domingo, 31 de janeiro de 2010

Madness is like gravity...


'Não! Não! Não!' Já dizia Falcão, se grito resolvesse, porco não morria. Agora estou aqui, nessa sala fria. Pelo menos desamarraram a camisa de força. Eu sei, eu sei. Sem qualquer nota, qualquer notícia. Com frio e dopado. Extremamente drogado. Encosta a cabeça na parede. Encosta, acha que tô brincando só por que sou louco? Encostou? Pois é. Agora escuta só. Ouviu? Não? Pois é, estranho isso. É a força do silêncio. Por mais que a gente grite...

Eu já vi muita coisa nessa vida, meus jovens. Eu vi Cristo ser crucificado. Eu vi meus heróis morrerem de overdose. Eu vi sua amiga no McDonald's. Eu vi o grande amor no claro olhar da minha amada. Eu vi cacos de vidro brotarem da minha mão, em outros carnavais, com outras fantasias. Eu vi o janeiro de um rio puro. Eu vi minha avó nua. Eu vi na beira do asfalto tragando a morte, soprando a vida pro alto. Eu vi um cara lendo concentrado. Eu vi a Coca-Cola tomar conta da China. Eu vi gnomos.

Eu vi um ídolo se transformar no babaca da TV. Eu vi a morte do Papa Pop. Eu vi Pink Floyd sem Roger Waters. Eu vi Engenheiros do Hawaii sem Augusto Licks. Eu vi centroavante recuado. Eu vi presidente operário. Eu vi cinco a três. Eu vi seis a um. Eu vi Jornal Nacional. Eu vi um 3x4 teu e não quis acreditar. Eu vi além da fumaça, o amor e as coisas livres, coloridas. Eu vi a lua de cosmo no céu estampada. Eu vi meu lado bom na UTI. Mas passei por tudo isso, entre mortos e feridos.

Porém, ah, porém... Eu vi azul. Eu vi sorriso. Eu vi um copo. Eu vi lágrimas. Eu vi colares. Eu vi Manu. Eu vi atitude, amor e respeito também. Eu vi compromisso. Eu vi sofrimento. Eu vi ilusão. Eu vi mais sofrimento ainda. Eu vi angústia. Eu vi dor no peito. Eu vi alegria. Eu vi estilo. Eu vi charme. Eu vi 'que orgulho'. Eu vi escada. Eu vi desconforto. Eu vi o dia nascer. Eu vi sapatos. Eu vi o que eu queria ver. Eu vi o que eu precisava ver. Eu vi você. E aí a loucura deu as caras. Mas, aonde leva essa loucura? E hoje em dia, como é que se diz: 'Eu te amo'?

'Madness is like gravity... all you need is a little push.'

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Abro meus textos com uma simples definição de amizade.

Amizade é, poder dizer o que pensa e ser aceito pelo que é,


Amizade é, poder contar com o amigo para o que der e vier,


Amizade é, cantar uma bela canção e sair da solidão,


Amizade é, gritar GOL, no momento de tensão,


Amizade é, rir da desgraça com muita seriedade,


Amizade é, garantir que nada irá nos separar, que tudo faz parte,


Amizade é, gastar todo seu dinheiro e rir da situação,


Amizade é, aceitar que o outro lhe estenda a mão,


Amizade é TRUCO seis “mir” ladrão,


Amizade é, dizer ao outro,


Me passa a cerveja por favor!


André Safadi

Mais um culpado



Salve salve, Jornalistas do Hawaii! É com muita honra que anuncio mais uma 'contratação' do JorHaw! Ouvindo 'Geração Coca-Cola', do Legião Urbana. Renato Russo e talz. Hã? Ah é. Pois é. É com muito orgulho que anuncio que o Cocola, o Papagaio, o mais querido agora é um dos Jornalistas do Hawaii! Presença constante nas resenhas, parte da 13ª família, membro da barca, seria injusto deixá-lo de fora. Quase me esqueço: O nome dele é André Safadi. Cocola, seja bem-vindo, e que contagie esse blog com a sua... Alegria. Abraços fraternais e até a próxima.

Algumas pessoas apenas não superam


Já se fazem oito anos que você se foi. Me tornei um clichê derrotado e repetitivo. Enfim, um clichê. Me lembro como éramos jovens e inocentes e sonhávamos juntos com o nosso amor pelos quatro cantos desse mundo. Achava que você era a mulher da minha vida e me via todos os dias em cada quilomêtro que corria. Ora uma casa, um cachorro e algumas crianças indo pra escola. Uma escola protestante de preferência, pra terem a mesma educação que eu tive. Sonhava com o glamour dos filmes noir, você era a atriz principal de todos eles. Daí veio a realidade.

Você atravessando a rua para ir pro trabalho ( simples assim ) e um carro de alguém que também ia trabalhar te pega. Era um cara normal, pai de família. Estive frente a frente com ele algumas vezes embora ele não soubesse e percebi que matá-lo não ia tirar minha dor. E você lá, agonizando no asfalto quente. Sim, a realidade é cruel, palavras de um clichê. O fato é que todos pensaram que era passageiro e eu pensei também. Mas o passageiro se tornou eu, que quando te conheci entrei em uma viagem que não irei voltar nessa vida, a qual creio agora ser minha última parada.
Com o tempo acabei largando a faculdade, uns dois semestres depois.

Um dia desses tive uma overdose e um colega meu me atendeu. Já começa a colher os primeiros frutos da profissão. E só olhando a brancura daquele jaleco percebi como eu sou sujo. Como eu já estou morto. Me lembro daquelas brincadeiras do primário que a professora gritava: Morto ! Vivo!

Quando você se foi, eu morri e perdi a brincadeira. Quando gritaram vivo, não consegui levantar. Não tenho coragem de falar que você morreu por você vive desde a chuva que cai ácida até o grafite da rampa de skate da esquina. Larguei a faculdade, cortei o cabelo, parei de corre, de lutar e aprendi a fumar. Comi muitas putas, algumas casadas e respeitosas, outras profissionais. Todas sem amor.

