sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Um filho e um cachorro




Goiânia 2018,



Despertador. Música 'Vejo Tudo', novo sucesso dos Engenheiros do Hawaii na formação GLM. Gessinger, Leindecker e Maltz. Dia frio na capital. Café. Cigarro. Dunhill. O antigo Carlton. Do meu celular, abro minha caixa de e-mails. Um do Plínio Lopes, meu amigo dos tempos de faculdade. Maluco ele. Tá lá na Inglaterra, cobrindo a Copa. Minha esposa está grávida. De novo. Não pude ir.

Ele me conta como é o ar de Liverpool, as cervejas, os cigarros, as pessoas. Me fala de como Alexandre Pato é um cara humilde e exerce uma liderança ensinando os mais jovens. Neymar está contundido, fora da estreia contra a Bélgica. Me pergunta ainda a quantas anda o processo separatista da República Farroupilha, que finalmente vai sair do papel. Pedro Malta está lá, pela Veja. E me conta dos seus problemas amorosos. De seu encontro.

É incrível como dez anos se passaram e a velocidade em que as coisas mudaram. Dez anos atrás eu postava aqui frequentemente. Hoje em dia, posto uma vez por mês e olhe lá. Sou pai de um filho, tenho um fox terrier que se chama Gil. Me casei durante a Copa de 2014 e perdi a final. Não vi o acesso do Vila por causa de uma dengue. Meu filho nasceu em 2015 e não vi a final da Copa do Brasil entre Goiás e Portuguesa. Vida medíocre, classe média pequena burguesa urbana. Eu vivo uma vida classe média pequena burguesa urbana.

Telefone toca. Luís Gustavo, o Negão. Seguro do meu carro é com ele. Carro do ano, apartamento no Bueno. Mas ainda me falta alguma coisa, sabe? Engrosso o coro dos contentes, me contento em ser banal. Sento no sofá da sala e puxo um cinzeiro, presente do Rafael Rabelo, lá da Placar. Acendo um cigarro. Ouço meu filho chorar. Vou ver o que é. Paro de frente o espelho e vejo uma barba que há dez anos era sonho. E ela tem fios brancos. E sabe qual é a utilidade dela? Nenhuma. Me sinto como num comercial de margarina. Me chamam de tio no elevador.

'Meu bem, vou sair. Me espere que eu volto pro almoço.' Vejo tudo claramente, com meus óculos de grau. A realidade cor-de-rosa fica embaçada. Uma vontade de pular daqui de cima. Despedir o meu patrão. Pagar por minha felicidade. E era o Plínio que se considerava medíocre dez anos atrás. Vontade de sumir e quando voltar ver meu guri formado. Mas não posso. Preciso viver esses quinze minutos de eternidade.

Porque a vida não é uma história em quadrinhos.

3 comentários:

Plínio Lopes. 27 de novembro de 2009 às 18:28  

muito legal hsuahsauhusa,


valeu pela continuidade ;D

Nanda Palmerston 28 de novembro de 2009 às 20:37  

Adoro textos futuristas, rs. Adoro seus textos. Gostei do nome do seu cachorro. Me parece familiar, sabe.
Eu já acho que você irá sim cobrir a Copa junto com o Plínio. Você dará um jeitinho. rs

^^

Pedro Henrique Malta Martins 6 de dezembro de 2009 às 11:30  

veja de ru é côla.
;)

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