domingo, 21 de março de 2010

Coldplay - "Parachutes"


Ultimamente eu ando deixando um pouquinho de lado meu (lindíssimo, magnânimo, fantástico, excepcional) Prog Rock em detrimento de uma musica mais Pop. Os lamentos do Tears for Fears estão cada vez mais freqüentes em meus ouvidos, e o som requintado do Keane já ganhou mais uma execução em meu iTunes. Estava há um tempo, também, querendo re-ouvir “Parachutes”, o primeirão do Colplay, e a impressão causada em mim foi mais uma vez tão boa que eu não resisti em escrever uma resenha dedicada a ele.

Não pode ser desse mundo uma sucessão tão grande de musicas excelentes, formando a mais sublime trilha sonora para um mergulho na escuridão – acabo de me arrepiar ao som da guitarra de “Everything’s Not Lost”, mas deixemos a última música para o final. O álbum me parece um orgasmo de 40 minutos de duração. E não me venham com esse papo de “A Rush of Blood to the Head” que, por mais que seja um álbum notável e extremamente inspirado em vários momentos, não chega aos pés de seu antecessor.

“Parachutes” abre os anos 2000 de uma maneira que nem os mais mirabolantes fogos de artifício nas mais belas praias do planeta puderam fazer, trazendo em sua simplicidade um charme irresistível. O que dizer da beleza melódica do disco? Temas completamente inovadores, dez músicas de uma sonoridade única, assim como dez impressões digitais únicas que só saem de um único par de mãos. O Coldplay não é subproduto de nada.

Subverterei hoje meu paradigma de análise faixa-a-faixa devido à (louvável) homogeneidade sonora do trabalho. Terão espaço apenas as músicas mais excepcionais do álbum – “Yellow” not included – o que poupará o leitor do tédio proporcionado por uma resenha de três páginas. Aliás, aqui vai uma dica: desligue o PC e corra à cópia de “Parachutes” mais próxima à sua casa.

Para o internauta mais obstinado, aqui vão os destaques do disco: após a banda se apresentar ao ouvinte com a ótima balada semi-SciFi “Don’t Panic”, surge o primeiro momento realmente genial do disco, “Shiver”, que tive a oportunidade de conhecer – mesmo que tardiamente – por meio do jogo de PS3 Guitar Hero. Igualmente fantástica, “Spies” nos delicia com sua atmosfera melancólica de cinema noir.

Por mais que eu tente, não consigo segurar o sorriso ao ouvir os primeiros acordes de “Sparks”, uma lindíssima balada basicamente acústica, possuindo o brilho que faltariam nas baladas do disco seguinte da banda. O grande e – pasmem – inspiradíssimo hit “Trouble” tem como protagonistas o bem trabalhado contrabaixo na melodia principal da canção e a slide guitar floydiana no refrão, além da sensacional melodia vocal.

Tão breve quanto um salto a queda livre, a faixa título do álbum termina tão bela e repentinamente quanto começa, dando lugar às hipnóticas e belíssimas guitarras de “High Speed”. “We Never Change” serve de passagem para o grand finale, a apoteótica “Everyting’s Not Lost”, certamente uma das melhores composições não apenas do Coldplay, mas de toda a cena pop da década. Após uma introdução singela feita ao piano e cantada pelo fantástico Chris Martin, Jon Buckland oferece, gratuitamente, o riff mais simples e genialmente encaixado de todo o álbum. A banda nem termina de dizer adeus e já estamos com saudades. Fazer o quê se o disco é bom, né...

Está bem claro que eu falhei em minha tentativa de produzir uma resenha um pouco mais sucinta, com apenas comentários pontuais em algumas das faixas. Não faz mal, uma vez que todos já conhecem a prolixidade crônica desse senhor imaginário chamado João Lemmos. O que realmente importa aqui é a preciosidade de “Parachutes” e seu grande globo giratório amarelo, que a mim parece mais uma medalha de ouro reluzindo no peito de um medalhista olímpico. Ou no peito de um disco. Ou sei lá. Adeus.

5 comentários:

Plínio Lopes. 21 de março de 2010 às 09:42  

Haha,

excelente o cd, excelente todas as músicas. Também é o meu favorito do coldplay. Embora tenha gostado do Viva la vida, a cada cd gosto menos deles. Mas gostei demais mesmo desse aí. Haha, lembro que a primeira pessoa que me falou de coldplay foi ... ;x

Lembro de um comentário na playboy assim:

"como esse cara consegue ser casado com gwyneth paltrow e ainda assim ser tão melancólico?"

Veja bem, é o dom quixotismo. Mas acho que vô lá comentar pro Chris Martin ser menos poeta, parar de fingir que sente. Casado com uma linda atriz, milionário...

Zé Bokinha 21 de março de 2010 às 11:27  

Huaihoaiuhaoiuhaoiuh!! É que ele se preocupa com coisas como Fair Trade!! Engajamento é algo que te deixa um pouco arrasado...

João Lemmos 21 de março de 2010 às 11:32  

Melancolia é um estado de espírito. Músicas melancólicas me deixam extremamente feliz, e em muitos casos, músicas alegrinhas me deixam puto. Não há Gwyneth Paltrow que de jeito nisso, I'm afraid...

Yuri Montanini 23 de março de 2010 às 21:20  

Tentando me manter focado no disco, mas não consigo.

Chris Martin diz, ao final de Parachutes:

You know somethin', Gwyneth? I think this might just be my masterpiece.

Ótima resenha. Como sempre.

Rafael Rabelo 25 de março de 2010 às 00:49  

Shiver, também escutei pela primeira vez no Guitar Hero - Word Tour - PS3!

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