Trocaria a decoração de todas as lingeries pretas espalhadas pelo chão do meu apartamento sábado de manhã só pra poder olhar seus olhos mais uma vez. Agradeço a Deus simplesmente o fato de um dia ter tocado seus cabelos. Pois bem meu amor, chegou a hora de ir. Tem oito anos que um eu distante aguarda ansiosamente por esse momento. Estou indo te ver. Te amo.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

O rei deposto

Cinqüenta e seis anos de vida. Uns trinta anos de tristeza, trinta e quatro de casado. Oito anos sem transar. Uma casa com três quartos, um casal de filhos, quatro netos. Dos filhos, só o mais velho casou, tem um casal. A outra tem dois filhos, machos, um de cada pai, mas ainda mora aqui. Três quartos e eu durmo no chão da sala, um é dos garotos, um fica a minha mulher e o outro aquela que eu chamava de minha princesinha. Dizem que os números não mentem, os meus dizem: “Potencial suicida!”

Prefiro ficar na oficina, ela é minha, motos e carros, dizem que sou bom nisso, nessa de consertar essas máquinas sobre rodas, mas não tenho o mesmo dom com as finanças, não sei cuidar das verdinhas, nunca juntei dinheiro. Não sou alcoólatra, não uso drogas, nunca fumei um maldito cigarro, não gasto com putas, não sei onde enfiei e enfio a merda do dinheiro. Ele apenas some, sai voando por aí, pula do meu bolso e corre, sei lá o que acontece, mas ele some. Porra! Cinqüenta e seis anos e durmo no chão da sala da casa que meus pais fizeram para mim quando eu tinha 21 anos. E é isso que eu tenho, uma casa que meus pais me deram e um Chevette 73.

Cinqüenta e seis anos... Decidi sair daqui, vou alugar um cômodo, lá perto da oficina mesmo. Estou pensando em começar a beber feito um louco, comer putas. Fumar não, aquela merda enjoa meu estômago só de ficar perto de quem está fumando. Meu Deus! Cadê minha vida, em que buraco a enfiei!? Que merda é essa!? Cinqüenta e seis anos e fui praticamente enxotado de casa. Meus filhos estão nem aí para mim, minha mulher me odeia e eu nem lembro mais qual é o cheiro de uma vulva molhada. A vida, essa é a minha. O único cheiro que eu lembro é de um motor lubrificado pelo óleo.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Com apenas seis reais...



Tô vendendo um teclado meia boca e desbotado, 6 reais, alguém anima? Também tô vendendo minha desilusão e falta de fé nas causas perdidas, se alguém quiser trocar por amor ou por um violão também aceito. Não pretendo escrever nunca mais, vou ser um dito cidadão respeitado que ganha 4 mil cruzeiros por mês. Ah, vou parar de fumar também.

Não acordei muito literário hoje, meu coração não tá batendo. Batendo sempre sentido Portal do Sol. 8 chamadas não atendidas, meu coração bate, bate rumo ao Portal ou pára de bater. 8 chamadas não atendidas no celular, incontáveis lágrimas que nunca vão cair e tô vendendo meu teclado, por apenas 6 reais.

O sol bate na janela
Como bate o coração
Queria que batesse,
Batesse no meu portão
Deixo o sol bater na cara
Esqueço de pagar a prestação.

Você pode comprar uma camiseta do Che Guevara ou um All Star azul mas por apenas 6 reais eu te vendo meus vícios e nenhuma virtude, eu te garanto que você vai ter bastante inspiração pra escrever e vai ser o herói das histórias em quadrinhos pós-modernas. E praquela tia clichê do primário que falava que (IN) felicidade não tem preço, eu te falo:

6 reais, algumas letras desbotadas e ainda te dou o meu cinzeiro predileto, por que vou parar de fumar. Cinzeiro em formato de coração, cheio de cinzas como o que carrego no peito, mas isso é detalhe. Com 6 reais não posso comprar uma passagem pra Europa, não posso pagar matéria repetida pra ficar na sua sala, não posso comprar colares. Posso comprar um cinzeiro, como o que vai de brinde. Mas pra que?

Não prometo parar de fumar, prometo que vou tentar. Mas provavelmente, vou morrer tentando não te amar também. Te amarei mesmo que o sol não bata na janela do teu quarto, mesmo que as desilusões voltem na caçamba de uma caminhonete azul que você jura ser preta. Trarão com elas os cabelos já não tão curtos e o All Star que pediu pra eu não esquecer.

Te amarei mesmo que eu não consiga mais nada. Mesmo sem cigarro, sem renda. Te amarei mesmo que eu seja o louco com uma camisa de força numa sala vazia. E o meu amor é cama de casal, é televisão ligada na Globo, é a mesa em que reparte o pão. É a tag dog que levo no peito, ainda sem gravar o seu nome que não combina com as derrotas que a vida me impõe. É você deitada com os cabelos no meu peito, tomando meu café 3 por 5 que faço todos os dias.

Deixo um recado na porta da geladeira, não se preocupe com isso:



Não existe morte e não existe vida desde que te conheci e me seduzi pela própria loucura de um dia...

AMAR.


Texto escrito por Plínio Lopes e Yuri Montanini, a maior afinidade textual no melhor grupo do msn de todos os tempos da última semana.

O último mortal


Queria pra mim o canto da banda dos imortais
Que ecoasse pela eternidade
Arquibancadas,cadeiras, gerais
Queriam que todos gritassem apaixonados
Imortalidade!

Que o ritmo fosse o amor,
grafitado no muro da esquina,
Ou aquela tragédida banal,
estampada numa banca de jornal,
Queria ter o dom de amar, que pra isso precisasse ser um anjo,
Que caísse ou o mais burro animal.

Queria que todos fossem românticos como eu,
que encontrassem arte no bêbado deitado na calçada,
ou amor na menina da mesa do lado,
Que vissem estrelas em um céu nublado, cinza

Camiseta do che,
moedinhas pra comprar cigarro
e uma xerox da faculdade qualquer,
e todo o amor do mundo sentado no último banco do ônibus

Mas afinal o que é o amor?
Uma vez me disse que eu tinha sonhado,
que lá do alto da montanha,
no final do arco íris,
havia amor além dos outdoors.

