quarta-feira, 31 de março de 2010
O mendigo de elogios
E foi andando pela casa – sim, ele tinha um teto – e engoliu um pedaço de pão – pois pão não lhe faltava – e este desceu seco e amargo na garganta, lento, só de pirraça. Sentiu pena de si. Sentiu ódio ao dia. Foi para seu ponto.
Cada serviço, cada sorriso, cada trejeito, estendeu como quem estende a mão – gelada – à espera de quaisquer infames 10 centavos (falados): sua alma não custava muito caro. E o mendigo, quando com sorte, esticava o pescoço, levava três tapinhas leves na cabeça, ouvia um “bom garoto”. Abanava o rabinho, voltando pra casa ao fim do dia.
Postado por Zé Bokinha às 11:37 0 comentários
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segunda-feira, 29 de março de 2010
Por Armando Nogueira
Adeus, grande Armando!
Pelada de Subúrbio
Armando Nogueira
A bola, das brancas, é nova e rola como um presente a encher o grande vazio de vidas tão humildes que, formalmente divididas, na verdade, juntam-se para conquistar a liberdade na abstração de uma vitória.
Um chute errado manda a bola, pelos ares, lá nos limites da chácara, de onde é devolvida, sem demora, por um arremesso misterioso. Alguns minutos mais tarde, outra vez a bola foi cair nos terrenos da chácara, de onde voltou lançada com as duas mãos por um velhinho com jeito de caseiro.
Na terceira, a bola ficou por lá; ou melhor, veio mas, cinco minutos depois, embaixo do braço de um homem gordo, cabeludo, vestido numa calça de pijama e nu da cintura para cima. Era o dono da chácara.
A rapaziada, meio assustada, ficou na defensiva, olhando: ele entrou, foi andando para o centro do campo, pôs a bola no chão e, quando os dois times ameaçavam agradecer, com palmas e risos, o gesto do vizinho generoso, o homem tirou da cintura um revólver e disparou seis tiros na bola.
No campo, invadido pela sombra da morte, só ficou a bola, murcha.
Postado por Pedro Henrique Malta Martins às 13:48 3 comentários
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quinta-feira, 25 de março de 2010
Fragmento de uma biografia
Postado por Leandro Gel às 18:07 1 comentários
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quarta-feira, 24 de março de 2010
Violoncelo e ela
Ela chorou ao som do violoncelo
Ao passar as mãos na superfície áspera da parede
Puramente por não confiar em seus pés
Por não confiar no chão frio e sórdido
Que fingia solidez
Somente uma lágrima
Contínua, longa e pesada
Molhando o vestido velho e negro
Refletindo a sombra rubra e o desespero
A língua apertada no céu da boca
Ao som do violoncelo
Olhou a lâmina, cética
Voltou-se à parede, cheiro de mofo
Sentiu o sangue grosso pressionar-lhe as veias
Ao som do violoncelo
E caiu de joelhos aos pés da vitrola
Liquefez-se, mórbida, num tom menor
Pelas barbas de Jacques Morelembaum!
Juntou os cacos, colou os ossos
Deu um tapa na agulha gasta, arranhando o LP
Vestiu-se de macaco e foi dançar a conga
Sete pássaros disseram: “Yippie-ho! Yippie-yey!
Você acaba de arruinar um belo texto.”
Postado por Zé Bokinha às 17:50 3 comentários
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terça-feira, 23 de março de 2010
Queria,
Queria mesmo que as nuvens fossem de algodão. Queria que o povo tivesse voz ativa e mandasse no próprio destino. Queria que o acesso nunca fosse negado. Que a torta de maçã do McDonald's fosse maior. Que os bêbados e febris não engolissem a cachaça como forma de matar a fome. Que tatuagens pudessem ser tiradas sem dor. Que a faca, mesmo depois de muito usada, não perdesse o corte. E põe no samba!
Queria que luz, espaço e tempo fossem fáceis. Queria poder limpar a sujeira. Queria te levar pra ver o pôr do sol. Queria saber usar os porquês. Queria ser criativo. Queria não ser uma prostituta nicotinosa. Queria não viver no capitalismo e poder comer a torta de maçã. Queria que Alice estreasse logo. Queria que não existissem armas de brinquedo. Nem vice, Strauss, índios e risadas. Queria que a violência ficasse restrita aos gibis do Wolverine. Queria ser bom em Biologia.
