terça-feira, 13 de outubro de 2009

Memórias


- Não há como apagar suas memórias assim. Você pode esquecê-las por um instante ou dois, em uma bebedeira, no sexo, jantares com os amigos – está bem, jantares são uma merda, muita comida e pouco álcool – em momentos de alegria (a alegria anestesia as dores), mas quando você deitar sua cabeça na cama para dormir, ela vem, as lembranças... às vezes de manhã quando acordo elas ainda estão lá. Revejo toda a cena em meus olhos: a faca na minha mão, a línguas no chão, os gritos, o som da garganta cortada procurando ar, eu dava o sinal, outro cara entrava na sala, recolhia os corpos, alguns ainda vivos, aí eu não os via mais. Alguns conseguiram fugir, nunca chegaram ao açougue (o nome da sala onde as coisas aconteciam) e hoje estão no poder, aí fico me perguntando, se não matei os caras errados.

- Que merda, hein, cara!?

- Das grandes – Carlos deu trago no cigarro e virou o resto do uísque que estava no copo – mas era o meu trabalho – completou.

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