Decidi ir procurar,
acabei conhecendo uns loucos pelo caminho.
Muitas palavras algumas loucuras e sentimento
Todos também queria tocar nas bandas do imortal


Acabamos nos trancando em uma sala apertada,
resolvemos editar um jornal
e a capa era o último dos românticos,
o último mortal.

Era um joão qualquer igual a ninguém que descobriu se havia amor além dos outdoors.

Era um garoto que como eu, amava os beatles e os rolling stones.

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

O bêbado e a equilibrista




Era uma vez um bêbado. Cigarro no canto da boca, roubado do pai. Sim, ele tinha família. Cigarro no canto da boca, barba por fazer e a camisa aberta, deixando aparecer o crucifixo que levava no peito. Uma pulseira preta trajando luto. Diz que tinha tatuagem no braço e dourado no dente, mas isso ninguém nunca viu.

Parava, sentava no viaduto e observava a lua, tal qual a moça do copo. Era sonho, era linda. Era a mulher mais linda que já pisou nessas terras, nessas noites do Brasil. Era mesmo como a lua. E o bêbado, sentindo uma dor pungente, tinha esperanças.

Era uma vez, na mesma vez, uma equilibrista. Cigarro no canto da boca, roubado da mãe. Cabelos curtos e escuros, unhas coloridas e uma sombrinha xadrez. Olhos tão brilhantes que poderiam matar. Diz que tinha uma cicatriz no rosto, mas isso não importava. Continuava sendo a mais linda que já pisara ali.

Observava o bêbado no viaduto, sentado, ainda. Era o sujeito mais doce que qualquer Clarisse tinha visto. A equilibrista, sabendo que em cada passo dessa linha, podia se machucar. Mas andava mesmo assim. Sentindo uma dor pungente, tinha esperanças.

O bêbado se acostumou com a angústia, a equilibrista com o trapezista. Ele achou que o amor nunca viria, e ela achava que vivia no amor. Mas descobriu no bêbado o amor de verdade. E o bêbado não suporta mais a angústia que antes era fiel.

'Quem um dia irá dizer que existe razão nas coisas feitas pelo coração? E quem irá dizer que não existe razão?'


segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Perdido em um dia que começou depois das 3:00.

Um belo de um fracasso, diria sem pena, sem pressa, a mim mesmo, frente ao espelho sujo do meu quarto. Poucas conquistas, algumas histórias sem graça que de tão sem graça nem os meus netos quererão escutá-las um dia. Sim, me rendi a isso tudo. E quando digo que me rendi, não foi ao jogo sujo aí fora, do mesmo e os mesmos repetidos dias até o fim de sua vida. Quando digo que me rendi foi ao nada, a ele me rendi. Sim, a você nada, cheio de coisa alguma e com contornos de vazio.

domingo, 24 de janeiro de 2010

Ops!





JornHaw editora de quadrinhos escritos no papel mais vagabundo e abstrato, movido a pura abstração sentimental de quem finge que sente,
escritos por mãos que fedem cigarro, localizada na terra de gigantes, longe demais das capitais N°33. Aonde? Aonde as flores crescem no asfalto. Que ( M ) fala demais por não ter nada a perder mas o que importa? Afinal se a propaganda é alma do negócio e estamos além dos outdoors.


Ahn?

Foi mal,

Porque?

Por ter vendido a alma ao diabo.

Ah, beleza. Vai um cigarro aí?


‘Rotina masacrante sem pontos vírgulas ou sentimentos é difícil de ler né mas é sufocante assim mesmo! O dia dia que passa passa nos atropela massacra consome e reduz a nossa existência e sensibilidade aguça a solidão. AH! Carro a 200 por hora na estrada, no som tocando ashes in the fall, rage against the machine.

Essa burguesia é assim mesmo. Filhos da puta. Burguesia ianque do caralho. Piso, piso fundo e o carro não aumenta a velocidade. Acho que não dá pra ir mais rápido que isso. O volante tá tremendo já. Aumento o som, não escuto mais nada. Dá vontade voar, romper. Não tenho medo de acidente, a acidente já tem nome e data marcada.

Tudo era comum e medíocre. Escola cinema clube televisão totalmente adaptado e regulado dentro da minha rotina pequeno burguesa longe demais das capitais. Mas daí de repente, como uma puta que pede uma nota de 2 reais pra trocar a música na jukebox o acaso me coloca você. E eu que gostava de desfilar pela beirada, sentir a doce sensação do perigo acabei sendo derrubado por uma pedra que eu não sabia que existia. Uma pedra sentimental ridícula e que juro ser passageira. O ridículo da vida, o amor.


Flertei, fui irresponsável e Ops, me desequilibrei. Agora não sinto meus pés no chão, não sei aonde vou cair nem quanto tempo vai durar essa queda. Não tive tempo nem de mostrar o que se enxerga lá do alto. E já estou caindo para junto dos mortais. Sofrimento, alegria demais, nenhum cigarro e pouca produção textual.’




E aí gostou?


Não sei, mas se você realmente for se tornar um viadinho feliz vou ter que te demitir e contratar outro otário por aí que desenhe quadrinhos miseráveis de graça.

sábado, 23 de janeiro de 2010

Morde a morte, a mordida


Dias: 22 e 23 de janeiro.
Lugares: Nega Ló, Gordo e Kuka.
Pessoas: Monta's, Veín, Faella, Negão, CA, Antônio Vinícius e Luiza.
Cigarros: Black, Lucky Strike, Sampoerna e Marlboro Light.
Pensamentos: Você.

Resenha fortíssima, fui do Goiânia Shopping pra casa do Negão, assoviando 'Amanhã é 23' do Kid Abelha e de lá pro Nega Ló. Nega fecha cedo, de lá pro Gordo. Gente de bem, apressada, católica. Alguns já são meus irmãos. Em determinado momento da conversa, o Veín falou alguma coisa sobre morte. Eu virei, com a camisa aberta e a cabeça em qualquer lugar onde você estivesse e 'não, não posso morrer agora'. E fomos pro Kuka.