Queria que ela me falasse uma frase legal pra colocar num texto chato. Queria saber colocar imagens legais em textos chatos. Queria não achar meus textos chatos. Queria não ser assim. Denso. Queria mudar minha cara embriagada no espelho do banheiro. Queria seu relógio Tag Heuer. Queria uma guitarra elétrica. Queria não ser tão vítima da loucura ou da paixão. Queria ter sido um pirata. Que Marlboro Light não tivesse cheiro de maconha, às vezes.
Queria um copo de café. Queria não ter o temperamento pouco agressivo. Queria não tomar o chimarrão. Queria que o Vila fosse grande, da imensidão dos meus melhores sonhos, dos meus maiores amores. Queria pegar o meu tênis e atravessar a cidade, ir atrás do meu melhor. Afinal, hoje é um dia quente. Queria que pessoas como Zeca Baleiro fossem eternas. Que Johnny Depp ganhasse um Oscar. Mas não. Melhor assim.
Lâmina na cara, tesoura no cabelo, desodorante manchando a camisa. Visto meu melhor rosto, meu melhor sorriso e o crucifixo no peito. Junto com você. O cigarro tá no bolso, a maldade no olhar. Queria parar de fumar. Queria gritar pelos cinco mil auto-falantes. Queria que ninguém saísse de casa, ninguém. Queria uma dança bem diferente. E queria que fosse pra sempre. Porque nem todo carnaval tem seu fim.
Postado por Yuri Montanini às 20:05 6 comentários
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A barca encantada rumo as putas tupiniquins
Praonde vamos? Acho que dessa vez rolava de ir além do dergo. Descemos para os pampas de nossos cultuados hawaiianos, assistimos um jogo do Grêmio. Festa estranha com gente esquisita. Grêmio, Grêmio, Grêmio! Um estádio , vivo. Na saída um borracheiro nos pergunta: Quantas horas? Vimos umas putas loiras, tricolores ou não, vendendo sorrisos nas ruas, assim como as outras putas, de outras esquinas em outras canções. Talvez menos loiras. Uma delas me chamou pra dançar. A outra disse: Eu sou a loira das bandas do imortal. Vimos um general farrapo entrando num carro importado num condomínio fechado. Entre muros e grades.
Subimos para São Paulo. Novamente, putas, profissionais. Relações internacionais, poliglotas, pós e afins. Sorrisos na Paulista, no Ibirapuera e nos outdoors. Mas por trás desses sorrisos apenas o céu poluído conseguia ser mais nublado. Conheci um cara, terceiro divórcio, a esposa dele tá trepando com o entregador da pizza hut do alphaville, não consegue parar de fumar , com a barba branca por fazer e um terno da armani. Queria comprar a barca. Disse que vamos ficar famosos e que vai valer muito dinheiro. Vive disso,de ganhar dinheiro. Ganhou tanto que se esqueceu de viver. Mas me deu um sorriso com tanto amor que eu me senti o cara mais legal do mundo e um segundo depois tinha toda a angústia do mundo contraída em seus lábios. Puta de colarinho branco.
Vejo um prostituta sorrindo pra mim no shopping mais caro da cidade, vejo um puto sem amor sorrindo pra mim esbanjando simpatia seduzindo com sua beleza no horário nobre. O pior dia da vida daquele vendedor e ele precisa sorrir, ele precisa vender. O político que se candidata e nunca pensa no povo. Nunca na história desse país um político pensou primeiro no povo. Mas na televisão ele sorri e diz que te ama. E ainda tem uns ou outros que editam os takes da censura moral em que os anúncios avisam que se prostituir faz mal.
Enquanto isso, longe demais das capitais, no mundo real, na mesma esquina de outra canção, ouvindo Goiânia no walkman, uns garotos se perguntam: E aí, praonde Vamos?
E alguém sempre responde:
Pro puteiro.
Postado por Plínio Lopes. às 00:39 5 comentários
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segunda-feira, 22 de março de 2010
Sentimento
Postado por André Safadi às 13:05 4 comentários
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domingo, 21 de março de 2010
Coldplay - "Parachutes"
Não pode ser desse mundo uma sucessão tão grande de musicas excelentes, formando a mais sublime trilha sonora para um mergulho na escuridão – acabo de me arrepiar ao som da guitarra de “Everything’s Not Lost”, mas deixemos a última música para o final. O álbum me parece um orgasmo de 40 minutos de duração. E não me venham com esse papo de “A Rush of Blood to the Head” que, por mais que seja um álbum notável e extremamente inspirado em vários momentos, não chega aos pés de seu antecessor.
