terça-feira, 16 de março de 2010

10 inside

Outro dia o Kreffta me disse que eu tenho 10 anos por dentro. Maneira delicada de dizer que tenho idade mental de uma criança. Eu diria que ele não está de todo errado, e explico nas linhas abaixo o porquê.

Sabem aquela criança assustada que se agarra na saia da mãe e pergunta de vai dar tudo certo? Aquela criança que tem dificuldades em dormir na véspera do natal? A criança que chora antes do primeiro dia de aula só por que gostava da professora antiga, ou porque está com preguiça, ou porque tem medo do novo, ou porque não quer ser o mais burro da sala, mas depois descobre que aquilo tudo não é nenhum bicho de sete cabeças? Essa criança ganhou altura, tem cabelinhos debaixo do umbigo e possui 32 dentes, mas ainda sou eu.

E aquela criança que se empolga com a notícia de uma festa, que pula de um lado pro outro e rola no chão, e tira uma com a cara da menina mal-humorada? Pirralho que faz questão de encarar passionalmente os assuntos racionais e racionalmente os assuntos passionais? Esse carinha já perdeu as contas de quantos professores aporrinhou, de quantos petelecos já deu na irmã, e de quantos amigos nomeou com apelidos esdrúxulos. Só sabe que essas contas, após todos esses anos, ainda não pararam de crescer.

Confesso minha baixa idade mental e levanto uma bandeira pintada com tinta guaxe, e escrevo um manifesto em prol da abolição da maturidade. À fogueira todos os precoces, os meninos-prodígio, os garotos que já aprenderam a ser jovens hipócritas, as meninas que deixaram de brincar de Barbie para se tornarem a Barbie. Abaixo a seriedade prematura, o curso de medicina, a porta do quarto trancada, o cérebro grisalho, o decote sem peitos e o ódio de ser chamado criança quando já se é um “adolescente”. Grandes bostas.

Meu autor favorito, CS Lewis, disse certa vez que a preocupação em ser (ou parecer) maduro era característica justamente de quem não o é. Concordo em gênero, número e grau. Portanto, dê-me aqui minhas Crônicas de Nárnia, prepare meu todinho e corte minhas unhas do pé, que ta na hora de sair pra facul.

6 comentários:

Diogo 16 de março de 2010 às 17:57  

Que texto cara! Quando minha mãe me fala que tenho a idade mental abaixo do normal, e eu me sentia orgulhoso por isso, achava que era o único...hehe. Mto bom mesmo, me identifiquei pacas.

Zé Bokinha 16 de março de 2010 às 18:16  

Você faz meu coração transbordar, Cholas! =) Grande abraço!

Yuri Montanini 16 de março de 2010 às 19:32  

'Pirralho que faz questão de encarar passionalmente os assuntos racionais e racionalmente os assuntos passionais?'

Aí rolou uma identificação.

Gostei ^^

C. Vieira 17 de março de 2010 às 09:34  

Vamos ser amigos e ler Nárnia juntos ?
Afinal de contas, alguém como C.S Lewis está pra existir !

Zé Bokinha 17 de março de 2010 às 11:06  

Aaaah, gente... Assim eu fico sem graça! Obrigado, obrigado, meu muito obrigado a todos os amigos que se identificaram! E seja bem vinda, Camillllla!!!!

Pedro Henrique Malta Martins 17 de março de 2010 às 11:19  

well, sou tido como ranzinza e velho e racional demais por uns. imaturo e irracional e passional por outros. alguns dizem o que pensam, outros, meras impressões... que loucura, gosto de loucos, gosto de zé bokinha e seus textos.

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