domingo, 15 de fevereiro de 2009

A qualquer hora


Senti o seu cheiro essa manhã e o meu corpo ardendo em febre. E lá estava ela sentada na poltrona em frente a minha cama, com as pernas cruzadas, era real. Suas mão delicadas estavam uma sobre a outra, em cima do seu joelho . Ela me encarava, com um olhar doce, piscava lentamente e pacientemente abriu sua bolsa, tirou de lá um relógio dourado e fixou seu olhar nele durante alguns segundos.

Ainda assustado, com febre, sentia meus ossos queimarem, minha carne queimar e meu coração batendo lentamente. Com dificuldades toquei com a palma da minha mão o chão frio do quarto, alívio... um pequeno alívio para, pelo menos, uma parte do meu corpo.

Comecei escutar os batuques e o teclado que aumentavam gradativamente. Meu corpo involuntariamente começou a dançar, o prazer da última dança, era isso que ele pedia. E lá estava flutuando lentamente, um alívio para minhas costas, pois o vento invadia a janela e me abraçava. E eu continuei flutuando e dançando lentamente, isso não sabia se era real, mas ela continuava na poltrona me olhando, e eu sentia desnudado com ele (o seu olhar), mas mesmo assim inexplicavelmente ele me confortava.

De repente, de sua bolsa ela puxa um cigarro e com seu isqueiro o acendeu com um estilo que poucos tem. Era tão lindo que o cigarro em sua boca parecia ser algo doce, algum manjar não descoberto pelos homens, pobres mortais.

Ela sorriu para mim e de repente caí novamente na cama. E o vento parou, a febre, a maldita febre, lembrei dela novamente. Depois de alguns minutos não sentia meu corpo e minha força tinha escorrido pelo chão do quarto. A cama parecia estar molhada e minha boca seca. Tudo foi escurecendo, lentamente, como um final de um filme mas sem música, e o olhar dela dizia: “pronto, está finalizado”. E lá se foi, levantou-se da poltrona arrumando sua bolsa, a última coisa que vi.

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