sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Algumas pessoas apenas não superam


Já se fazem oito anos que você se foi. Me tornei um clichê derrotado e repetitivo. Enfim, um clichê. Me lembro como éramos jovens e inocentes e sonhávamos juntos com o nosso amor pelos quatro cantos desse mundo. Achava que você era a mulher da minha vida e me via todos os dias em cada quilomêtro que corria. Ora uma casa, um cachorro e algumas crianças indo pra escola. Uma escola protestante de preferência, pra terem a mesma educação que eu tive. Sonhava com o glamour dos filmes noir, você era a atriz principal de todos eles. Daí veio a realidade.

Você atravessando a rua para ir pro trabalho ( simples assim ) e um carro de alguém que também ia trabalhar te pega. Era um cara normal, pai de família. Estive frente a frente com ele algumas vezes embora ele não soubesse e percebi que matá-lo não ia tirar minha dor. E você lá, agonizando no asfalto quente. Sim, a realidade é cruel, palavras de um clichê. O fato é que todos pensaram que era passageiro e eu pensei também. Mas o passageiro se tornou eu, que quando te conheci entrei em uma viagem que não irei voltar nessa vida, a qual creio agora ser minha última parada.
Com o tempo acabei largando a faculdade, uns dois semestres depois.

Um dia desses tive uma overdose e um colega meu me atendeu. Já começa a colher os primeiros frutos da profissão. E só olhando a brancura daquele jaleco percebi como eu sou sujo. Como eu já estou morto. Me lembro daquelas brincadeiras do primário que a professora gritava: Morto ! Vivo!

Quando você se foi, eu morri e perdi a brincadeira. Quando gritaram vivo, não consegui levantar. Não tenho coragem de falar que você morreu por você vive desde a chuva que cai ácida até o grafite da rampa de skate da esquina. Larguei a faculdade, cortei o cabelo, parei de corre, de lutar e aprendi a fumar. Comi muitas putas, algumas casadas e respeitosas, outras profissionais. Todas sem amor.

Trocaria a decoração de todas as lingeries pretas espalhadas pelo chão do meu apartamento sábado de manhã só pra poder olhar seus olhos mais uma vez. Agradeço a Deus simplesmente o fato de um dia ter tocado seus cabelos. Pois bem meu amor, chegou a hora de ir. Tem oito anos que um eu distante aguarda ansiosamente por esse momento. Estou indo te ver. Te amo.

3 comentários:

Leandro Gel 29 de janeiro de 2010 às 00:53  

Amor. É isso.

Yuri Montanini 29 de janeiro de 2010 às 12:38  

Amor. É isso.[2]

Unknown 30 de janeiro de 2010 às 03:16  

Calma aí maninho, beber a última gota do vinho chamado vida, faz parte do ritual para o antes da chegada, o reeencontro com Ela.
Se você não bebe tudo, fica devendo, e até podem te cobrar, e eu sei que o que querem é algum crédito para passearem, chorarem, e trazer o amor que nunca se foi.
Lute este é o bom combate!

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