E quem precisa de ficção?
Gravata. Melhor não. Sem gravata. Acabou a gravata, não tem mais gravata. Muito gordo pra usar... gravata. Ajeito a camisa aleatoriamente escolhida num amplo universo de três peças. Vida de jornalista. Eu podia ter sido matemático. Só assim pra conseguir pagar as contas. Ou ter sido jogador de futebol. De botão, claro.
Todos os sinaleiros estão fechados, que beleza. Vontade dar uma castanhada nessas porcarias luminosas. Preciso de um cigarro, mas o acendedor do carro não funciona e alguém lá da rádio roubou meu isqueiro. É preferível que o cara ouça Belo do que roubar isqueiros. Encosto o carro, abro o capô e acendo no motor quente.
Chego no estádio, deveras bonito. Vermelho e branco, se opondo ao verde esmeralda. Da grama. Queria estar no meio da torcida, tomando uma breja com a Joelma. Mas não. Entrada lateral, e me dirijo ao lugar que me foi previamente designado: A cabine mais gelada de todos os tempos do último campeonato. Tudo funcionando, mais um cigarrinho, começa a transmissão.
Puta merda, marcador filho da puta! Gol do Santa Helena. Queria ter narrado assim, mas não posso, sou um dito cidadão respeitável que ganha quatro mil cruzeiros por mês e preciso narrar dentro dos conformes. Um a zero. Porra. Intervalo de jogo. Café, cigarro, tensão. Tensão, cigarro, café. Falta pro Santa Helena. É caixa. Caralho.
Pênalti pro Vila. Gol, caceta! Finalmente, narrei como deveria. Mas, alegria de jornalista dura como uma EP, contra-ataque do Santa Helena, gol. Barbante queimado, Três no um. Sangue na garganta. Deixo cair e mancho o microfone de vermelho. E juro que nunca mais narro futebol.
Podia ter sido assim.
Mas ainda bem que não foi.
E quem precisa de ficção?
Todos os sinaleiros estão fechados, que beleza. Vontade dar uma castanhada nessas porcarias luminosas. Preciso de um cigarro, mas o acendedor do carro não funciona e alguém lá da rádio roubou meu isqueiro. É preferível que o cara ouça Belo do que roubar isqueiros. Encosto o carro, abro o capô e acendo no motor quente.
Chego no estádio, deveras bonito. Vermelho e branco, se opondo ao verde esmeralda. Da grama. Queria estar no meio da torcida, tomando uma breja com a Joelma. Mas não. Entrada lateral, e me dirijo ao lugar que me foi previamente designado: A cabine mais gelada de todos os tempos do último campeonato. Tudo funcionando, mais um cigarrinho, começa a transmissão.
Puta merda, marcador filho da puta! Gol do Santa Helena. Queria ter narrado assim, mas não posso, sou um dito cidadão respeitável que ganha quatro mil cruzeiros por mês e preciso narrar dentro dos conformes. Um a zero. Porra. Intervalo de jogo. Café, cigarro, tensão. Tensão, cigarro, café. Falta pro Santa Helena. É caixa. Caralho.
Pênalti pro Vila. Gol, caceta! Finalmente, narrei como deveria. Mas, alegria de jornalista dura como uma EP, contra-ataque do Santa Helena, gol. Barbante queimado, Três no um. Sangue na garganta. Deixo cair e mancho o microfone de vermelho. E juro que nunca mais narro futebol.
Podia ter sido assim.
Mas ainda bem que não foi.
E quem precisa de ficção?
5 comentários:
Queria fazer um comentário aleatório, mais lendo o texto me encaixei em alguns trechos, não quero falar mais nada.
comenta isso cocola:
Tá ceeeedoooooooooooooooo Vilaaaaaaa!
comenta isso cocola:
Tá ceeeedoooooooooooooooo Vilaaaaaaa![2]
será q o gama se sentiu assim? (não sei se esse pé rapado viu o jogo)
Pé rapado é ele ou quem se preocupa se ele assistiu o jogo?
Por isso a imprensa goiana é o que é. Enquanto derem audiência pra Luís Gama...
ele é pé rapado.
e eu não ouço gama, então consciencia tranquila brodaa
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