terça-feira, 23 de março de 2010

A barca encantada rumo as putas tupiniquins

Tava de bobeira, depois de um dia de trabalho. Resolvi pegar uma viagem dessas malucas. Bati meu ponto de cidadão respeitável de quatro mil cruzeiros por mês, dobrei a censura moral e coloquei no bolso. Sabe como é, uma vez por ano o trabalhador brasileiro tem direito a esse privilégio. Tinha meu amigo, o Boi. Esse não precisava chamar. Apesar de ser animal, era amigo dos mais fiéis. De raça nobre. Passamos na taberna do gaúcho, vimos uma loira linda de óculos ray ban fumar um cigarro de palha e depois fomos para uma praça aonde existia uma alegria que nunca existiu. Lá pegamos uma barca encantada com mais uns loucos nela.
Praonde vamos? Acho que dessa vez rolava de ir além do dergo. Descemos para os pampas de nossos cultuados hawaiianos, assistimos um jogo do Grêmio. Festa estranha com gente esquisita. Grêmio, Grêmio, Grêmio! Um estádio , vivo. Na saída um borracheiro nos pergunta: Quantas horas? Vimos umas putas loiras, tricolores ou não, vendendo sorrisos nas ruas, assim como as outras putas, de outras esquinas em outras canções. Talvez menos loiras. Uma delas me chamou pra dançar. A outra disse: Eu sou a loira das bandas do imortal. Vimos um general farrapo entrando num carro importado num condomínio fechado. Entre muros e grades.
Subimos para São Paulo. Novamente, putas, profissionais. Relações internacionais, poliglotas, pós e afins. Sorrisos na Paulista, no Ibirapuera e nos outdoors. Mas por trás desses sorrisos apenas o céu poluído conseguia ser mais nublado. Conheci um cara, terceiro divórcio, a esposa dele tá trepando com o entregador da pizza hut do alphaville, não consegue parar de fumar , com a barba branca por fazer e um terno da armani. Queria comprar a barca. Disse que vamos ficar famosos e que vai valer muito dinheiro. Vive disso,de ganhar dinheiro. Ganhou tanto que se esqueceu de viver. Mas me deu um sorriso com tanto amor que eu me senti o cara mais legal do mundo e um segundo depois tinha toda a angústia do mundo contraída em seus lábios. Puta de colarinho branco.
Vejo um prostituta sorrindo pra mim no shopping mais caro da cidade, vejo um puto sem amor sorrindo pra mim esbanjando simpatia seduzindo com sua beleza no horário nobre. O pior dia da vida daquele vendedor e ele precisa sorrir, ele precisa vender. O político que se candidata e nunca pensa no povo. Nunca na história desse país um político pensou primeiro no povo. Mas na televisão ele sorri e diz que te ama. E ainda tem uns ou outros que editam os takes da censura moral em que os anúncios avisam que se prostituir faz mal.


Enquanto isso, longe demais das capitais, no mundo real, na mesma esquina de outra canção, ouvindo Goiânia no walkman, uns garotos se perguntam: E aí, praonde Vamos?

E alguém sempre responde:

Pro puteiro.

5 comentários:

Zé Bokinha 23 de março de 2010 às 12:11  

très bon

Yuri Montanini 23 de março de 2010 às 21:14  

Alguém quem?

By the way, andaram dizendo por aí que seu maior fã é outro. Mentira. Seu maior fã sou eu.

Marco Antônio 24 de março de 2010 às 08:15  

tá bom. sou seu maior crítico e voce sabe disso, mas sou um dos seus maiores fãs.

Pedro Henrique Malta Martins 24 de março de 2010 às 16:23  

mass fala de puta!

Rafael Rabelo 25 de março de 2010 às 00:56  

Tu é único na capacidade de juntar GYN e POA de forma tão simétrica... Goiânia Alegre, a cidade perfeita!

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