quinta-feira, 17 de junho de 2010

Bisavô


Pulou para a morte de peito aberto e braços esticados. Sem medo do porvir. Como um louco pula do penhasco e sente seu rosto cortar o vento, como uma águia em uma rasante, os olhos fixos na presa. Foi assim que se entregou a morte. Negro, 93 anos, olhos claros, esbanjava saúde, mas não alegria. Morreu quem ele amava, vivia aonde não queria e em suas costas pesava o tempo de uma longa vida. A poesia já não brotava de sua boca como nos bons tempos, os bons livros se perderam entre as traças.
Assim se foi: negro, 93 anos, olhos claros e esbanjando saúde.

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