“Parachutes” abre os anos 2000 de uma maneira que nem os mais mirabolantes fogos de artifício nas mais belas praias do planeta puderam fazer, trazendo em sua simplicidade um charme irresistível. O que dizer da beleza melódica do disco? Temas completamente inovadores, dez músicas de uma sonoridade única, assim como dez impressões digitais únicas que só saem de um único par de mãos. O Coldplay não é subproduto de nada.
Subverterei hoje meu paradigma de análise faixa-a-faixa devido à (louvável) homogeneidade sonora do trabalho. Terão espaço apenas as músicas mais excepcionais do álbum – “Yellow” not included – o que poupará o leitor do tédio proporcionado por uma resenha de três páginas. Aliás, aqui vai uma dica: desligue o PC e corra à cópia de “Parachutes” mais próxima à sua casa.
Para o internauta mais obstinado, aqui vão os destaques do disco: após a banda se apresentar ao ouvinte com a ótima balada semi-SciFi “Don’t Panic”, surge o primeiro momento realmente genial do disco, “Shiver”, que tive a oportunidade de conhecer – mesmo que tardiamente – por meio do jogo de PS3 Guitar Hero. Igualmente fantástica, “Spies” nos delicia com sua atmosfera melancólica de cinema noir.
Por mais que eu tente, não consigo segurar o sorriso ao ouvir os primeiros acordes de “Sparks”, uma lindíssima balada basicamente acústica, possuindo o brilho que faltariam nas baladas do disco seguinte da banda. O grande e – pasmem – inspiradíssimo hit “Trouble” tem como protagonistas o bem trabalhado contrabaixo na melodia principal da canção e a slide guitar floydiana no refrão, além da sensacional melodia vocal.
Tão breve quanto um salto a queda livre, a faixa título do álbum termina tão bela e repentinamente quanto começa, dando lugar às hipnóticas e belíssimas guitarras de “High Speed”. “We Never Change” serve de passagem para o grand finale, a apoteótica “Everyting’s Not Lost”, certamente uma das melhores composições não apenas do Coldplay, mas de toda a cena pop da década. Após uma introdução singela feita ao piano e cantada pelo fantástico Chris Martin, Jon Buckland oferece, gratuitamente, o riff mais simples e genialmente encaixado de todo o álbum. A banda nem termina de dizer adeus e já estamos com saudades. Fazer o quê se o disco é bom, né...
Está bem claro que eu falhei em minha tentativa de produzir uma resenha um pouco mais sucinta, com apenas comentários pontuais em algumas das faixas. Não faz mal, uma vez que todos já conhecem a prolixidade crônica desse senhor imaginário chamado João Lemmos. O que realmente importa aqui é a preciosidade de “Parachutes” e seu grande globo giratório amarelo, que a mim parece mais uma medalha de ouro reluzindo no peito de um medalhista olímpico. Ou no peito de um disco. Ou sei lá. Adeus.
Postado por João Lemmos às 01:09 5 comentários
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sábado, 20 de março de 2010
Frases sobrepostas
Eu achei, olhando por todos os lados enfim achei. Olhei por cima do muro e achei. Depois de tanta angústia e mal estar, la estava ele. Risonho porém muito arrependido. É de se entender, uma coisa dessas não se faz. Não foi igual aquela vez que ele chegou tarde em casa, apesar de fazer tudo errado, nós gostamos dele. Mas ainda sim, muito arrependido, mais do que precisa.
Postado por André Safadi às 15:51 4 comentários
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sexta-feira, 19 de março de 2010
Pro dia nascer feliz
Ri, uma risada despretensiosa. De quem não sabe que é diferente dos outros mortais.
Um único momento com uma garota assim valeria uma vida, pode acreditar.
Isso não é um exagero.
Vocês podem julgar, nunca entender. Falta genialidade para descrever sua beleza em poesia.
