sábado, 21 de novembro de 2009

Insônia.



Fico olhando o centro pela madrugada. De todo o movimento do dia restam apenas alguns latidos secos ecoando e alguns mendigos dormindo num raio de 500 metros. Nos prédios algumas janelas acesas. Fico pensando em um cara como eu ou como você, sentado no sofá de cueca assistindo um filme bem ruim na rede globo. Ou em alguma garota linda solitária ouvindo Beethoven com indescritível solidão assistindo o cair da madrugada.

Do meu lado um casa vazia provavelmente construída nos anos 40, 50. Fico imaginando toda a história daquela casa, quantos garotos cresceram brincando em uma avenida sequer asfaltada e viraram adolescentes naquela mesma casa. Hoje vazia e a venda para se tornar mais um comércio. Penso também aonde estão todas as pessoas que passam ali durante o dia. Dormindo com a pessoa amada em algum periferia sequer asfaltada fazendo amor em silêncio pois os filhos dormem no chão ao lado.

Sinto uma sensação muito ruim que insiste em não ir embora desde que a adolescência chegou. È cruel, quando eu penso ter melhorado ela volta. Queria entender. Falta tesão. Um vazio que consome e corrói e uma grande sensação de solidão potencializada pelas realizações medíocres de uma vida que passa rápido. Tão rápido quanto o cigarro que eu acendo. Queria parar de fumar. Mas a vida passa tão rápido quanto o fogo desse cigarro.

Esses dias pra trás me divertia assistindo o Palmeiras de Luiz Felipe Scolari na televisão. Depois, pouco depois vi meu time ser campeão da série B. E hoje numa dessas ironias da vida passa o jogo no Canal PFC e me senti velho. Perceber que tudo está tão diferente. Os jovens já são velhos e os velhos não jogam mais. E me lembro que já tenho 21 anos que passaram tão rápido quanto meu cigarro se vai. Mais um cigarro. Mais um dia. Mais um louco pede troco na esquina.

Essa rotina que consome e me incomoda. Faço de minhas as palavras de Che em diários de motocicleta. Não quero ser o velho de roupas esquisitas filho de imigrantes com um jornal embaixo do braço voltando da banca no Moema muito menos o velho sentado sozinho dia após dias na porta de sua casa.

Mas infelizmente a mediocridade é a minha sina: “ To sempre escrevendo cartas que nunca vou mandar. As vezes não entendo minha própria letra e minha própria caneta me trai” O mundo já tem os heróis que precisa.
E não faço nada para ser especial. Nada além de ser um grande clichê,mas se é pra ser clichê, não sou nada mesmo e nunca serei. Mas a parte disso tenho em mim todos os sonhos do mundo.

3 comentários:

isalemes 21 de novembro de 2009 às 16:35  

É... o mundo já tem os herois que precisa... não temos muito o que fazer por aqui!
Um grande abraço, Plínio, tô te devendo uma cerveja!!!
como sempre, eu adorei seu texto =]

Rafael Rabelo 21 de novembro de 2009 às 17:15  

Belo Palmeiras de 99: Marcos, Arce, Alex, Oséas, Paulo Nunes, Evair, Euller...Felipão! Campeão da Libertadores! Esse time me fez torcer pro Palestra!

Porém, como você disse o tempo passa...no mesmo ano o nosso time foi campeão da série B de 99: Harlei, Alvaro, Josué, Fernandão, Dill e Araujo! E posso dizer que se assim não fosse, hoje estaria vendo os jogos do Palmeiras com o Valdívia!

As vezes é bom que o tempo passe. Ainda bem que passa. "Como passa as vontades, que voltam outro dia." Só o que não passou foram os goleiros! huauhauhauhauha

Outra coisa, essa "angústia" não é só sua...

Muito Bom Cabeça! ;)

Yuri Montanini 22 de novembro de 2009 às 11:24  

Ainda bem que o tempo passa.

'Eu não sou besta pra tirar onda de herói
Sou vacinado, eu sou cowboy
Cowboy fora da lei
Durango Kid só existe no gibi
E quem quiser que fique aqui
Entrar pra historia é com vocês!'

Outra coisa, essa "angústia" não é só sua...[2]

Bom texto,

;*

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