Kuka é um bar meio 'alternativozinho', só não tente falar isso perto da galera firmeza que frequenta o bar. Fiquei pensando nisso, de morte e em você. Pensamentos egoístas. Me veio na mente aquela coisa que você faz com a boca quando fica com vergonha. As unhas azuis, que pintou no msn. E o Batman, por algum motivo. 'Uma água com gás'. Hoje estou sem beber. Passei mal o dia todo. Eu só queria estar aí.

Fiquei com aquela coisa na cabeça, de não poder morrer. Não agora. Não tenho um filho, não tenho cachorro. Não tenho que pagar a prestação do apartamento, nem IPVA, nem comprar polainas. Mas simplesmente, não posso morrer na contra mão atrapalhando o sábado. Eu dizia ainda é cedo. Cheguei em casa, peguei o fone de ouvido. Marisa Monte, Magamalabares. Ouço essa música compulsivamente, como se fosse um pedacinho seu.

Entro na internet, mas sem graça que um café sem cigarro. Se tivesse sol agora, ele seria cinza. Meu pai chega na porta do quarto e resmunga alguma coisa do tipo 'tu tá estranho ultimamente'. Parece cocaína, mas é só tristeza. Reza a lenda que a gente nasceu pra ser feliz. Sabe quando o tédio invade o corpo e quebra todos os seus duzentos e poucos ossos? Isso por que acabei de chegar em casa.

Quando não estás aqui, sinto medo de mim mesmo. É, não posso. Não enquanto eu não tiver certeza. Cinco e onze da manhã. A realidade cor de rosa parece embaçada, de novo. Tudo muda ao teu redor, o que era certo, sólido, dissolve, desaba, dilui, desmancha no ar. E eu não posso dizer nada. Há mais de mil destinos em cada esquina, e eu espero estar em cada um deles. E vivo.

Quarenta graus, cento e cinquenta reais


Um dia nessa porra dessa guerra sai com os rapazes pra tomar uma cerveja. Todos ficaram trêbados. Fomos dar umas voltas pela vila. E nessas horas, tarde da noite, os fantasmas da guerra começam a aparecer. Uma bala perdida, certa ou um amor de infância que seja mal resolvido. E bagunça vai bagunça vem, resolveram estuprar uma mulher. No começo me opus, mas me julguei incapaz de me colocar contra eles. Nos meus momentos de fúria e raiva nessa guerra já fiz crimes que tenho vergonha de contar a mim mesmo. Simplesmente não fui capaz de proferir uma sequer palavra. Ela tinha dois filhinhos, duns 10 anos. Ela era uma venezuelana, duns 35 anos, muito bonita. Aparentemente solteira e pobre. Mandaram os meninos irem brincar e levaram a mãe pra brincar no quarto.

Fiquei lá fora completamente dopado e fora de minha consciência, e só me lembro de tapas, gritos e palavrões. Saíram um a um, o primeiro, o segundo, o terceiro até o quinto. A cena clichê de um filme. Cigarro no canto da boca, garrafa de cerveja e calças caindo. Depois do terceiro ela não gritava mais. Podia ser julgado na corte marcial como por ter permitido que aqueles soldados rasos fizessem aquilo. Mas eu, um monstro , não tenho o direito de censurar os instintos de outros monstros. Quando o último foi, me falaram : Porra capitão, vai lá. Por uma covardia, medo de ser desrespeitado e outras coisas mais que nunca assumimos pra nós mesmos entrei no quarto.

Cheguei na cama vi aquela linda mulher, fragilizada, sangue escorrendo pelo canto da boca, rosto inchado de ter apanhado, com as roupas rasgadas, tão machucada por dentro que nem forças pra cobrir sua nudez tinha mais. Quando me aproximei ela me olhou com o ódio de um animal selvagem nos meus olhos. Me comovi. Como ela era linda. Peguei um pano pra limpar o sangue do canto de sua boca e me aproximei pra limpar. Ela cuspiu em mim. E de repente ( era disso que eu falava ), não me controlei e dei eu mesmo um murro em seu rosto. Ela desmaiou. Sentei do lado de sua cama, acendi um cigarro e esperei uns 30 minutos. Depois saí de dentro, falei que tinha sido bom e mandei voltarmos pro acampamento. No caminho passamos por um campinho de futebol que seus filhos jogavam futebol.

Pensei nela, dias, meses. Me falaram que o nome dela era Juliana. Procurei o rosto lindo e machucado dela em todos os copos de uísque, puteiros, espelhos e soldados da Venezuela. Nunca a encontrei. Não sei porque aquela violência mexeu comigo. É como se eu fosse um lago com as águas agressivas que de repente se acalmaram. Mas faltava sim, alguma coisa. Faltava ela. Reli todos as cartas que já havia escrito e que nunca ia mandar. Colhi todas as flores que não haviam na beira do asfalto de um país destruído por uma guerra. Seis longos meses e nunca a tirei de minha cabeça.


Um dia eu não aguentei e voltei lá. Bati na porta várias vezes, por quase 25 minutos. E nínguem atendeu. Só de curiosidade dei a volta pelos fundos e vi um jipe do exército parado. E bati na porta dos fundos. Saiu um oficial enrolado em um roupão perguntando o que que eu queria. Não respondi. Apenas fui embora. Algumas vezes a vi no acampamento passando de bicicleta, ou com seus filhos. Outras saindo do quarto de alguns soldados. Como daria qualquer coisa pra falar com ela.

Novamente fui em sua casa e dessa vez estava vazia. Ela abriu a porta, apenas de lingerie. Abriu seca, fria. E de repente viu a farda, como um vendedor de uma loja qualquer, abriu um sorriso e disse um simpático bom dia. Não falei nada, não consegui. E ela passa a mão em meu ombro e diz: 150 reais. Pago, uso. Não falo nada. Volto no outro dia. E no outro. Depois de quatro dias conversamos. Seu marido morreu na guerra, havia perdido seu emprego e a casa que ela poderia alugar era usada pelos brasileiros. Perguntei se ela se lembrava de mim. Ela olha em meus olhos e de repente se enche de fúria, pega a primeira coisa pela frente, cobre os seios e diz: Saia já daqui. E eu: Calma, vamos conversar. E de repente ela começa a chorar. Não aguento, a abraço e lhe dou um beijo.