Anos atrás e hoje, a mesma opinião. A garota mais linda de todos os tempos. Ponto final.
psicodeliaconfusãotextualMÚSICAbarãovermelhorondôniaGOIÁSnonsensenecrofiliaartisticanoirouvindosampanowalkmanouvindopampanowalkmanparanamelhorviagemimperioalviverdegeralbandaloucadageralbandasdoimortalnegraloiraRUIVAfaculdadecigarrospinkfloydsemrogerwatersPAULOBAIERespetinhodotomconfusoesideologicasloosermanospostoresenhaBARCAforçajovemcopadedoismilequatorzequalquermacumbapraturistamasafinaloqueérockandroll,
O óculos do John ou o olhar do Paul?
Cada dia que passa sinto menos. Hoje já um esboço de algo que um dia esperei que fossem sentimentos. Sei que chegará o dia em que não sentirei nada. A menina bonita do meu lado no ônibus não me impressiona mais tanto assim. Sei que os heróis dela não morreram de overdose. A menina linda que gosta de mim também não me seduz. Os heróis dessa aí morreram de overdose e ela adora meu tipo clichê. Mas não existe amor em mim. Prefiro amar as desconhecidas. Essas pelo menos, nunca me decepcionarão. E seguirão, magistralmente lindas, lindas.
Isso tudo claro, pro dia nascer feliz.
Postado por Plínio Lopes. às 13:40 7 comentários
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terça-feira, 16 de março de 2010
10 inside
Sabem aquela criança assustada que se agarra na saia da mãe e pergunta de vai dar tudo certo? Aquela criança que tem dificuldades em dormir na véspera do natal? A criança que chora antes do primeiro dia de aula só por que gostava da professora antiga, ou porque está com preguiça, ou porque tem medo do novo, ou porque não quer ser o mais burro da sala, mas depois descobre que aquilo tudo não é nenhum bicho de sete cabeças? Essa criança ganhou altura, tem cabelinhos debaixo do umbigo e possui 32 dentes, mas ainda sou eu.
E aquela criança que se empolga com a notícia de uma festa, que pula de um lado pro outro e rola no chão, e tira uma com a cara da menina mal-humorada? Pirralho que faz questão de encarar passionalmente os assuntos racionais e racionalmente os assuntos passionais? Esse carinha já perdeu as contas de quantos professores aporrinhou, de quantos petelecos já deu na irmã, e de quantos amigos nomeou com apelidos esdrúxulos. Só sabe que essas contas, após todos esses anos, ainda não pararam de crescer.
Confesso minha baixa idade mental e levanto uma bandeira pintada com tinta guaxe, e escrevo um manifesto em prol da abolição da maturidade. À fogueira todos os precoces, os meninos-prodígio, os garotos que já aprenderam a ser jovens hipócritas, as meninas que deixaram de brincar de Barbie para se tornarem a Barbie. Abaixo a seriedade prematura, o curso de medicina, a porta do quarto trancada, o cérebro grisalho, o decote sem peitos e o ódio de ser chamado criança quando já se é um “adolescente”. Grandes bostas.
Meu autor favorito, CS Lewis, disse certa vez que a preocupação em ser (ou parecer) maduro era característica justamente de quem não o é. Concordo em gênero, número e grau. Portanto, dê-me aqui minhas Crônicas de Nárnia, prepare meu todinho e corte minhas unhas do pé, que ta na hora de sair pra facul.
Postado por Zé Bokinha às 16:17 6 comentários
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segunda-feira, 15 de março de 2010
Non Stopping Sensless Talk
O Rafael Rabelo sempre me pergunta porque eu não posto mais nada no blog... O Plínio deu uma explicação interessante: talvez me falte um pouco de “domquixotismo”. Muito obrigado, senhor, mas as angústias que eu tenho já bastam, e são muito pessoais. Mas sabe que eu sou mesmo um conformado? Não me incomodo muito com o terremoto no Haiti, e nem mesmo com o do Chile, que é tão pertinho... Quero que se lasquem os impostos e os políticos e tudo o que há de podre no Brasil. Nada – externo – me provoca muito ultimamente.
Estou aqui, curtindo meu som, falando besteira, dando tapinhas nas costas. E a caneta sempre evitando bicar o papel. Sou superficial? Acho que nem tanto. Talvez minha filosofia apenas encontre dificuldades de encontrar seu nicho, muito solta para alguns e extremamente conservadora e radical para outros. Não tiro a razão de nenhuma das partes. Ou talvez eu tenha dificuldades em compartilhar meus interesses. Música e macacos. E malucos. Adoro malucos.
