sábado, 19 de novembro de 2011

Querido louco,



Nunca entendi bem porque as cartas começam sempre com “querido”. Procurei num dicionário de sinônimos um jeito melhor de começar, mas percebi que é algo tão clássico que é melhor deixar pra lá. Pois bem, tanto tempo que deixei de te escrever, talvez por não ter obtido respostas das últimas vezes em que te enviei cartas. Lembro-me com saudade nos olhos e no coração das raras vezes em que me materializei na sua existência. Lindos momentos, profusão de sentimentos, faltam palavras. Não só palavras, talvez.
Sei que agora você anda meio distante, meio cabreiro. Gostaria de saber o que se passa na sua mente inconstante de louco. Aliás, talvez aquele louco não seja mais você. Talvez você não seja mais aquele louco. Abandonou todas as suas fontes de juventude e tem se tornado velho. Pelo menos ainda escreve? Cartas eu sei que não. O cigarro, o vinho, a boa cerveja. Não. Nada de loiras. Nada de álcool. Ouvi dizer até que irá escrever um livro.
Tenho ouvido tanto de você! Mas nada por você. Infelizmente? Não sei. Me responda se puder. Ouvi também que está apaixonado e mudou-se para aquele lugar que sempre quis me mostrar, tão tão distante que nem consegui encontrar você.
Diante de todas as notícias que recebi, e da possibilidade de receber tantas outras contidas em cartas que não li, resolvi te escrever de novo. Como desejo nenhum é modesto, só queria que não se esquecesse de mim. Muita pretensão da minha parte depois de tantas e-storias contadas por loucos mais loucos que você era, ouvida por tantos outros. Tantos cúmplices de uma lenda, de um conto, de algo que nunca aconteceu realmente. Apenas conto. Apenas li. Quase acredito que vivi.
Mas, diante do fato de que toda felicidade surge de um pequeno engano, prefiro estar no mundo e não perder a viagem. Gosto mais de acreditar que nada passou de um conto. Uma dessas viagens malucas num mundo de fadinhas e gnomos verdes. Não sou dada a coitadismos, e acho que você também não. Escrevo também para tentar reduzir a distância. Para diminuir o tédio. Para acender... as notícias do jornhaw.
Eu, como criatura fantástica e egoísta, escrevo e peço notícias. Apareça por aqui assim que puder.

Ass.: Loira

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