quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Café com leite

Ontem , estava eu a aguardar minha amada primeira dama quando resolvi ir à Saraiva. Não que ela (minha patroa) tivesse se atrasado, eu que cheguei antes do horário combinado. Isso não importa. O que interessa é que fui até a renomada livraria.
Entrei, e como não iria comprar nada, tratei logo de achar um bom livro e entreter-me. Peguei um de Veríssimo, o filho, um dos meus preferidos. Orgias, acho. É, o livro. Pareceu-me interessante. Acomodei-me numa daquelas cadeirinhas canelas secas, daquelas de girar que mal suportam o peso do Monta's. Distraído eu com a leitura, daí que surge um velhinho de uns 85 anos e se senta ao meu lado. Simpático que ele só, chapeuzinho, todo pimposo e começa a puxar conversa.
- Você gosta de crônicas? Pergunta o ancião.
- Sim. Jovem bem educado que sou, respondi apenas isso.
- Permita-me relatar-te uma passagem que Chico Anysio me contou pessoalmente?
- Sim, claro. (Devia ser uma boa história, ainda mais vinda de Tio Chico).
- Pois bem. Diz que lá onde Judas perdeu as botinas, no Ceará ou no Pernambuco, naquelas bandas que se tu gritar "Raimundo Nonato" todo mundo sai na janela, tinha um coronel, daqueles típicos pais de moça pura e casta, que apesar da aparência, era um fanfarrão. Era um grande brincalhão, como o Léo diz. Numa daquelas festas de interior que se deu o fato. Esse Coronel, Coronel Leno, o sujeito, conta a um compadre:
- Compadre Jaciel, o senhor admira que eu tenho um gato, de nome Maradona, que minha empregada Reinalva coloca o café e o leite na cumbuca e ele vai lá e toma só o leite e deixa o café na cuia?
- Rá, mas o que é isso compadre. Com todo o respeito, mas eu não sou bobo não. De bobo só tenho a cara e o andado. Essa eu pago pra ver.
- Paga mesmo? Quanto?
- Casamos 500 pratas, Coronel.
- Feito, Compadre. Dispõe-se a ver isso agora mesmo?
- Sim, sim.
E vão os dois à casa do Coronel, ver o tal gato Maradona que separa o leite do café. E ordena o Coronel:
- Reinalva, põe o leite com café do Maradona na cuia que o compadre aqui quer ver.
Reinalva era uma gordona, quase igual o Maradona (o jogador, não o gato), negra, uma Tia Nastácia.
- O leite e o café estão na tigela já, patrão. Pode chamar o bichano.
- Maradona, Maradona, vem cá, vem.
E aparece o tal gato, mais feio que coice nas partes, separar o leite do café. O senhor que está lendo isso aqui, vai espantar-se, mas não é de ver que o gato bebeu o leite e deixou o café? Os grãos de café!
Quando o compadre Jaciel iria reclamar, falar que era nócegagem, o Coronel tratou de tirar a peixeira da cinta, e erguendo-a, disse a Reinalva:
- Reinalva, recolhe o café aí e recebe quinhentinho, que eu vou procurar outro goiano pra cair nessa.
E o simpático velho da Saraiva (lembra-se dele?) riu e foi-se embora. Malandro o velho. Por hoje é só. Semana que vem volto ao normal, com dicas e tudo mais. Neta. Muito. Forte abraço e até a próxima "Segunda na Terça". Rá!

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