Seria bom se eu voltasse a assistir a algumas aulas junto com meus companheiros de jornhaw e, quem sabe, as deliciosíssimas polêmicas acenderiam em mim um pouco de engajamento e fúria, e fariam brotar de minha boca opiniões. Talvez eu devesse ler mais. Pegar outro caminho para casa. Ver um filme europeu. Ler o jornal local. Nah... ler jornal é muito chato.
Sério, gente, vocês conseguem executar essa função com destreza? Manusear um jornal para mim é algo semi-impossível. Deve ser como amamentar um bebê elefante: aquele trambolho cinza, pesado e desajeitado. As revistas sim são civilizadas, com suas páginas tão coladinhas e irremediavelmente seqüenciais. Ou talvez o problema seja minha desorganização mesmo. Provavelmente o é.
O papo ta bom, mas eu já vou nessa. Não vou revisar meu texto e nem pensar num final. Ele simplesmente acaba assim. Cala-se, vira as costas e abandona a rodinha de amigos.
Postado por Zé Bokinha às 18:07 2 comentários
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80
Onde estão as ombreiras, os cabelos coloridos que ficavam tão bem com seu All-Star cano longo? Não ouço há tanto tempo aquela bateria com eco, o teclado brega, o baixo insistente no rádio.
Onde estão minhas luvas sem dedo, minha jaqueta vermelha, meu LP favorito... As crianças não querem mais brincar com o Falcon, e não há fila pro Pac Man. Ninguém curtindo a vida adoidado.
Onde estão os brucutus e o banho de sangue na TV; onde estão os vampiros que não brilhavam no escuro? Onde está o mau-gosto inocente da luta - livre? E o mau-gosto chique nas revistas?
Eu quero os anos 80 de volta.
Postado por Zé Bokinha às 16:59 2 comentários
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quinta-feira, 11 de março de 2010
Hells Bells
Espíritos tomam conta da estrada, acidentes aleatoriamente colados numa sessão provavelmente patrocinada pelo Capiroto. Quem sabe sejam apenas coincidências vistas numa bola de cristal por olhares sombrios e mãos amareladas de Lucky Strike. Certeza das semelhanças entre o que se canta e o que se sente, até quando o que é sentido é um medo. O que era uma brincadeira colorida toma corpo e esbranquiça os cabelos de quem antes não acreditava no que havia detrás da montanha. Mas não. Frase clichê, mas realmente, nada é por acaso. O acaso não existe. Os dândis me contaram num refrão de...
Insiste, persiste. O saravá estuda e ao mesmo tempo registra as fraquezas de cada um, acontecimentos que colocam em desvantagem o mais puro dos corações. Pilotando um avião, vejo da janela um barranco, um português, uma loira e alguns papelotes perdidos no bolso de um casaco. Parece cocaína. Mas é só tristeza. Mãos suadas, coisa estranha. Sensação de impotência diante de mim mesmo num futuro não tão distante. Vendo o futuro em flashback... Vendo minhas ideologias pelo pão nosso de cada dia. O pão que o diabo amassou. Meu pai, minha filha, nossa casa. Um castelo. De destinos cruzados.
Mais uma noite em claro com as perturbações espirituais de sempre. Só um pesadelo normal, caminhões, sangue, devaneios de um rapaz latino americano que não tem a sombra de um dragão cravada no peito. Mas que quer voar nas nuvens, em busca de alguma coisa que ficou pra trás. Uma guitarra elétrica, um café solúvel, cabelos compridos ou uma saudade de tudo que agora ele vive. Letras, lados, lestes. Mas Exu, por favor... Vá pro inferno.
Aliás, não vá; Sente-se na sala, sente no peito. Ligue a TV. Desligue. Ligue de novo. Sem horas e sem dores. Num silêncio de chumbo. Acenda um cigarro e é inevitável, veja o dia passar. O ruído de alguma coisa vai te incomodar. Um sino. Um sino infernal. Nenhuma droga te sacia. Diabo, por favor... Você, o cara mais underground que eu conheço, me deixe viver meus dias mais felizes. Prometo te recompensar. Mas não com minha alma. Só se for preciso. Mas me deixe, por agora.
Postado por Yuri Montanini às 21:39 5 comentários
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Acupuntura intelectual ( Anoiteceu em Goiânia )
Apenas o rádio tocando.
Anoiteceu em Goiânia.
Na escuridão a luz vermelha,
De trás, pra frente.
Nas esquinas que passaram,
Nas esquinas que ( nunca? ) virão
Verde, Vermelhas.