Nos deitamos na cama e começamos a fazer amor, de repente olho em seus olhos e vejo aquele longíquo animal selvagem de tanto tempo atrás. Ela estica o braço, pega algo no criado mudo ao lado da cama, escuto um estalo ensurdecedor e algo gelado descendo em minhas costas. Era minha pistola. Acho que levei um tiro. A morte é gelada escura e ensurdecedora. Fico embrigado com o cheiro de sexo, perfume de mulher, pólvora e cigarros. Olho pra ela jogada de lado na cama com seu olho vingativo triunfante. Tudo começa a escurecer. Ela olha pra mim e diz:

Filho da puta.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

4 cantos, 4 paredes [ in- felizes ]


Caralho, que ressaca.


Minha cabeça parece ser umas quatro vezes do tamanho que ela é dentro do tamanho real que ela tem. Meus dedos tão cheirando cigarro. Tem cerveja espalhada pelo quarto inteiro. Me levanto da cama, parece que estou pisando em ovos que vão me espancar de quebrá-los. Olho pra minha cama, não me lembro direito do cara que tá dormindo lá. Acho que ele é um motorista de caminhão, acho não, era isso mesmo. Tava no mesmo bar que eu. Duas palavras sobre futebol, sobre ser brasileira e morar na Itália e já estávamos na cama. O cara é gordo feio e ronca demais. Acho que vou lá mandar ele vazar. Bora meu, vamo pegar descendo aí que o puteiro fechou. A caridade brasileira já atingiu a cota. Ele olha com aquela cara tipicamente italiana de discordância geral, sobre um penâlti não marcado ou nesse caso, ser despejado. Não entende porra nenhuma que eu falei mas acaba saindo meio com as calças na mão. Escroto.

Olho pro canal, penso. Logo, desisto. Quando terminei a faculdade queria vir pra Europa dar um rumo nessa vida, ter uma experiência bacana. Mas é difícil esquecer os mortos. Ligo o som, alto. Metallica, Enter Sandman. Tá pouco, aumento o volume. Que lixo. Muito prazer, Melissa Pelisaro. Tem 6 anos que eu to falando que ia parar de fumar. Pensei que agora com 27 anos estaria apresentando na SporTv.
Mas cá estou eu, fumante, na europa, trabalhando fora da minha área, trepando um velho bêbado qualquer. Algumas tatuagens a mais e fé de menos.



Não levo fé nenhuma em nada. Não consigo acreditar que são por amor as causas perdidas. Não consigo acreditar que aquele cara bonito que ficou comigo na outra cidade realmente gostou de mim como disse ter gostado, ou que a stripper que dançou no meu colo 5 meses atrás realmente queria me beijar. Não levo fé nenhuma no amor, em nada. Minha existência é desprovida de qualquer tipo de crença. Sou, vou indo. Vazia, Vazia.

São variações sobre o mesmo tema. A minha existência desprovida de paixão e crenças. Todos os amigos que fiz, os amores, larguei para trás. Minha cidade, meu time, esse já não vejo há alguns anos. Minha profissão? Essa não passa de um post qualquer com um cigarro aceso enquanto um menino de 16 anos fica me encarando pela janela. Minha maldição é não ser nada. Enquanto isso, vivo. Intensamente talvez, enquanto a ressaca não chegar.

Milão, Roma, Turim. Berlim, Frankfurt, Londres, Lisboa, Porto. E continuo tão perdida quando estava na porta da escola ouvindo Avril Lavigne e chocando os garotinhos. Será que vale mesmo a pena ir tão longe? Com tantas filosofias, crenças e religiões? Hoje vejo que tudo isso que fiz, toda essa viagem me fez sacrificar minha vida. Não consigo olhar para trás, sentar na arquibancada do serra ou voltar tudo ao normal. Não consigo mais ouvir Avril Lavigne. Os livros, os mistérios, as conquistas e as revoltas da juventude me levaram a um caminho sem volta. Me expus a expressões da mais aguçada sensibilidade artística, em busca da felicidade, em vão, acabei elevando minha consciência. E hoje procuro a felicidade nas coisas simples da vida, como trepar um caminhoneiro bêbado fedido em um bar de periferia. Procuro em vão.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Pergalė

Sabe, eu estava aqui sentado na cadeira giratória, na santa paz de Deus, quando um amigo me chama no msn e diz que uma guria dos tempos de colégio faleceu. Tentei colocar o pé descalço no chão e não consegui. A morte me assusta, ainda. Ela se sentava na minha fileira, duas cadeiras a minha frente. Era engraçada. Não era minha amiga, mas era o suficiente pra eu sentir a pior sensação do ano. A morte é algo egoísta. Eu nunca surfei, mas acho que a vida deve ser encarada como o surf. Afinal, a gente nunca sabe quando vem uma onda gigante e nos engole. Devemos ser felizes. E a Leidianne era. Estampava um sorriso contagiante no rosto. E não podemos fazer nada por ela. Isto é pior do que a prisão. Descanse em paz, Leidi.

Bom, só pra não perder o costume de postar versos que escrevo nas mensagens do celular:

Casebres de palha, velhos jogando dominó
Crianças admirando um Maverick
Queimo no sol, queimo no pó
E qualquer rima aqui seria inútil.
Música séria, a chuva cai, a vida passa
Cães vadios, camelôs e a mesma praça.

Flashes de luz, um crucifixo no pescoço
'Por que você nunca olha pra câmera?'
A deusa do amor se move num sapato roxo
Enquanto isso, no rádio velho
Toca uma nova canção:
'O amor não é pago antecipadamente
como o aluguel.'

Não pense no que vai perder,
Pense no que pode ganhar.

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Banal


Acordei com saudade,
Vontade de ver de novo
Mais um dia sonhei com você
De ressaca dessa cidade

Ontem talvez era outra,
e amanhã talvez não seja você
nessa cidade tão grande
a sedução vai e vem,
mas a saudade,
essa não tem hora marcada.

