sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Escrevinhar


Bem, bem, bem. O blog já está para lá de descabaçado. Somos todos participantes da tal blogosfera, e sabe o que isso significa? Nada. Portanto, sigo as escrevinhações com um dos raros textos que consegui terminar:

A Morte

Estava ele sentado em uma cadeira não tão velha quanto a mesa de madeira que seus avós ganharam quando se casaram, nela batia os dedos um após o outro, impacientemente. A ansiedade tomava conta do seu corpo, os seus músculos estavam fracos e os seus ossos pesavam como nunca. Estava com mesma sensação que teve quando o Brasil disputou a final da Copa de 94, aquele frio na barriga e o tempo passando lentamente. Encostou o lado direito do seu rosto naquela mesa fria, como era boa essa sensação, despertava uma leve euforia dentro do seu corpo baleado por um misto de emoções. Nesse momento formou-se o esboço de um sorriso em seu rosto que ostentava uma expressão melancólica já fazia algum tempo.
Ouviu o ruído da fechadura do quarto de sua avó ao abrir. E enquanto o doutor que saia de dentro do quarto lentamente e com um olhar triste fechava a porta, K, esse era seu nome, fechava os olhos e respirava fundo como se fosse a última vez. Ainda meio zonzo de tanto ar levantou, firmou o braço direito na mesa até o doutor chegar até ele.
- K, infelizmente ela... – dizia o doutor, como se tivesse um nó na garganta. Foi quando K o interrompeu: - Não acredito! - com os olhos brotando algumas lágrimas.
- Sim, ela está viva!
- Como pode, doutor?! Ela já está com 85 anos! – replicava K, num tom de desespero.
- Eu sei disso, não é algo normal, mas... – nesse momento o médico, que também era amigo da família, ficou sem palavras, e sentia aquele nó na garganta aumentar.
- E como ela está? - perguntou K, fechando os olhos na tentativa de não deixar as lágrimas escaparem dos olhos e escorrerem pelo seu rosto.
- Amargurada por ainda estar respirando. Você sabe, ela acreditava que desta vez...
- É! - interrompia K o médico antes que ele conseguisse completar a frase. – Eu...eu sei.
Eles ficaram ali olhando para o céu acinzentado por alguns minutos. Então o doutor seguiu para sua casa. E K seguiu para sua vida. Enquanto sua avó seguia esperando a morte, que parecia querê-la como um enófilo degusta o vinho.

2 comentários:

Pedro Henrique Malta Martins 22 de novembro de 2008 às 12:21  

em dado momento imaginei que estava falando da sogra

sahashsauhsa

André Safadi 24 de março de 2010 às 20:25  

Essa história vai virar cinema...

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