segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Rotina

Durante a semana sempre se ocupa com o trabalho e os estudos o que o impede de refletir sobre a banalidade de sua vida, aos sábados, procura coisas para fazer, para esquecer o cansaço da semana, mas aos domingos, dia de ir a igreja, dia de almoçar com a família, de alimentar a falsidade do mundo, ele simplesmente se sente deslocado.

A família vai a igreja, todos unidos. Ele não quer estar lá, foi obrigado por sua mãe, que alimenta o sonho da família perfeita. Depois do culto, sempre há um almoço na casa dos avós, junto com tios e primos. A avó odeia que ele use brinco, ela é conservadora. Os primos são mimados, por que os pais deles, para evitar a relação conflituosa de pais e filhos, simplesmente fazem tudo que os meninos pedem. Não discute com a avó, é falta de educação. Enoja seus primos, mas tem que abraçá-los e mostrar os dentes para tirar uma foto em família, o que agrada e muito sua mãe.

Chega em casa depois do almoço, tendo que estudar para o exame de segunda-feira, mas sua mãe está cansada e o obriga a fazer os serviços domésticos, o que não o incomoda, afinal, quem quer notas boas no colégio é ela mesmo e não tem futebol na televisão esse fim de semana.

Seu pai se aproxima e tenta ter uma conversa agradável sobre como foi a semana, tenta conhecê-lo, coisa que o velho não pode fazer nos outros dias, pois fica ocupado trabalhando para sustentar a família. Mas como o chefe da casa está estressado, preocupado com a próxima semana estafante de trabalho, não consegue se ater às histórias do filho, que sente o desinteresse de seu pai, o que para ele só confirma a mediocridade da sua vida.

Após a interessante conversa com seu pai, ele vai para seu quarto, deita em sua cama e começa a refletir, como é de praxe no domingo, refletir sobre a banalidade de sua vida. Tenta procurar na memória algum fato da semana que passou que mereça ser recordado para o resto da vida, alguma pessoa que ele tenha marcado positivamente com sua presença, e vice versa. Algo que realmente vá fazer diferença na vida dele. Mais uma vez ele chega à conclusão de que a vida não tem sentido, é somente uma seqüência de eventos que se repetem dia após dia, semana após semana, uma rotina sem fim.

Mesmo assim ele não desiste, sempre coloca em seus pensamentos a vontade de quebrar essa rotina, de ser diferente, deixar a sua marca. O que o impede de agir? Sua covardia. Ele pensa em mudar, mas tem medo, tem medo de enfrentar um futuro que ele desconhece, imprevisível, que com certeza trará mais emoções para sua vida, emoções muitas vezes desconhecidas e fortes. Esse medo o frustra e essa frustração o irá acompanhar durante todos os dias de sua vida, pois ele nunca perderá esse medo, que é o que o define, ele é o que é, ele pensa o que pensa, faz o que faz, graças aos seus medos e frustrações. Sem eles, estaria perdido em sua loucura, em um mundo que ele não entende e não se adapta.

1 comentários:

Rafael Rabelo 2 de dezembro de 2008 às 16:18  

É verdade, as vezes a rotina cansa...

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