E mesmo que tenha sentido essa saudade ontem,
de outros bares e de outros amores,
hoje sonhei e amanheci com saudade de você,
querendo ser um cara brega,banal
e só queria te mandar flores.

Talvez sinto saudade do que nunca senti
Vontade tragar um palheiro,
Ouvir um modão qualquer, sozinho
No meio do nada.

Talvez esse seja o segredo da minha saudade
De tanto amor,
que mesmo por dois segundos senti.

Talvez eu, nunca existi.

domingo, 17 de janeiro de 2010

Paixão Noir




Teve gente que pediu pra eu escrever em prosa. Outros garantiram que preferem os versos. Ainda há aqueles que torcem demais pra eu perder a mão e parar de escrever. E tem também a que me ameaçou de morte caso eu parasse. Pois bem. Não sei o que é melhor, ou menos pior. Me agrada escrever, e vou fazendo conforme a situação e vai ser assim pra sempre. Frases soltas, versos sem nexo. Nexo zero, fome zero, Coca zero. Quero tanta coisa e só me dão o que não quero. Eu continuo me perdendo sempre que tento não escrever sobre você.

Sobre você eu me perco ainda, as vezes, mas pela caneta não conseguir colocar na folha branca tudo que passa aqui. E já não passa nenhum carro por aqui, já não passa nenhum filme na TV. O canal fechou, mas os pontos estão abertos. E não vão se fechar tão cedo. Talvez o Google tome conta da China, a Palestina consiga sobreviver, o nada ganhe tradução. Mas a ferida ainda estará aberta, sangue escorrendo como as águas de Março. É verão, por que tanta pressa?

Ouvindo Nunca Se Sabe, uma das músicas mais malucas dos Engenheiros do Hawaii. Mas é um 'maluca' bom. Viagem sintética. Ou não. A cabeça roda. Deus inventou o freio. A cabeça roda e pára a milhas e milhas de qualquer lugar. Pego um refrigerante na geladeira e vejo um bilhete com as iniciais dela. Eu mesmo deixei. 22; 1. São apenas números. E o que eu faço sem esses números? Bebo o refrigerante com a calma que Adão teve pra cometer os pecados no paraíso.

Eu nem sei como me sinto. Poderia me sentir um estrangeiro, passageiro de algum trem, que não passa por aqui, que não passa de ilusão. Ilusão, odeio essa palavra. Não é que eu faça questão de ser feliz. Poderia me sentir como um puro sangue puxando carroça. Na ponta dos cascos e fora do páreo. Barba feita. Atoa? Não sei. Não sei nem errar. Por vezes me acho na areia, ou como um cão que avança feroz contra um carro.

Acho que não sei o que sinto, só sei do que eu gosto. Eu te olharia por anos e não ficaria cansado. Me sinto como um velho sentado de frente prum lago, de boina e numa cadeira de fios, casaco xadrez. Tragando um fiel palheiro, te fantasiando na fumaça, vendo você ir embora com o vento. Mas o vento que vai... E agora, que a terra é redonda e o centro do universo é outro lugar. E o centro de tudo é você, no meio de tudo, você.

Se eu tivesse a força que você acha que eu tenho... Claro como gelo, nem pra te esquecer eu sirvo. E se eu servisse, não iria querer. És parte ainda do que me faz forte, e pra ser honesto, só um pouquinho infeliz. Por amor às causas perdidas, por mais perdidas que estejam.

Aninha




Aninha menina
pequena e traquina
da casa da ponte
gostava de escrever.

Aninha menina
Pequena e falante
da beira do rio
gostava de poesia.

Aninha menina
da casa da ponte
foi comprar retalho
para fazer vestido

na velha cidade
de Vila Boa de Goiás.
Demorou 70 anos para descobrir
que era Cora Coralina...



Poesia de autoria de: José Pereira Lopes Júnior, Extraído de: www.palmeirasdegoias.blogspot.com

Foto: Cecília W.B.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Liberdade, Guerra Fria




Posso escolher celebrar o ano novo chinês, o Natal ou o Halloween
Posso escolher ser neo grunge ou drag queen
Posso escolher entre o casamento e o celibato
Posso escolher o All Star ou o sapato
Posso escolher se vou de carro ou ando a pé
Posso escolher o calor ou o picolé
Posso escolher entre a Warner e a Fox
Posso escolher o Agágê ou o Bono Vox
Posso escolher os orgânicos ou os geneticamente modificados
Posso escolher soprar ou ligar pro advogado
Posso escolher Tony Hawk ou Chad Muska
Posso escolher a BMW ou o Fusca
Posso escolher ver Sherlock ou Avatar
Posso escolher, um tiro ou me enforcar.



Acontece que não tenho escolha,
Por isso mesmo é que sou livre.


quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Meu amigo, o cinzeiro.




Olhem pra esse cinzeiro. Cada cigarro é uma música. Eu contei sete. O primeiro, Exagerado. Logo pela manhã, o melhor do dia. Tudo por conta de um sonho de amor. O melhor cigarro, o amor o melhor da vida. Ambos fazem mal a saúde. O cheiro paralisado em minhas narina. Marlboro Vermelho. Seu perfume. A sensação do seu beijo e o coração palpitante. Trago, amor da minha vida daqui a eternidade. Nossos destinos foram traçados na maternidade.

O segundo, Beethoven. Pra lembrar que eu te perdi e tudo ficou uma merda. Pro meu coração chorar. Sonata Claire de La Lune. O piano seco, tão seco quanto a minha casa vazia, as janelas fechadas, todos os móveis cobertos e as malas prontas no meu pé. A solidão de uma casa vazia, uma caixinha de fósforos de um motel qualquer e do outro lado, Beethoven, gênio cruel, sentimental e intenso me esfaqueia sem que eu tenha tempo de respirar com seu piano.

O terceiro, Negro Amor. Para lembrar que mais uma vez tudo passou. Mais uma vez fiz os melhores amigos da minha vida e eles foram embora. Mais uma vez namorei, me apaixonei e pensei que era amor. Mais uma vez pensei que o Goiás ia ser campeão de alguma coisa. Mais uma vez pensei que era talentoso, que era especial. Mais um cigarro no meio da noite enquanto os cães latem e o seu nome susurra suavemente na minha cabeça na lembrança que insiste em ficar. Te confudem com a de ontem, ou aquela daquele dia. Porque eu não conto para o mundo o tanto que eu te amei. Tenho medo que eles pensem que sou louco.

