mal-humorada? Pirralho que faz questão de encarar passionalmente os assuntos racionais e racionalmente os assuntos passionais? Esse carinha já perdeu as contas de quantos professores aporrinhou, de quantos petelecos já deu na irmã, e de quantos amigos nomeou com apelidos esdrúxulos. Só sabe que essas contas, após todos esses anos, ainda não pararam de crescer.

Confesso minha baixa idade mental e levanto uma bandeira pintada com tinta guaxe, e escrevo um manifesto em prol da abolição da maturidade. À fogueira todos os precoces, os meninos-prodígio, os garotos que já aprenderam a ser jovens hipócritas, as meninas que deixaram de brincar de Barbie para se tornarem a Barbie. Abaixo a seriedade prematura, o curso de medicina, a porta do quarto trancada, o cérebro grisalho, o decote sem peitos e o ódio de ser chamado criança quando já se é um “adolescente”. Grandes bostas.

Meu autor favorito, CS Lewis, disse certa vez que a preocupação em ser (ou parecer) maduro era característica justamente de quem não o é. Concordo em gênero, número e grau. Portanto, dê-me aqui minhas Crônicas de Nárnia, prepare meu todinho e corte minhas unhas do pé, que ta na hora de sair pra facul.

segunda-feira, 15 de março de 2010

Non Stopping Sensless Talk

Caraca... Já é tanto tempo sem escrever que eu já estou perdendo a mão. Acho que não escrevo para não perder a cabeça também – vocês não sabem o quanto é estressante para esse gordo hiperativo produzir um texto que não lhe agrada... ou será que sabem? Para ser mais preciso, eu classificaria meu ócio criativo como uma mistura de medo de falhar e de preguiça. Minha preguiça me preocupa bastante, sabe? Em certas ocasiões ela fica pesada de se carregar.

O Rafael Rabelo sempre me pergunta porque eu não posto mais nada no blog... O Plínio deu uma explicação interessante: talvez me falte um pouco de “domquixotismo”. Muito obrigado, senhor, mas as angústias que eu tenho já bastam, e são muito pessoais. Mas sabe que eu sou mesmo um conformado? Não me incomodo muito com o terremoto no Haiti, e nem mesmo com o do Chile, que é tão pertinho... Quero que se lasquem os impostos e os políticos e tudo o que há de podre no Brasil. Nada – externo – me provoca muito ultimamente.

Estou aqui, curtindo meu som, falando besteira, dando tapinhas nas costas. E a caneta sempre evitando bicar o papel. Sou superficial? Acho que nem tanto. Talvez minha filosofia apenas encontre dificuldades de encontrar seu nicho, muito solta para alguns e extremamente conservadora e radical para outros. Não tiro a razão de nenhuma das partes. Ou talvez eu tenha dificuldades em compartilhar meus interesses. Música e macacos. E malucos. Adoro malucos.

Seria bom se eu voltasse a assistir a algumas aulas junto com meus companheiros de jornhaw e, quem sabe, as deliciosíssimas polêmicas acenderiam em mim um pouco de engajamento e fúria, e fariam brotar de minha boca opiniões. Talvez eu devesse ler mais. Pegar outro caminho para casa. Ver um filme europeu. Ler o jornal local. Nah... ler jornal é muito chato.

Sério, gente, vocês conseguem executar essa função com destreza? Manusear um jornal para mim é algo semi-impossível. Deve ser como amamentar um bebê elefante: aquele trambolho cinza, pesado e desajeitado. As revistas sim são civilizadas, com suas páginas tão coladinhas e irremediavelmente seqüenciais. Ou talvez o problema seja minha desorganização mesmo. Provavelmente o é.

O papo ta bom, mas eu já vou nessa. Não vou revisar meu texto e nem pensar num final. Ele simplesmente acaba assim. Cala-se, vira as costas e abandona a rodinha de amigos.

80

Onde está aquele neon sob o qual andávamos, à noite, pela cidade? Não vejo mais o grande anúncio da Atari na lateral daquele prédio – lembra? – pelo qual passávamos ao ir àquela lanchonete.

