sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Eu sei

Às vezes apenas não há uma segunda chance. A palavra proferida, a boca suja do dissabor do fim. Palavras gastas, gestos exaustos, olhares mórbidos e tudo está acabado. Sem segunda chance. Não há que se pedir perdão, não há o que se perdoar. A noite acabou e eu preciso fugir sem você ou fugir de você. A derrota é um sentimento que todo mundo experimenta. O grande mal é quando se experimenta durante a vida inteira. É fácil falar de perda, de dor, de coração partido, de enganos, de ilusão e outros sonhos dantescos. Falar o quê sobre felicidade? Amores que deram certo não é um tema que faz muito sucesso, a não ser em livros de auto-ajuda.
Não tenho como falar de amores, nunca os tive bem, talvez por não me permitir, talvez por falta de sorte mesmo. Não sou mais, ou talvez nunca tenha sido, aquela garota, tão diferente do aparente, tão distante do constante. Tão dupla, tão dual. São sinais da não existência de uma segunda chance, a beleza que não perdurou, os óculos que se quebraram, o tapete que voou sozinho, o amor, negro, que foi engolido pelo céu que rachou, diante do sol, que apesar da dor, brilhava, ou, pela dor, brilhava.
É esse o motivo da raiva. Não são os erros, os sonhos em vão, não são seus olhos, a lembrança do seu abraço. O que dói é ver que existem flores, e outros tantos amores que persistem nesse dia branco, sem cor. É nessas horas que eu queria ter uma bomba pra poder me livrar do trágico efeito de tantos clichês, te fazer enxergar o meu mundo que você não crê. Mas não existe uma segunda chance. E aqui estou eu, chorando baixinho, sonhando acordada, engolindo lágrimas, numa triste tentativa de não sentir dor.

1 comentários:

Rafael Rabelo 18 de outubro de 2010 às 11:05  

A "dor" mórbida e sadomasoquista de nós seres humanos. Ótimo te ver por aqui, novamente!

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