sábado, 3 de outubro de 2009

Pedro, O louco.


Terra de gigantes, um dia desses num desses encontros casuais.




Toca o despertador e Pedro acorda. Acorda desesperado,em agonia. Com todo aquele barulho e aquele cheiro insuportável da fumaça dos carros.


Terra de gigantes, algum dia desses num futuro não muito distante.

Toca o despertador e Pedro Acorda. Acorda desesperado,em agonia. E a voz da mulher dos seus sonhos envolta em seus lençóis diz: Pedro, o que é você tem?

E ele responde: Não suporto esse ruído,essa agonia!

E ela diz: Mas meu amor, já não passa nenhum carro por aqui.

E ela então acende um cigarro e liga a televisão.
E ele diz: E também já não passa nenhum filme na TV.
E ela : Eu apenas gostaria de ver o noticiário matinal.

Você?Que enrola outro cigarro?Por aí?Não dá bola para o que VAI ACONTECER.

Então o silêncio reina no quarto,a frustração de paira no ar junto com a fumaça em um fênomeno físico onde pela primeira vez dois corpos ocupam o mesmo espaço.

Então Pedro entra para o banheiro,para tomar um banho e se arrumar para a faculdade.

No caminho para a faculdade o rádio diz fatos cruéis,e Pedro se lembra: Mais um pouco, mais um século termina.

O carro para no sinal e de vidros fechados,um político desfilando pelas ruas. Então ele fala novamente consigo mesmo: E mais um louco pede troco na esquina.

Então sua inconveniente sensualíssima amada juvenil diz: Tudo isso já faz parte da rotina.

E ele responde,de pronto,rispidamente. E a rotina já faz parte de você.



...

Começa a aula, começam os devaneios utópicos de loucura. Legalização da maconha, células tronco, união entre pessoas do mesmo sexo e outros temas. E o professor, típico burguês chegando nos trinta, filho da puta, vestindo panos ianques, do alto de sua pinta de galã tenta mobilizar cada um em sua luta por um mundo melhor, sobre salvar a natureza, respeitar as diferenças e tudo mais.

Então uma hora dessas ele acusa Pedro de ser indiferente, de ser desmotivado.

Então Pedro levanta agressivamente diz:

Você que tem idéias tão modernas, é o mesmo homem que vivia nas cavernas.

Então rumores tomam contas da sala,um grande zum zum zum e as vozes das garotas castradas intelectualmente pela mídia dizendo, nossa, ele é louco!

E então ele continua seu discurso.

Você,que tem idéias tão modernas, é o mesmo homem que vivia nas cavernas. Todo mundo já tomou a coca-cola e a coca cola já tomou conta da china. E ele olha para a menina de seu lado,pensa em sua relação falida e como sempre se interessou por sua colega de sala. Então diz também: Toda cara luta por uma menina.

E de repente um colega levanta e grita esbravejando tesão em suas palavras e fúria:

E A PALESTINA LUTA PRA SOBREVIVER!

E todos se levantam em um único som de VIVA e a anarquia é instaurada na sala e o pobre burguês intelectual perde totalmente o controle da situação.

Pedro cada diz mais cansado dessa vida de rotina única e massacrante. E um belo dia resolve se matar. Para de frente para o revólver e percebe não ter coragem. A sua decepção só aumenta. Como gostaria de morrer. Sai para a padaria da esquina, ainda em dúvida sobre se matar, em casa ou ali no meio da rua. Então de repente sente o cano gelado de uma arma em sua nuca no balcão da padaria e um voz infantil e desnutrida grita. Isso é um assalto. Pedro sem pensar duas vezes vira de repente e descarrega o tambor de seu 38 e logo depois percebe que era um garoto de no máximo 14 anos. O desespero toma conta de sua alma e ele imediatamente dá um tiro em sua cabeça. E o senhor de 40 anos olhando aquilo tudo calmamente entra em seu carro com seus pães frescos para o café da manhã da família.

Então no outro dia no jornal da cidade a manchete da tragédia na padaria com o seguinte título.

E a cidade cada vez mais violenta.

Em um lado da cidade os burgueses intelectuais comentavam no refeitório de sua faculdade lendo a notícia em seus laptops, surgem piadinhas e um deles com um ar intelectual clássico charmoso e sensual diz: Tipo chicago nos anos 40.

Enquanto isso em algum lugar por aí alguém acorda desesperado pela manhã e quando sua mulher pergunta qual o problema ele a espanca. E ela diz sorridente com cara de quem gostou: Você está cada vez mais violento,no seu apartamento nínguem fala com você.

2 comentários:

Yuri Montanini 5 de outubro de 2009 às 17:33  

Hahá! Eu faço dessas 'monta(s)gens' também, como é o nome disso? De textos com letras de músicas. Acho massa. Esse então, ficou top. Legal, bacana.

Marco Antônio 5 de outubro de 2009 às 21:40  

Massa. Já te disse algumas vezes que essa 'Crônica' é umas das minhas músicas favoritas, e acredito que uma das suas também. Marcou muito essa letra. 'Tem uma construção de significado totalmente emblemática'.

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