quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Um desabafo nada original

Dia 10/11: fui assaltada voltando do trabalho. Desci do ônibus e atravessei a rua, nesse exato momento dois pivetes levaram minha bolsa recheada. Carteira, dinheiro, cartão de crédito, documentos, chaves, etc. Mas podem ficar calmos porque eu não vou narrar minha experiência, nem falar sobre a vida pregressa dos pivetes, muito menos do crescimento da violência urbana e de como isso é assustador, até porque se eu fosse fazer dessa história algo triste e emocionante, eu teria que dramatizar muito. Violência é um tema que não comove mais e é esse o problema. Eles simplesmente levaram minha bolsa, não me machucaram, não fizeram nada comigo, devo agradecer por isso. Foi o que todos disseram.
No tempo de Renato Russo a violência poderia até ser fascinante. Fins da década de oitenta, início da década de noventa, obviamente já havia violência, mas não como hoje. Nesse período o Brasil passava por uma inflação sem precedentes e um crescimento econômico desordenado em decorrência da baderna que os militares fizeram, o que acabou influenciando o comportamento das pessoas. Com o crescimento houve migrações; pessoas vinham a todo momento de estados em maior dificuldade para tentar a vida nos estados mais desenvolvidos, e se deparavam com crise, crise em todos os lugares. Essa história todo mundo conhece: surgiram favelas nas grandes cidades, e com isso a violência só aumentou. Não há mais fascínio porque não há mais novidade. Não há nada de novo no que se vê hoje, exceto seu poder de disseminação. Não há o que se inventar em matéria de tortura, furtos, agressões, mas há o que se inventar ou reciclar em matéria de repressão. Os policiais, sem nunca terem lido Hobbes, sabem que o homem é lobo do próprio homem e sem nunca terem lido Rousseau dizem que a sociedade corrompe o indivíduo e o sistema favorece ao marginal. Com o perdão da pobre e crua expressão, é o caralho. A sociedade não corrompe e a polícia falha sim. A única coisa que é certa, é que o homem é de fato, o algoz. E o favorecido é o mais forte e o mais esperto. Em tudo é assim, em toda nossa vida, em todos os lugares. Mas o destino desse marginal já é conhecido. Ele não vai pra cadeia, porque a polícia está preocupada demais em fazer greve e a legislação está preocupada demais com os direitos humanos para se preocupar com esses semi-humanos ladrões de dignidade. Eles vão ser mortos por seus superiores. Porque vão transgredir alguma regra da legislação especial que regem suas vidas, não vão vender bagulho suficiente, vão roubar uma bolsa sem dinheiro ou vão se meter em alguma merda. Seleção natural foi o nome que Darwin deu à mesma coisa que Hobbes trata em Leviatã. A força e a superioridade daquele que nasce pra comandar.
Mas em uma coisa Renato acertou, amar ao próximo é muito demodê. Eu diria mais. Respeitar o próximo é muito demodê. E é interessante porque essa galera tarada por direitos humanos na verdade não pensa em respeito e amor ao próximo. Deve-se falar em direitos humanos quando a questão envolve um filho da mãe que rouba, mata, estupra e leva embora a dignidade de outra pessoa, inocente, trabalhadora que ganha a vida de modo honesto? Outro absurdo é a maioridade penal ser 18 anos. Desde 1940 a maioridade penal é 18 anos. Eu não preciso me estender falando sobre a mudança ideológica ocorrida nesses quarenta e tantos anos. Francamente, está tudo errado.
Direitos humanos devia servir para quem é humano, a polícia deveria se organizar melhor, se dividir melhor, ter um melhor planejamento e evitar greves; e a legislação deveria favorecer às pessoas de bem e tratar os desiguais à medida que se desigualam, relativizando até mesmo os tratados internacionais.
Me cabe mais um desabafo. Eu espero, que um dia, nós, sejamos grandes o suficiente pra não precisar agradecer quando alguém simplesmente roubar algo nosso. Que sejamos grandes o suficiente pra poder reaver tudo que perdemos, não só o dinheiro e o sono roubado; que um dia não precisemos passar por nenhum tipo de furto. Que um dia a polícia faça alguma coisa de eficiente, que a legislação seja menos inócua, menos anacrônica e viva, exista e surta efeito em tempo real. Enquanto nós tivermos esse pensamento pequeno e inferior de agradecer por simplesmente termos sido roubados, muita coisa será tirado da gente. Que um dia não ouçamos um policial dizer que não adianta, que o bandido corre muito e ninguém pega. Que a lei mude, que o policial se qualifique e que nós, que nós cresçamos, tomemos atitude e tenhamos vontade suficiente pra mudar o que não nos satisfaz ao invés de reclamar e botar a culpa nos outros.



em off: feliz estou de fazer parte desse um ano, temos que beber uma por isso!!! Amanhã, pode ser? ;D

5 comentários:

Yuri Montanini 18 de novembro de 2009 às 20:46  

Pois bem. Atendi um mol de ligações telefônicas essa madrugada. Imprensa e aquela encheção de saco. Por que? Por que um oficial comandando por minah progenitora matou um jovem infrator. Sim, o do quartel. Aí vem a desgraça dos direitos humanos encher o saco e falar que 'Aaaaaaaai, não podia ter feito isso e...' Enfim, não tô falando que ta certo. Mas que concordo com a parte dos direitos humanos de se preocuparem com quem é humano mesmo. Um cara que aos 16 anos já conseguiu a façanha de mandar dois pro inferno, traficar, bater na mãe e ameaçar a avó, sinceramente... Meus parabéns a quem matou. E... Fui assaltado ontem. Três pivetes com UMA faquinha. Corri, não entreguei absolutamente nada. E viram um senhor barbudo filho de italianos com uma pistola 380 na mão. Correram também. Como diria o locutor esportivo Januário de Oliveira, 'Cruel, muito cruel!'. Sou suspeito pra falar, mas... EU ACREDITO NA PMGO.

Isabella Lemes 18 de novembro de 2009 às 22:36  

Na pm, eu até acredito pq aquele povo tem nojo de bandido... mas na policia civil, sinceramente, eu não tenho fé nenhuma...
a pm conseguiu encontrar meus documentos, já tá bom para o momento... mas eu não consegui fazer um simples boletim de ocorrencia, pq a policia civil estava de greve. É um assunto no mínimo complicado, cada um quer defender o seu, eu só quero ainda descobrir uma outra forma de rebeldia que não a greve pq uma greve afeta pessoas q nada tem a ver com a má remuneração

Yuri Montanini 19 de novembro de 2009 às 13:30  

Eles vão se ferrar com a greve. O dono da verba mandou cortar o ponto deles já. Sem grana, sem leite pras crianças.

isalemes 19 de novembro de 2009 às 19:08  

Fiquei sabendo disso mesmo...
=]

Rafael Rabelo 21 de novembro de 2009 às 16:55  

Direitos Humanos?

"De tudo que é humano, nada me é estranho."

  © Blogger template 'Perfection' by Ourblogtemplates.com 2008

Back to TOP