O quarto, Pink Floyd, Comfortably Numb. A boca seca, a vontade chorar. Olho para essa casa vazia, os móveis cobertos e hesito na minha decisão de ir embora. Talvez farei novos amigos infinitos enquanto dures e conheça novas garotas. Talvez eu encontre um sentido. Minha garganta dói e dentro de mim cada parte da minha existência pede por lágrimas. Mas não consigo chorar. Sou tão duro quanto o chão empoeirado do apartamento vazio em que estou prestes a abandonar. A música entra em meu peito, não encontra um coração e fica ecoando, ecoando, ecoando...


Esses dias conheci uma garota linda em um café perto do trabalho. Linda, loira de óculos. Disse que não dormia sem ler o seu JorHaw. E ela me perguntou porque meus textos eram tão tristes. Não respondi. Talvez agora ela esteja olhando pra mesma noite que eu, talvez em uma casa igualmente vazia mesmo que esteja lotada. Talvez não. Talvez seu amor seja tão falso quanto o sorriso do político do outdoor do outro lado da rua. Nunca mais confiarei em amor alguma.

Olho pra janela, vejo além dos outdoors. Por cima das caixas em que meus livros estão empacotados pego o maço vazio de Marlboro, pego o último. Jogo o maço amassado no chão. E respondo pra ela.

Escrevo tanto sobre amor, perco a conta dos meus dias, das minhas músicas e dos cigarros porque, pra ser sincero, minha amiga. Até mais.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Blue me dava razão!


No táxi que me trouxe até aqui, Ice Blue me dava razão.



Ouvindo sininhos




Olho na janela em minha frente, vejo o Isaac parado na esquina. Maldito hippie sujo. Lado de fora, tudo na santa paz de Deus. Do lado de dentro... Dentro do peito, ou da cabeça, sei lá, uma angústia que já não cabe na página. Não caberia em um livro. Os livros não são sinceros.

Um cavalo selvagem, sem sela, que atravessa a cerca querendo ser domado. Deus não dá asa a cobra, já dizia... Otto Glória. E se der, tira o veneno. Como alguém que salta de um prédio, entra na frente de uma carreta, sabendo das consequências. Mesmo sendo inconsequente. Eu queria muito tudo isso. Eu lutaria mesmo por tudo isso. E vou. Até o fim.

E foda-se se aqui não é meu diário, ou se mais uma lata cabe no armário, ou se acabaram as pilhas, se a música é ruim ou se você se acha gorda. Se não há nada, por que todos temem perder todo esse nada? Acendo um cigarro, vejo o dia passar. As luzes no prédio em frente se apagam. Mais uma garota acaba de secar os cabelos e vai dormir. Ou não. Não aguento mais isso, essa situação...

... Latir sozinho e escutar o eco. A cadeia seria melhor, mais interessante. Sua foto de papel de parede no meu computador mostra a cicatriz que eu gosto tanto. Bem menor que a que vai ficar aqui. O cigarro se apaga, mesmo sem vento. Sem vento, sem documento, sem documento, por quê não?

Daqui de cima posso ouvir Secos e Molhados. Não sei a música, não sei o que fazer. Melhor correr enquanto há tempo para nós. 'Facilmente' não existe por aqui, simplesmente não é assim. Não vou me arrepender daquilo que não fiz. Ela sabe o que desejo, sabe o que eu penso. Queria que essa página estivesse em branco, pra eu escrever 'Te Amo'. E ponto.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

25 anos de Engenharia Hawaiiana...



"Os estudiosos ainda não sabem com certeza se a Engenharia Hawaiana é arte, ciência, religião, esporte ou falta do que fazer. Mas numa coisa todos concordam: Ela é mais velha do que se pensa e nasceu da necessidade do ser humano (pelo menos de três deles) de derrubar muros e construir pontes.

Talvez por isso a Engenharia Hawaiana tenha vivido uma fase tão fértil no Brasil, no fim do século XX, um país e uma época cheios de distâncias a serem vencidas e muros a serem derrubados.

Como eram os primeiros Engenheiros do Hawaii? Eram garotos, que como eu, amavam a estrada e algumas canções."

Humberto Gessinger

Parabéns a todos os Hawaiianos...

domingo, 10 de janeiro de 2010

Baader-Meinhof Blues.






A Facção Exército Vermelho (em alemão, Rote Armee Fraktion ou RAF), também conhecida como Baader-Meinhof, foi uma organização guerrilheira alemã de extrema-esquerda, fundada em 1970, na antiga Alemanha Ocidental, e dissolvida em 1998. Recebeu a alcunha Baader-Meinhof, depois que Andreas Baader escapou da polícia graças à ajuda de uma jornalista, Ulrike Meinhof.

Fotos: Ulrike Meinhof ,Cartaz da polícia alemã, distribuído após as ações do grupo Baader-Meinhof.


A violência é tão fascinante e nossas vidas são tão normais.


Domingo, tava em casa de bobeira, conversei com algumas pessoas queridas na internet, li algumas coisas depois de dormir a tarde, acabei não assistindo Milan x Juventus, ouvi um rock qualquer e fui matar a broca no pit dog ( maldito estrangeirismo ) do Luís. Veja bem, o pitdog do Luís é uma daquelas particularidades de estabelecimento que você não se lembra a primeira vez que foi lá e se é mais do que um cliente.

Tava lá eu de boa, daí chega meu professor de Geografia do ensino médio. Lembro que na época conversavámos sobre a revolução e sobre Che Guevara. Eu só chamava ele de Alberto Granado e falávamos que íamos montar um clube revolucionário aqui no Garavelo. Hoje, eu, não sou nada. Ele, é policial. Conversamos sobre o planalto central, também magia e meditação. Mas o que acabou voltando a tona foram nossos papos revolucionários de longíquos cinco anos atrás.

