sábado, 14 de maio de 2011

Saudades!


Permitam- me, senhores, donos de fato e de direito desse blog, plagiar. Perdoem-me por essa tentativa desesperada de reatar nós, ressuscitar os mortos, pois, o amor é sempre amor mesmo que acabe, mesmo que mude, que se esqueça o que passou. Mesmo que alguém esqueça o que é amor. Na natureza nada se cria, não é mesmo? Bom, espero que o dono do texto que serviu de inspiração para o que se iniciará em seguida me perdoe por isso. Como eu já disse, estou ressuscitando mortos. Vou começar introduzindo o momento, o tempo, que deu início a esse texto em especial.

Era pra ser um dia qualquer, uma noite comum, num pub meio underground como tantos outros que existem por aí, onde tocava uma banda nada famosa, mas que reproduzia um som um tanto quanto adorado por nós. Quem somos nós? Guerreiros da banda do imortal, frágeis testemunhas de um crime, de fato, sem perdão. Palavras ditas sem pensar, um desafio. Eu precisava reconquistar você. Isso soa meio romântico mas não é bem essa intenção.
Fumei seu cigarro, depois pedi um. Um copo quebrado, traço inicial de uma noite inesquecível. Uma carta para suceder tamanho fascínio, emoção e encanto, tudo misturado ao cheiro de cigarro e ao hálito de álcool. Uma carta. Uma carta daquele louco. Uma carta pra eu lembrar. Três páginas escritas em folhas de caderno que ficaram gastas tamanha a força colocada na caneta, tamanha a força dos sentimentos que saíam junto com a tinta.
Dizia mais ou menos assim:
“Loira, não sem nem por onde começar. A profusão de sensações e delírios é tamanha que caio nesse clichê de não saber o que dizer. Logo para você que sempre foi um endereço fixo e instigante das minhas paranoias ou mistificações. Logo para você, desde então, sempre logo, um mito. Na minha pouca e banal esfera literária. A mais incrível personagem. Viva. Tomando uma cerveja comigo e ouvindo músicas que eu provavelmente mais amarei nessa minha existência. Já que sou seu amigo louco, direi as palavras que nunca são ditas. Direi as palavras que não deveria dizer. Direi as palavras que adiante poderão te assustar, agora que nossas mentes, simétricas, se encontraram. Talvez tanta intensidade te assuste. Mas eu te garanto que assustado estou eu. E cada segundo que passa vejo aquela banda tocando e a gente conversando uma coisa qualquer. Você que não fuma, pedindo um cigarro. Eu já vivi vinte anos ou mais e acho que isso não aconteceu mais do que vinte vezes, ou bem menos, possíveis vezes na minha vida. Se eu te assusto, sinto muito. Mas prefiro que você me odeie daqui dez dias do que existam palavras que nunca serão ditas. Preciso exorcizar até a última gota de encanto que reste dessa maldita noite. O melhor de todos os tempos da ultima semana. Você pode se perder, se entediar no meio de tantos delírios e tantas palavras de seu amigo, louco. Mas de todas as personagens que nunca escreverei você é a mais digna de carinho. Talvez isso tudo seja sim, um desatino. Mas as mentiras sinceras também me interessam.”
Não consigo terminar de transcrever sem responder.
“Louco, realmente você é. E começo pelo começo, que é o mais certo. E nada, nem palavra alguma poderia descrever aquele frenesi. E nem nessa, nem em qualquer semana, nem qualquer ano, eu poderia comparar o que houve sem nada ter havido. A intensidade me assusta, assim como esse espelho no qual eu me olho e vejo refletida a sua mente. De maldita nada teve a noite, pelo contrário, foi gloriosa e nela ficamos em paz. Espero que você viva, e se sinta vivo tanto quanto eu ao lembrar de você e de nossos encontros literários e afins. E os delírios em que você habita, nada mais é do que os vastos campos floridos e espinhosos do castelo onde eu vivo. Minhas palavras se repetem justamente porque tudo já foi dito. Se não dito, sentido. Espero ler mais um milhão de cartas e ouvir incontáveis boleros que nunca pararão de tocar. Quanto ao convite feito para sair do castelo, ousei aceitar algumas vezes mas você estava escondido demais nos campos e não pude te encontrar. Mas se um dia isso acontecer, eu é que peço para não se assustar e que nunca confunda minha timidez com arrogância dos mortais. Às vezes, posso parecer um bichinho do mato que repele o sorriso e o agrado, mas insista, que eu me amanso e sento ao seu lado.”

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