sábado, 5 de dezembro de 2009

A prostituta assassina.


Uma vez quando eu tinha por volta de uns 20 e poucos anos fui no Mato Grosso comprar um gado pro meu pai. Cheguei na cidade com a minha caminhonete suja emplacada de Goiás, chapéu na cabeça e um 38 na cintura. Antes de mais nada parei na primeira praça e perguntei pra um velho caboclo aonde que era o melhor puteiro da cidade. Fui no dito puteiro, paguei as melhores pra todos os meus companheiros e cachaça a vontade pra todo mundo encher a cara. Enquanto todos se divertiam embrigados eu apenas ficava sentado na frente da máquina de música fumando meu palheiro e ouvindo meu modão enquanto a peãozada fazia a farra.

No outro dia bem cedo fomos buscar o gado na fazenda e o dono da fazenda que tinha fama de ser o dono da região, me chamou pra entrar e tomar um café visto moço de família que eu era. Sabe como é, gente como não se faz mais hoje em dia. Me apresentou suas 3 filhas e sua esposa. A mais velho tinha 20 e poucos anos e tinha acabado de voltar pra roça daonde tinha saído novinha pra estudar na cidade. Falava não sei quantas línguas e tinha lido todos aqueles livros e ouvia aquela música daquele povo que eu não sabia o nome. Fiquei impressionado. Rapaz do céu, nunca tinha visto um trem bonito daqueles.

Não me deixando espantar pela fama de brabo do pai dela, visto que eu não tinha medo de nada que respirasse nesse mundo e que meu revólver não pudesse furar fiquei mais uma semana na cidade e mandei um peão avisar a moça que na sexta feira quando o pai dela viesse pra cidade ter com a sua amante eu ia entrar na casa dele e levar ela comigo. Recado dado. Sexta feira chegou e no silêncio da madrugada chego na porta da casa da moça e ela já na porta me esperando de mala e cuia. Do mesmo jeito que chegamos saímos da cidade eu e a peãozada e as vacas todas encaminhas pra Goiás.

Assim que cheguei a desgraça chegou na frente e meu pai vem possuído de raiva falando pra eu devolver a moça antes que o pai dela viesse buscar ela na bala, que pela boa fama da minha família ainda não tinha feito. Então eu pego no meu revólver e falo, só levam ela se me levar morto junto. Então meu pai sem outra opção toma o meu lado. O casamento segue sem a benção da família da moça e construímos uma casa na nossa fazenda. A pele branca dela com a minha pele queimada do sol. O seu perfume da cidade e o cheiro do meu palheiro.

Não tem remédio melhor nesse mundo que o tempo rapaz. Não é que no final das contas a família dela acabou aceitando e de vez em quando até escrever a mãe dela escreve. Mas o pai dela nunca mais ligou nem deu sinal. Ô velho ruim da desgraça. Coração mais seco que pau velho. Acabou morrendo sem nunca mais falar que a filha, com esse desgosto pra eternidade. Criamos ali nosso filhos e fui engordando as vacas que meu pai ia me dando e com o tempo já tinha meu rebanho. Tinha um filha linda igual a mãe e no dia de aniversário de 13 anos dela fizemos uma churrascada pra peãozada e um peão bêbado deu a se engraçar com ela e ali mesmo fiz questar de dar uma surra no caboclo. Filha minha não era pra qualquer peão não.

Mandei ela pra cidade aonde ela cresceu e estudou feito a mãe. E ela voltou pra roça. Assim que ela voltou um rapaz do Tocantins veio assuntar uns negócios comigo, veio uma, duas, três vezes. Comecei a estranhar a repentina amizade do sujeito. E não é que um dia pego ele de conversa fiada com minha menina. E já falou pra ele na frente dela; Escuta aqui rapaz, já vô logo te avisando que minha filha não é pra um merdinha igual você não e se duvida te boto provo na bala vagabundo.

O rapaz calado humildemente pediu desculpa, tirou o chapéu e simplesmente saiu. Minha filha também calada se retirou para seu quarto. E eu fui dormir. Chegou a notícia pra mim que um peão meu tinha levado um tiro numa briga de bar na cidade e fui lá socorrer o coitado. Chego de volta na fazenda horas depois e minha mulher chorando na porteira que a menina dela tinha ido embora fugida com o peão desaforado, que entrou na casa na frente dela e levou minha filha, que não teve coragem de olhar na cara da mãe. Então jurei pra Deus e pro Diabo que nem que fosse no inferno no pé do capeta buscaria o filho de uma puta e mataria ele.

Dito e feito por quase um ano eu e meus peões de mais confiança buscamos o maldito e fomos achar ele amuado com a minha filha em um ranchinho de beira de rio lá perto do Rio dos Bois. E isso só foi possível porque um peão entregou o paradeiro deles sabendo da cabeça a prêmio. Assim que cheguei não me fiz de rogado e nem causei efeito algum. Sem pensar duas vezes e sem olhar na cara de minha filha já meti um, dois, três, quatro e mais tiros no peito do caboclo. Antes mesmo que ele pudesse dizer alguma coisa. Peguei minha filha pros cabelos sem olhar na cara dela e levei ela de arrasto de volta pra nossa terra. Passado uns meses o pai do moço mandou uns peões e recebemos eles na bala também. E fui no Tocantins e matei o velho.

E não é que a menina tava grávida? E uma noite quando tava com uma barriga duns 5 meses fugiu na calada da noite. Com um peão velho da fazenda. Se passaram um ano, dois, três, Dez e ela nunca voltou. Com o tempo minha mulher que nunca renovou seu desgosto da perda da filha e se cansou das minhas putarias voltou pra fazenda da família enquanto minhas outras duas filhas voltaram pra capital. Estava sozinho. E um dia comprando gado lá pro Norte do Mato Grosso fui levar a peãozada para a putaiada de costume e cachaça e encontro o maldito do peão que fugiu com a minha filha. E mais manso que era devido ao tempo passado lhe pergunto apenas se ele sabia dela, ele disse que ela teve uma filha, que morreu ainda criança picada de cobra no pasto.

E ele acabou largando dela e a última notícia que tinha é que ela tinha virado puta e tava pras bandas de Rondônia. E fui lá procurar ela. Velho já sentado com meu chapéu fumando meu palheiro a achei, saindo de um quarto semi nua fumando um cigarro com um peão cheirando cachaça a cinco metros . Era sem dúvida a puta mais bonita do puteiro. Então um fazendeiro com pinta de rico chegou e tirou ela do puteiro nos tapas e murros. Um murro no seu nariz que o sangue desceu me bastou.

Antes que ele sacasse sua pistola dourada meti três tiros em seu peito. E olhei nos olhos dela, a deixei bêbada ensanguentada no chão e saí. E antes de abrir a porta da caminhonete, fui acender meu último palheiro. Quando acendi, traguei, senti o estalo e aquele gelo descendo pela minha espinha. Caio no chão com sangue pela boca e vejo a minha filha com a pistola dourada, mirada pra mim, com os olhos borrados da maquiagem de puta e lágrimas.

2 comentários:

Yuri Montanini 5 de dezembro de 2009 às 14:25  

Fase sanguinária do blog.

Massa,

;*

Luís Valdívia 6 de dezembro de 2009 às 11:38  

Roça, peões, 38 e prostitutas.
Tudo muito "embremático".

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