sábado, 10 de outubro de 2009

O QUE É A MORTE NA VERDADE

Eu já morri tantas vezes que perdi a conta. E ressuscitei em todas elas sorrindo, de braços abertos para o novo mundo que eu mesma criava. Eu não nasci para chorar. Certa vez, ouvi num consultório médico um senhor, já de idade, mas relativamente bem disposto dizendo que a idade dilacera. Pensei tanto nisso, que discordei. A idade só dilacera aquele que não se vê vivendo. E quando esse ser acorda, a primeira coisa que faz é se olhar no espelho, e, pela primeira vez, se enxerga de verdade. Percebe o quanto está velho e acabado, começa a identificar quantas fissuras se abriram e quantos cortes nunca se fecharam. Veríssimo diz com propriedade e muita sabedoria que quem quase morre continua vivo, mas quem quase vive, já morreu.
A morte, assim como a vida é irremediável. Morte é o fim inevitável de alguma coisa. Vida, é o início incontestável de outra. Devemos viver o suficiente para morrermos muitas vezes; muitas vezes no dia, no mês, no ano, na jornada inteira. Morrer a criança imatura do ensino médio para nascer um adulto maduro preparado para faculdade, que também tem que morrer para nascer alguém de fato maduro para enfrentar o mundo, o mercado de trabalho; morrer o covarde para dar lugar a alguém dentro de nós com coragem suficiente para ser feliz; morrer a filha, para nascer uma mãe; morrer a pessoa descrente e desacreditada para nascer alguém com ousadia suficiente para contestar. E por aí vai.
Tudo que morre, morre para dar lugar a algo novo. Não se luta contra a morte, pois ela é o fim inexorável de tudo que um dia nasceu. O que dá pra fazer é ter vontade. Vontade para fazer o que vale a pena. Vontade de matar ou de não deixar morrer. Matar o que dói, o que incomoda, o que mofa dentro da gente, o que estraga. Não deixar morrer a alegria e a satisfação de ter prazer: prazer em ser, em ter, em fazer.
Pelo menos pra mim, é assim que se vive e pra isso que se morre. Se morre para se viver, mais e melhor.

4 comentários:

Yuri Montanini 10 de outubro de 2009 às 20:55  

Bella, não adianta, você é foda. Escreve um texto ruim aqui, pelo menos uma vez?

;*

Plínio Lopes. 10 de outubro de 2009 às 22:49  

viver a vida em função da morte é realmente uma morte em vida,pois acabamos por sacrificar a graça da vida,

o que gera uma inconsequência,mas que é assunto pra outro hora,

excelente texto como sempre,parabéns.

Isabella Lemes 12 de outubro de 2009 às 20:43  

assunto para outra hora??
espero então que vc discorra sobre ele em outra ocasião!!

vlw gente! =D

Rafael Rabelo 26 de outubro de 2009 às 20:27  

A cada esquina, a gente morre e nasce novamente...idéias e ideologias...paixões...

Escreve um texto ruim aqui, pelo menos uma vez? [2]



"Eu já morri tantas vezes que perdi a conta.", se não me engano isso é Jorge & e Mateus! huauhahuahuauhauhauha

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