domingo, 17 de janeiro de 2010

Paixão Noir




Teve gente que pediu pra eu escrever em prosa. Outros garantiram que preferem os versos. Ainda há aqueles que torcem demais pra eu perder a mão e parar de escrever. E tem também a que me ameaçou de morte caso eu parasse. Pois bem. Não sei o que é melhor, ou menos pior. Me agrada escrever, e vou fazendo conforme a situação e vai ser assim pra sempre. Frases soltas, versos sem nexo. Nexo zero, fome zero, Coca zero. Quero tanta coisa e só me dão o que não quero. Eu continuo me perdendo sempre que tento não escrever sobre você.

Sobre você eu me perco ainda, as vezes, mas pela caneta não conseguir colocar na folha branca tudo que passa aqui. E já não passa nenhum carro por aqui, já não passa nenhum filme na TV. O canal fechou, mas os pontos estão abertos. E não vão se fechar tão cedo. Talvez o Google tome conta da China, a Palestina consiga sobreviver, o nada ganhe tradução. Mas a ferida ainda estará aberta, sangue escorrendo como as águas de Março. É verão, por que tanta pressa?

Ouvindo Nunca Se Sabe, uma das músicas mais malucas dos Engenheiros do Hawaii. Mas é um 'maluca' bom. Viagem sintética. Ou não. A cabeça roda. Deus inventou o freio. A cabeça roda e pára a milhas e milhas de qualquer lugar. Pego um refrigerante na geladeira e vejo um bilhete com as iniciais dela. Eu mesmo deixei. 22; 1. São apenas números. E o que eu faço sem esses números? Bebo o refrigerante com a calma que Adão teve pra cometer os pecados no paraíso.

Eu nem sei como me sinto. Poderia me sentir um estrangeiro, passageiro de algum trem, que não passa por aqui, que não passa de ilusão. Ilusão, odeio essa palavra. Não é que eu faça questão de ser feliz. Poderia me sentir como um puro sangue puxando carroça. Na ponta dos cascos e fora do páreo. Barba feita. Atoa? Não sei. Não sei nem errar. Por vezes me acho na areia, ou como um cão que avança feroz contra um carro.

Acho que não sei o que sinto, só sei do que eu gosto. Eu te olharia por anos e não ficaria cansado. Me sinto como um velho sentado de frente prum lago, de boina e numa cadeira de fios, casaco xadrez. Tragando um fiel palheiro, te fantasiando na fumaça, vendo você ir embora com o vento. Mas o vento que vai... E agora, que a terra é redonda e o centro do universo é outro lugar. E o centro de tudo é você, no meio de tudo, você.

Se eu tivesse a força que você acha que eu tenho... Claro como gelo, nem pra te esquecer eu sirvo. E se eu servisse, não iria querer. És parte ainda do que me faz forte, e pra ser honesto, só um pouquinho infeliz. Por amor às causas perdidas, por mais perdidas que estejam.

2 comentários:

Plínio Lopes. 17 de janeiro de 2010 às 15:02  

muito bom o texto monta´s,

parabéns.

Rafael Rabelo 18 de janeiro de 2010 às 12:53  

Parafrasear EngHaw! Muita gente diz que não gosta, mais eu adoro!
Muito bom Monta's!

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