História em quadrinhos
Posto de gasolina. Camel, moça. Cinco reais. Troco, chicletes. Vou embora. Rua. Acendo um cigarro. Trago. Solto a fumaça tentando fazer bolinhas. Não consigo. Novela global na televisão do Pit Dog. Idiotas. Tirem suas bundas burguesas da cadeira e vão pra casa, moleques vadios! Foda-se. Isso não é problema meu.
Praça. Banco, sento. Acendo mais um cigarro. Trago. Solto. Tento fazer bolinhas sem tragar. Tem umas pestes jogando futebol na praça. A essa hora. Dez e vinte e três. Bando de filhos sem pai. Numa plena terça-feira. Viadinhos sem cultura.
Apago o cigarro. Fico imaginando como a vida é medíocre, como vim até aqui pra desistir exatamente agora. Por que sou o melhor que consigo ser e não consigo nem ser medíocre. Que se foda. A gente faz tudo, mas nada faz sentido. Mais um cigarro.
Tem dois pivetes parados na esquina, a mesma esquina. Dois pivetes. Um sem camisa. O outro usando uma camisa de futebol, vermelha e preta com um BR. Cada um em uma bicicleta. Estão me olhando.
Se aproximam, os desgraçados. Estilete, canivete. Estou sentado. - Passa tudo. - Não tenho nada. - Não perguntei, mandei passar. - Esvazia os bolsos, esvazia tudo. Carteira, relógio, celular, isqueiro. - Agora corre. - Não posso, sou deficiente, corram vocês. E eles correm.
Um, dois, três. Pausa. Quatro, cinco, pausa maior. Seis. Disparos. Três em cada um dos infelizes. Mandou esvaziar tudo, não foi, FILHO DA PUTA! Porque a vida não é uma história em quadrinhos.
Qualquer semelhança com a vida real é mero jornalismo.
3 comentários:
AEHAEUHEUEHUEAUHAEUEAHAE
massa diiiiiimais!
: )
sempre talentoso .
Muito bom!
Seria engraçado, se não fosse triste!
Muito bom! [2]
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