terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Ouvindo sininhos




Olho na janela em minha frente, vejo o Isaac parado na esquina. Maldito hippie sujo. Lado de fora, tudo na santa paz de Deus. Do lado de dentro... Dentro do peito, ou da cabeça, sei lá, uma angústia que já não cabe na página. Não caberia em um livro. Os livros não são sinceros.

Um cavalo selvagem, sem sela, que atravessa a cerca querendo ser domado. Deus não dá asa a cobra, já dizia... Otto Glória. E se der, tira o veneno. Como alguém que salta de um prédio, entra na frente de uma carreta, sabendo das consequências. Mesmo sendo inconsequente. Eu queria muito tudo isso. Eu lutaria mesmo por tudo isso. E vou. Até o fim.

E foda-se se aqui não é meu diário, ou se mais uma lata cabe no armário, ou se acabaram as pilhas, se a música é ruim ou se você se acha gorda. Se não há nada, por que todos temem perder todo esse nada? Acendo um cigarro, vejo o dia passar. As luzes no prédio em frente se apagam. Mais uma garota acaba de secar os cabelos e vai dormir. Ou não. Não aguento mais isso, essa situação...

... Latir sozinho e escutar o eco. A cadeia seria melhor, mais interessante. Sua foto de papel de parede no meu computador mostra a cicatriz que eu gosto tanto. Bem menor que a que vai ficar aqui. O cigarro se apaga, mesmo sem vento. Sem vento, sem documento, sem documento, por quê não?

Daqui de cima posso ouvir Secos e Molhados. Não sei a música, não sei o que fazer. Melhor correr enquanto há tempo para nós. 'Facilmente' não existe por aqui, simplesmente não é assim. Não vou me arrepender daquilo que não fiz. Ela sabe o que desejo, sabe o que eu penso. Queria que essa página estivesse em branco, pra eu escrever 'Te Amo'. E ponto.

2 comentários:

Rafael Rabelo 12 de janeiro de 2010 às 20:06  

Sei qualé! É que chamam de "coração visionário"! Mais eu ainda btfé Monta's...de fé!

Plínio Lopes. 13 de janeiro de 2010 às 01:28  

por amor as causas perdidas,

mas quais ?

=/

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