Anoiteceu. Em Goiânia.
Na escuridão só você ouve a canção
Na esquinas que virão,
Há sempre alguém correndo.
Atrás da praça existe uma alegria,
Que na verdade nunca existiu,
Aconteceu ontem, amanhã, toda noite.
Anoiteceu. Em Goiânia.
Porto: Alegre, Velho.
[Saudade]Aconteceu a noite inteira.
Eu disse que o Goiás não iria ser rebaixado.
O Fernandão vai ser campeão do mundo.
Cabelos vermelhos, estranhos sinais.
De hoje em diante, de ontem pra frente,
De hoje em diante, não escrevo mais.
Trazemos conosco os estragos da noite.
Postado por Plínio Lopes. às 12:30 3 comentários
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terça-feira, 9 de março de 2010
Re-direcionar
Postado por André Safadi às 21:51 0 comentários
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Pro dia nascer feliz
As vezes quando tudo parece triste, me dá vontade fumar. Pegar umas moedinhas e comprar um cigarro picado. Mas não, não dessa vez. Não farei isso pois isso é o que me aproxima deles. Essa tristeza travestida em sorrisos casuais/ocasionais/banais, que se vinga em um cigarro picado. Se fizer isso em pouco tempo tudo estará normal estarei.com/dor.
Acordei numa terça-feira nublada em que o frio me arrepia mais do que deveria. Acho que não é apenas mais uma questão climática. Jurei não escrever mais. Não sinto amor e não se pode fingir que sente. Apenas comentarei. Hoje Cazuza.
Gênio indiscutível esse. Não sei porque sua história sempre calou em minha alma. Algumas pessoas são simplesmente mais evoluídas. Seus níveis de percepção, captação de sentidos estão acima das outras pessoas. Logo se perdem na estrada de tijolos dourados ( que não chega em Oz ) que parte do senso comum. Essa estrada leva á overdose, aids, dez mandamentos, pink floyd, nirvana ou outra filosofia oriental comercial qualquer.
Tinham a mente tão sensível e elevada que fizeram o que fizeram. Logo, pagaram . O preço foi pago alto demais por acreditar que só se vive uma vez. Cazuza, Freddie Mercury, Pessoa e outros. Isso tudo para o meu dia nascer feliz.
Acupuntura intelecutal. Nietzsche, Pessoa, Waters, Beethoven, Cobain, Steinbeck. A necrofilia da arte. Shakespeare. Todos agulhas enfiadas ao mesmo tempo. Morri. Estou desmaiado para o mundo fedido que me cerca. Um corpo em estado vegetativo para essa sociedade comercial que me cerca. Um corpo morto no sofá com a televisão ligada enquanto passam os melhores momentos da sua vida.
Um estrangeiro, passageiro de algum trem. Que não passa por aqui, definitivamente não. O frio aperta, mas não tomo chimarrão. Já não sei se é frio ou o meu coração que bate cada vez mais devagar porque estou morto. Prefiro assim, de volta as tendências suicidas que são mais emocionantes. O abandono ao amor em suas várias questionáveis nuances. Mas o amor em si, nunca deixou e nunca deixará de ser uma tendência suicida.
Postado por Plínio Lopes. às 14:21 2 comentários
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segunda-feira, 8 de março de 2010
Ação e Reação
Entre tantos casos, acasos são respostas. Entre tantas verdades, mentiras são para sempre. Em todo caso, tudo transmite um sentido, um lado pode ser o seu e do outro o meu. Acordo cedo hoje e me deparo com a vida curta e sem sentido, caio na mesmice do dia-a-dia e não sei a hora de parar. Ando pra lá e pra cá, sem rumo, ou hora para chegar. Tenho medo do mundo que me apunhala pelas costas, da verdade que transcorre o entardecer dos dias selvagens, que hoje me corrompe. É estranho ir adiante, e concertando as ações do passado. Tudo já passou, hoje não tenho medo de morrer, mas sei que o canto do pássaro é bonito, o bater das ondas nas praias e o verde das matas me prende nessa realidade tão vívida. Ainda quero ter o que não tenho, saber o que não sei, para que um dia eu possa cair na boca do povo, ser exemplo para tudo e todos, que o sonho de um possa ser representado, fazer com que isso, pelo menos um dia possa ser parte da minha vida.