Onde estão as ombreiras, os cabelos coloridos que ficavam tão bem com seu All-Star cano longo? Não ouço há tanto tempo aquela bateria com eco, o teclado brega, o baixo insistente no rádio.

Onde estão minhas luvas sem dedo, minha jaqueta vermelha, meu LP favorito... As crianças não querem mais brincar com o Falcon, e não há fila pro Pac Man. Ninguém curtindo a vida adoidado.

Onde estão os brucutus e o banho de sangue na TV; onde estão os vampiros que não brilhavam no escuro? Onde está o mau-gosto inocente da luta - livre? E o mau-gosto chique nas revistas?

Eu quero os anos 80 de volta.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Pirações publicitárias

Curso de publicidade é meio enjoado, mas de vez em quando a gente se diverte...
Taí um spot de rádio que fizemos para nossa agência, Blá Comunicação Inteligente.

Glossário: jingle são aquelas musiquinha de propaganda, tipo "pipoca na panela[...]"


terça-feira, 6 de outubro de 2009

O menino que gritava "LODO"

Gente, só pra constar, este é um texto ESTÚPIDO que eu escrevi há uns três anos atrás, e mostra a imbecilidade que governa minha mente. Ele não faz sentido, não é engraçado, e não deve ser reproduzido por ninguém. Possíveis erros de digitação inclusos, pois não me dei ao trabalho de revisar. Aí vai:

O Menino Que Gritava "Lodo"
(por Haig Artur Berberian Jr.)

Em um tempo, nas colinas do norte-ou além- vivia um garotinho no mínimo fanfarrã! Seu prazer era enganar os bons trabalhadores do vilarejo.

__Lodo! Lodo! -ele dizia- Venham! Lodo!
Logo vinham os camponeses, padeiros, vendedores, e todas as pessoas de bem.
__Onde? Onde? -diziam eles, ofegantes e esbaforidos, __Onde está o maldito lodo?!
__ Hahaha, pegei vocês! -ria-se o menino, enquanto os cidadãos o advertia sobre os males da mentira.
Não era lodo o que havia alí, e sim, simples musgo. Então, o ledo garoto partia para os cabritos, cantarolando e brincando.
No outro dia (o sol já havia nascido), o garoto, chorando gritou:
__Lodo, lodo! Vejam só! Lodo!
E todos os camponeses, padeiros, vendedores e todas as pessoas de bem vinham velozes a socorrer.
__Hahaha! Não é lodo! É musgo! Bobocas! -dizia o juvenil. Os adultos diziam:
__Ora, maldito! Um dia pagarás por suas tamóias! Quando realmente houver lodo, ninguém acreditará!
Mas o menino nem ouvia, e logo ia aos cabritos.
Vinte e quatro horas depois(que equivalia a um dia), já estava o menino a gritar:
__Lodo, oh, lodo!
E vinham de novo os moradores do vilarejo a gritar, e se deparavam com o garoto gagalhando ao lado do aveludado musgo. E todos diziam aquelas mesmas sábias palavras, enquanto o juvento brincava com as cabras.
No outro dia, bem cedinho, o pequeno pôs-se a gritar e clamar:
__Lodo! Lodo! Ora, venham! Lodo!
E gritou mais alto:
__Por favor, acreditem, lodo!
Porém ninguém veio ao seu encontro. Pobre garoto... Desta vez havia mesmo lodo, mas ninguém cria.
Ora, naquele tempo, o chão era de pedra, e o lodo se estendeu por todo ele. Ao correr atrás de uma cabra, o menino escorregou no logo esguio e caiu, quebrando sua cabeça em quatro partes.
Uma, foi para a Índia, e virou o elefante sagrado do induísmo.
Outra, foi para a França, e virou a Torre Eiffel.
Outra, foi para o Brasil, e formou o Corcovado.
E a última, foi para os EUA e virou a Estátua da Liberdade.
O sangue da cabeça infantil, que banhou aquele lodo se tornou o Mar Vermelho.
__ E as Muralhas da China? - você pode estar se perguntando. Elas foram formadas muito tempo depois, com o tatataraneto do menino que gritava "lodo", que foi o menino que gritava "lobo". Mas essa é outra história, e é meio sem gracinha.

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