segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Premiata Forneria Marconi - "Storia di Un Minuto"


Pra quem tem a Itália somente como a terra da pizza, eis aqui uma novidade: há muito mais coisas vindas de dentro daqueles fornos do que se imagina. Iguarias ímpares, que exigem um paladar refinado e degustação minuciosa. Quem aprecia isso tudo tem que conferir os pratos dos “chefs” do Premiata Forneria Marconi, em especial, a receita que enche de saliva a boca de qualquer amante da cozinha italiana, “Storia di Um Minuto”.

Deixando de lado as alegorias culinárias, meu intento de hoje é compartilhar com vocês, amigos internautas, essa maravilha, trazida a nós diretamente de Milão, Itália. Trata-se, realmente, de um dos baluartes do Rock Progressivo do país e do mundo – sim, a Itália foi um grande celeiro do movimento na década de 70 – sendo extremamente respeitada e admirada.

O disco, lançado em – adivinha? – 1972, possui delicadeza melódica e harmônica raramente apresentadas por bandas vindas daquelas bandas – com o perdão do trocadilho – e beleza encantadora, além dos arranjos requintadíssimos e de extremo bom gosto.

“Introduzione” já dá, nos seus 01min10seg de duração, uma amostra do que está por vir. Apesar de ser uma faixa introdutória de tão curto fôlego, trata-se de um belo momento do álbum, apresentando dinâmica e variação rítmica.

Reverenciada e aplaudida de pé por todo fã que se preze, “Impressioni di Settembre” é um dos clássicos absolutos do conjunto, ocupando, sem sombra de dúvidas, posição de grande destaque na obra. Possui melodia e arranjos delicados e belos, com os vocais singelos de Franco Mussida, até explodir em seu riff de sintetizadores tão conhecido e aclamado. Tal riff, o ponto central da canção, é de uma força extraordinária, ao mesmo tempo doce e raivoso.

Após o término de tão emblemática peça, é hora de dançar ao som da tarantella roqueira “É Festa”, outro clássico obrigatório em qualquer show do Premiata. A faixa é simplesmente – se é que eu posso usar a palavra “simples” quando se trata desse álbum – uma síntese do espírito italiano contido no Prog Rock produzido nesse fértil país. Grande obra, realmente, abundante em quebra de ritmos e melodias animadas, que causarão uma inquietação em suas pernas! Tudo revestido, claro, pelos arranjos excepcionais e a qualidade técnica de cada um dos integrantes da banda.

Depois de tanto quebra-pau, “Dove... Quando... (Parte I)” chega, de mansinho, envolvendo-nos com sua delicadeza e encanto irresistíveis. Sua melodia, violões e flautas, etéreos, transportam-nos diretamente a um vale escuro e incrivelmente belo e acolhedor, oferecendo-nos repouso.

Bem mais agressiva e erudita, “Dove... Quando... (Parte II)”, possui um soberbo trecho tocado ao piano, posteriormente acompanhado por uma banda furiosa e afiadíssima, cheia de sincronias muito bem executadas. A canção transforma-se em um plácido momento executado por um suposto violoncelo, emulado pelos belos sintetizadores que se faziam antigamente. Após esse momento de placidez, somos convidados a apreciar uma passagem bastante jazzística, em que a flauta de Mauro Pagani brinca com os teclados de Flavio Premoli.

Interrompe-se tudo para dar passagem a “La Carrozza di Hans”, outro momento chave da obra. É tão grande o número de clássicos no álbum que o mesmo mais parece uma compilação. Mas é claro que uma coletânea não possuiria tamanha coesão, presente apenas em um álbum tão bem estruturado, formando uma obra realmente equilibrada, em que tudo faz sentido. Merece destaque o violino de Pagani, além do desempenho fenomenal de todo o conjunto, executando complexas sincronias entre todos os instrumentos. É muito interessante observar a habilidade da banda ao reproduzir tais malabarismos sonoros no palco, apresentando um trabalho impecável (conferir o “PFM Live in Japan 2005”, cujo vídeo está disponível em sites como YouTube e Google Video).

Fechando tudo, “Grazie Davvero” dá os agradecimentos finais com sua suave melodia inicial, que explode com um impactante riff – bastante circense, a meu ver – em que a banda utiliza-se de metais. A música segue como um espetáculo de picadeiro, de maneira bem pomposa, voltando, posteriormente, à melodia inicial, a que se juntam os vigorosos metais.

Assim termina essa história de vários minutos sensacionais e inspirados, dignos de uma atenção muito especial e, em conseqüência, grande admiração. Se o Rock, aqui, não pode adquirir o status de arte, então eu não sei o que pode. E tenho dito.

0 comentários:

  © Blogger template 'Perfection' by Ourblogtemplates.com 2008

Back to TOP