Postado por André Safadi às 13:19 0 comentários
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sábado, 6 de março de 2010
O Palhaço
Postado por Leandro Gel às 12:38 3 comentários
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sexta-feira, 5 de março de 2010
Sutileza inflamável
Numa manhã remota
Perdi meu controle
Feito de tinta, mancha e parênteses
(Eu, não o controle)
Menina forte essa,
Sutileza inflamável
Coloca um espanador
No 'bolso' de uma skinny
São duas da tarde
Gotas de analgésico no cereal
Vodka na garrafa de chá
Nunca é tarde
O boato rola
Por corredores amarelos-hipocrisia
Só sei ser eu
Quando estás comigo
Perdoe a pobreza de meus versos
Guardo o meu melhor pra sussurar
Baixinho, no seu ouvido
Com suas mãos entre as minhas.
Postado por Yuri Montanini às 13:53 2 comentários
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quinta-feira, 4 de março de 2010
Não escrevo mais.
Essa mania besta de ver metáforas a torto e a direita, mesmo que me esqueçam, me julguem boçal louco e normal, sempre me rendeu incidentes, por horas por vezes inconsequentemente desagradáveis. Mas não me importo. Já disse que essa é a maldição do poeta, anunciada pelo imortal [fingir que sente. ]. Sempre tive medo que me considerassem louco em demasia. Talvez poderia ser espancado, acabar sem amigos sentado no canto do pátio rabiscando um texto num bloco de notas. É, uma pena, porque apesar de a violência ser tão fascinante não acabei espancado, mas acabei rabiscando uma baboseira sentimental num bloco de notas no canto do pátio. Talvez se fosse espancado daria algum sentido a tanto drama perdido noir. Tava andando por aí numa dessas esquinas qualquer usando meus princípios medíocres poéticos sentimentais foto jornalistas e vi uma menina com cara de tédio. Pensei em escrever uma carta pra ela. A maldição do poeta é fingir que sente mas a maldição dos contemporâneos do poeta é achar que há algum sentimento que sobre para eles.
Talvez seja um fardo mais cruel do que carregar a poesia em si. Acho que vou fazer um curso pra ser respeitado pelos mais velhos , usar roupas normais e me misturar na multidão. E um dia na fila de uma boate qualquer, poderemos encontrar alguma garota especial, sentir saudade dos velhos tempos poéticos e talvez bata uma ponta de arrependimento por termos perdido todo o espírito sentimental. Então poderemos reviver esse sentimento e nos sentirmos clichês ao nos virarmos e dizer: " Não fui eu, não foi você. Que (m) matou a poesia... que matou a poesia...".
Penso, logo escrevo.
Querida loira e linda das bandas do imortal,
Já tem algum tempo que não te escrevo, desculpe ter te visto e não ter te cumprimentado. Ontem, ruiva na faculdade, antes de ontem, morena no ônibus ou pedindo carona na beira da estrada. Bem, te escrevo com motivos ingratos. Caímas na ingratidão do narcicismo popular. Caímos na rima pobre dos carnavais sem música, caímos nesse vício besta moderno de Rotular.
Ontem a noite uns dez mil anos atrás conheci uma guria. Pensei que era diferente das outras, pensei que poderia ser uma boa amiga, para a qual se mande cartas de amor. Veja bem Loira, O amor nessa ótica moderna, apenas mais um produto que está nas prateleiras, quanto tempo tem ( ? ) eu já não sei. Mais um tema a se combinar como futebol e amigos ou mesmo, futebol e amigos. De todas pensei que ela era diferente, capaz de ler minhas metáforas hipócritas e noir. Não quero ser professor de metáforas e licença poética porque isso seria tema para umas três encarnações pra trás. Serei um cara normal que leva uma vida pequena burguesa dessa que se encaixa num enlatado social qualquer.
Infelizmente, olhos póeticos, sensações abstratas e ilusórias se fazem necessárias. Talvez em lugar algum. As mentiras da arte são tantas, são plantas artificiais. Mas se as flores de plástico não morrem... Artifícios que usamos para sermos ou parecermos mais reais. Por essas, e outras, Loira, que digo, não escrevo mais.
Ciao.
Postado por Plínio Lopes. às 08:21 3 comentários
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quarta-feira, 3 de março de 2010
As cartas que eu também não mando
Postado por Isabella Lemes às 19:49 1 comentários
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Ser ou não ser
Postado por André Safadi às 12:22 2 comentários
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