terça-feira, 23 de março de 2010

Queria,



Sabe aqueles caras que querem demais? Daquele tipo de cara que acha Engenheiros do Hawaii pós ¡Tchau Radar! uma porcaria pobre intelectualmente e não gosta de Pink Floyd? Pois é. Caras como eu. Hoje cedo meu pai me disse que sou um desses. Porque reclamei do pão de queijo. 'Nada pra você está bom.' É, deveras. Um chato.

Queria mesmo que as nuvens fossem de algodão. Queria que o povo tivesse voz ativa e mandasse no próprio destino. Queria que o acesso nunca fosse negado. Que a torta de maçã do McDonald's fosse maior. Que os bêbados e febris não engolissem a cachaça como forma de matar a fome. Que tatuagens pudessem ser tiradas sem dor. Que a faca, mesmo depois de muito usada, não perdesse o corte. E põe no samba!

Queria que luz, espaço e tempo fossem fáceis. Queria poder limpar a sujeira. Queria te levar pra ver o pôr do sol. Queria saber usar os porquês. Queria ser criativo. Queria não ser uma prostituta nicotinosa. Queria não viver no capitalismo e poder comer a torta de maçã. Queria que Alice estreasse logo. Queria que não existissem armas de brinquedo. Nem vice, Strauss, índios e risadas. Queria que a violência ficasse restrita aos gibis do Wolverine. Queria ser bom em Biologia.

Queria que ela me falasse uma frase legal pra colocar num texto chato. Queria saber colocar imagens legais em textos chatos. Queria não achar meus textos chatos. Queria não ser assim. Denso. Queria mudar minha cara embriagada no espelho do banheiro. Queria seu relógio Tag Heuer. Queria uma guitarra elétrica. Queria não ser tão vítima da loucura ou da paixão. Queria ter sido um pirata. Que Marlboro Light não tivesse cheiro de maconha, às vezes.

Queria um copo de café. Queria não ter o temperamento pouco agressivo. Queria não tomar o chimarrão. Queria que o Vila fosse grande, da imensidão dos meus melhores sonhos, dos meus maiores amores. Queria pegar o meu tênis e atravessar a cidade, ir atrás do meu melhor. Afinal, hoje é um dia quente. Queria que pessoas como Zeca Baleiro fossem eternas. Que Johnny Depp ganhasse um Oscar. Mas não. Melhor assim.

Lâmina na cara, tesoura no cabelo, desodorante manchando a camisa. Visto meu melhor rosto, meu melhor sorriso e o crucifixo no peito. Junto com você. O cigarro tá no bolso, a maldade no olhar. Queria parar de fumar. Queria gritar pelos cinco mil auto-falantes. Queria que ninguém saísse de casa, ninguém. Queria uma dança bem diferente. E queria que fosse pra sempre. Porque nem todo carnaval tem seu fim.

6 comentários:

Zé Bokinha 23 de março de 2010 às 23:17  

Saber usar os porquês seria uma boa pra mim também. E queria que as tortas do McDonnalds fossem boas. E queria que o carnaval não existisse at all. Mentira. O feriado é bom. Mas só.

Plínio Lopes. 24 de março de 2010 às 00:25  

Também queria que (o) Goiás fosse da imensidão do meu sonho...


;/

C. Vieira 24 de março de 2010 às 15:48  

massa ;]

C. Vieira 24 de março de 2010 às 15:48  

massa ;]

Pedro Henrique Malta Martins 24 de março de 2010 às 16:22  

cocola style

Anônimo 7 de abril de 2010 às 12:40  

acho que tudo isso é possível menos seus desejos em relação ao vila.
=)

  © Blogger template 'Perfection' by Ourblogtemplates.com 2008

Back to TOP