segunda-feira, 12 de janeiro de 2009


Hoje eu resolvi valorizar o produto nacional. Nada de bandas gringas setentistas, mas sim, um grupo brazuca que gravou, já na segunda metade da década de 90, um dos álbuns mais importantes e representativos da minha vida: os Titãs. O álbum é o Acústico MTV. Já vou avisando aos amados leitores que esta resenha trará consigo alto grau de romantismo e pessoalidade, mas, podem ter certeza, muita honestidade também.

Em minha opinião, a série Acústico MTV, uma verdadeira máquina de hits e grana, nunca produziu uma obra de tamanha qualidade e distinção – isto é, em âmbito nacional. Eu me lembro de sempre dizer: “nem os Engenheiros do Hawaii fariam um acústico tão bom”. Dito e feito. Ao contrário do popzinho 4/4 do acústico da banda gaúcha, os Titãs realmente produziram algo fino, acompanhados por uma equipe de peso, contando com arranjos fabulosos e produção esmerada. Aliás, com Marcelo Martins, Jacques Morelembaum – ex-A Barca do Sol – e Liminha – ex-Mutantes – por trás dos arranjos é covardia, né?!

O show causou grande curiosidade entre os fãs e os diversos músicos e outros artistas brasileiros. Afinal, os Titãs eram sinônimo de barulho e irreverência, sendo difícil imagina-los em banquinhos de madeira, dedilhando violões. Aliás, “violões” não era uma palavra nada comum no vocabulário da banda, que sempre teve preferência pelas guitarras destorcidas.

Como o disco possui 22 faixas, não discorrerei longamente sobre os detalhes de cada canção, dando apenas uma visão panorâmica do disco. É claro que as melhores canções merecem maior destaque.

O disco começa muito bem com “Comida”, revestida com um arranjo que, a meu ver, foi puxado do Ray Charles. Fito Paez faz sua contribuição em “Go Back”, outro excelente momento do álbum. Em canções como “Os Cegos do Castelo”; “Nem 5 Minutos Guardados”, uma das mais belas do set list; “Flores”, com participação de Marisa Monte; “Palavras”; “A Melhor Forma”; e “Não Vou Lutar”, a mini-orquestra adiciona às belas melodias um requinte simplesmente irresistível. O bom gosto e a delicadeza dos arranjos de metais, madeiras e, principalmente, cordas, são de arrepiar. São grandes o prazer e a nostalgia que sinto ao escutar tais canções, que foram trilha sonora de uma maravilhosa fase da minha vida.

Merecem menção também a mórbida “O Pulso”, com os vocais do titã desertor Arnaldo Antunes; a descontraída “Família”; “Marvin” e toda sua melancolia; e “Televisão”, um divertidíssimo Blues em que Rita Lee acompanha os marmanjos.

Nem tudo, porém, são flores. Com todo o respeito a Jimmy Cliff, “Querem Meu Sangue” não me é muito agradável aos ouvidos, assim como “Homem Primata” – talvez devido à minha implicância com o Ska. Esses tropeços – digo, tropeços na minha humilde opinião, é claro – não comprometem em nada o álbum, que contém infinitamente mais pontos positivos que negativos.

Como é de praxe, aqui vão minhas considerações sobre o visual do disco. Os tons de marrom dão um caráter rústico de muito bom gosto ao álbum, provocando uma sensação gostosa. Eu, particularmente, sou fã de cores escuras e frias, presentes tanto no encarte do CD quanto no cenário do show. E que cenário! Teatralidade e drama estão contidos nos prédios e nuvens colocados ao fundo do palco, dando o clima sob medida ao espetáculo. Aliás, tudo aqui foi feito na medida certa. A MTV, dessa vez, acertou na mosca... E os Titãs também, é claro!

1 comentários:

Plínio Lopes. 12 de janeiro de 2009 às 14:46  

um cd que me marcou profundamente também.

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