domingo, 4 de abril de 2010

Num envelope qualquer


Tava com cara que carimba postais, que por descuido abriu uma carta que voltou.


Querida loira das bandas do Imortal,

Um dia me disseram que o algodão doce era feito de nuvens. Que o pop virou papa e que poupava a igreja católica de ser uma banda de pagode. E que o pop não papa ninguém. Andam dizendo por aí que no peito desse velho samurai bate um coração, mas é pura mentira. Elfos malditos, conversam demais. Inventam coisas, cheiram o pó mágico e ficam malucos. Não acredite neles. Eles não existem.

Sabe, esses dias vi o velho urso. Não o Hilton, o urso. Sim, o italiano. O Bartô. Está apaixonado. Amando. E tudo começou com uma carta. Inveja? Talvez. Aliás, não. A mais completa contradição. Se não há nada, por que todos temem perder? Queria ser como ele, às vezes. E ele queria ser como eu. Como Pelé que queria ser Maradona e Maradona que queria ser Pelé. O mais técnico dos volantes, o mais raçudo dos meias. Daí a contradição.

Acontece que ele escreveu uma carta para a menina mais linda do Reino da Puc Encantada e deu certo. Mas foi endereçada, ela sabia que era pra ela. Ela tinha uma certeza. A força deixa a história mal contada. A carta era pra ela desde o início, ela sabia que era pra ela. Ela não fez uma suposição. By the way...

A carta dele foi enviada por uma dessas corujas de linhagem européia, que sabem o que fazem. Alguma coisa que ainda me emocione, como um filme de guerra ou uma canção de amor. Enquanto garotos inventam um novo inglês, aqui estou eu, parado, na esquina. Um maço de Marlboro Red Cosmic no bolso, uma cara embriagada e um autógrafo do Pirlo na manga da camisa. Quem oculta o crime tem culpa, não?

Loira, só queria dizer isso. Que por mais que eu grite, o silêncio é sempre maior. Minha loira das bandas do Imortal realmente mora longe demais das capitais. Num lugar onde você nunca ousaria alcançar. Levo o mundo e não vou lá. Triste vocação, ser banal. Mas, assim como o destino é uma vadia inconstante e a nossa elite se empanturra de biscoito fino, um dia, a minha verdadeira loira das bandas do Imortal irá receber as cartas que sempre escrevo, e nunca mandei. Um dia. Quem sabe hoje. Abraços fraternais.’


É, o italiano Bartô é um sujeito de sorte.

9 comentários:

Rafael Rabelo 5 de abril de 2010 às 00:58  

Como sempre, prático e poético! Belo direito de resposta... mais é sério! Vamo(s) parar com essa guerra fria...

Plínio Lopes. 5 de abril de 2010 às 11:15  

beirando o que e' genial,

um autogra'fo do pirlo,

no meu jornal,

predileto.

Yuri Montanini 5 de abril de 2010 às 13:53  

Acho que o Jardel nem viu quem postou, rs.

Postei, no caso.

;*

Rafael Rabelo 5 de abril de 2010 às 17:34  

Tinha visto que era você sim! "Como sempre, prático e poético!" ;)

Yuri Montanini 5 de abril de 2010 às 21:00  

*_*

Zé Bokinha 6 de abril de 2010 às 15:31  

É... Acho que nossa amiga Isabella não passa mais por aqui mesmo... Foi só porque eu cheguei? Eu tô fedendo? Ha, that's not me...

Pedro Henrique Malta Martins 7 de abril de 2010 às 00:18  

você fede.

Anônimo 7 de abril de 2010 às 12:29  

sem querer puxar saco, mas os textos do yuri são os melhores!
=)

João Lemmos 9 de abril de 2010 às 00:57  

Puxa saco!

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