terça-feira, 24 de novembro de 2009

Pessoa, Fernando A



Autopsicografia

O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é
dor.
A dor que deveras sente.

E os que lêem o que
escreve,
Na dor lida sentem bem,

Não as duas que ele teve,
Mas só as que ele não têm.

E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse camboio de corda
Que se chama coração.

Fernando Pessoa

Isto


Dizem que finjo ou minto
Tudo que escrevo. Não.
Eu simplesmente sinto

Com a imaginação.
Não uso o coração.

Tudo o que sonho ou passo,
O que me falha ou finda,
É como que um terraço
Sobre outra coisa ainda.
Essa coisa é que é linda.

Por isso escrevo em meio
Do que não está ao pé.
Livre do meu enleio,
Sério do que não é.
Sentir? Sinta quem lê!

Fernando Pessoa


E para aqueles que acreditarem estar diante de alguém que não sabia o que fazia ou quem era:

"A vida de todo ser humano é um caminho em direção a si mesmo, a tentativa de um caminho, o seguir de um simples rastro. Homem algum chegou a ser completamente ele mesmo; mas todos aspiram a sê-lo, obscuramente alguns, outros mais claramente, cada qual como pode”
[Do escritor alemão Hermann Hesse (1877 – 1962)].

Hoje resolvi exaltar este cara que eu considero fantástico! Escolhi meus dois poemas preferidos, que têm muita vazão e postei para compartilhar com a galera num momento mais literário.

Não sei se agrada, e se todos concordam, mas para mim a pessoa do Fernando Pessoa é "do caralho"!!! Pra quem gosta, eu sei que entende o uso da expressão! É isso..

Boa semana pra geral!! Até a próxima!!! beijos

2 comentários:

Plínio Lopes. 25 de novembro de 2009 às 12:45  

nossa!

o meu predileto!

o cara era um gênio absoluto e incontestável,


é do caralho mesmo, sem palavras...

Yuri Montanini 25 de novembro de 2009 às 21:29  

Gênio incontestável, realmente.

Ricardo Reis, Álvaro de Campos, Alberto Caeiro...

É incrível como ele conseguiu criar 'pessoas' tão 'humanas'.

Sensacional.

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