Conversamos que o mundo já tem os heróis que precisa e que não endurecemos sem perder a ternura jamais. Che Guevara se tornou um ícone pop. E o pop, não poupa nínguem. Queríamos uma razão para viver. A sociedade te empurra essa coisa pré fabricada de casar ter filhos e um emprego que te permite ser de classe média. Me lembro de um filme em que um personagem de Lázaro Ramos diz: " Democracia? Liberdade para consumir. "

Pobre humanidade a partir do momento em que os renegados burgueses tomaram conta da sociedade. Eu particularmente já estou cheio de me sentir vazio. Enquanto tomamos aquela cocola gelada no posto, crianças passam fome na África. Enquanto comemos McDonald´s, crianças crescem em sistemas quase pré histórios na África. Enquanto eu viajo tão longe, talvez aquele cara que me pede um troco na porta do terminal, não queria beber cachaça e sim procurar um emprego. Mas eu não dou. Talvez amanhã seja eu, talvez não.

Mas isso não incomoda nínguem. A verdade é essa, o mundo já tem os heróis que precisa. Não existem causas perdidas para darmos nosso amor. Foi foda encontrar meu professor com aspirações revolucionárias em pleno domingo de 2010. Eu um chorão aspirante a jornalista que escreve para o mundo em um blog de meia dúzia de amigos, ele um cão do governo. Não há máquina mais cruel e arrasadora de ideologias do que o tempo.

Você pode se enganar, crescer, plantar uma árvore e ter filhos. Mas um dia você vai morrer e vai ter que se confrontar com o nada que fez de sua vida. Eu prefiro confrontar isso agora, todos os dias, nesse blog e dizer : Somos uns Merdas.

Talvez a sua resposta seja não


Eu não estou cansado ainda
Pra sair do sol e ficar sob a sombra
Pra tirar minha mão
Pra não dizer que te amo
Os meses vão passar
Será que mudam de cor?
Tenho certeza que
Ainda estaremos nós
Tal como o preto e o branco
Como uma bicicleta
Depois de descer a colina
Passear pelos girassóis
Dentre todas essas paisagens
Rumo a uma vila pequena
Onde cada dia eu acordo
Com seus cabelos curtos
Espalhados sobre meu peito.
Que cada dia seja um dia de amor
E cada noite uma lua de mel.

sábado, 9 de janeiro de 2010

Foi-se 2009

2009 começou como um ano cheio de promessas e foi embora à francesa. Pela minha inércia, meu comodismo ou falta de tempo, nada ficou no lugar ou tudo saiu do lugar certo. Eu não sei bem.
O que eu sei foi que nos últimos meses de 2009, a casa nunca estava arrumada. Minha vida também não. Tudo parecia passageiro. Tudo foi breve nos últimos meses de 2009. As louças sujas na pia, os trabalhos por fazer. A cama desfeita, os lençóis amassados; as roupas sujas enchendo o cesto. O sabão acabou e as compras não foram feitas. A comida acabou, o marcador do livro continuou marcando a mesma página. Nenhum amigo recebeu uma ligação, uma visita ou um consolo. Aliás, não sei se precisaram em algum momento de consolo nos últimos meses de 2009.
Tempo. O tempo se alimenta de nós e nos deixa com fome. Foi mais ou menos isso que aconteceu nos últimos meses de 2009. Nunca adoeci tanto, nunca fui tão sozinha e nunca tive tão pouco tempo para se gastar bem. E nunca tive tanto dinheiro. Por outro lado, nunca cresci tanto em tão pouco tempo e nem mesmo em muito tempo. Um trabalho, um carro, uma batida, um assalto, um salário, um aumento de salário. Uma pequena falta de tempo substituída por total correria. Fui deixada de lado por mim mesmo e é por isso que tudo está fora do lugar nesse começo de 2010. Ainda não me ensinei como eu sou porque na verdade, não sou mais aquela que abandonei e agora, nós duas brigamos para saber quem ocupa essa carcaça que tem mais idade do que aparenta e bem mais velhice do que deseja.



Mas a boa notícia, é que eu voltei.
Vamos fazer um 2010 útil e usável.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Seu amor é o meu melhor amigo.


"Eu devia estar contente por ser o dito cidadão respeitado que ganha 4 mil cruzeiros por mês"


Zona: Bron´x.

Clima: Chuvoso.

Cigarro: Carlton Vermelho.


22:40 da noite, janeiro de 2010.



Caralho, que dia cansativo. Mas a maioria deles são. Acho que só nos resta mentir que amanhã será melhor para que nós sobre enfim algum ânimo e a tristeza não nos consuma. De repente toca um trecho de música na minha cabeça. Não sei que música que é, só que vem a seguinte a oração ; " Seu amor é meu melhor amigo ". Pronto, acabou o sossego.

As músicas mais pedidas, todas as paixões perdidas, a atual ou a da semana passada. A que passa na esquina com um caderno se protegendo da chuva, nenhuma se compara a você. Um dia talvez eu me case, tenha filhos e viva o amor que está no roteiro de nossa sociedade. Mas esse amor nunca vai ser o seu. Algumas pessoas tem a sorte de experimentar em vida um amor que vale a vida em si. Um amor para sempre ser lembrado. No mais eterno silêncio ou no mais duradouro efêmero ruído.

Com todos os amores que eu tive, todos os amigos, todos os estados e todas as músicas. Todos os gols e todos os sorrisos, ou lágrimas, seu amor foi meu maior amigo. Nós conhecemos quando eu tinha 13 anos e nunca mais nos separamos. Podem me chamar de louco, mentiroso ou anormal.

As vezes minto, para sobreviver, até para mim mesmo que não te amei, que o seu amor não é a minha imortal doença da minha vida. Que não é a única coisa que não saiu da minha cabeça desde a primeira vez que eu olhei nos seus olhos. Que eu era jovem demais, criança talvez e ainda não sei o que é amor. Mas no silêncio de uma quarta feira chuvosa dez e meia da noite, a verdade volta.

Obrigado por ter estado comigo, dentro de mim em todos os momentos. Na primeira vez que ouvi wish you were here ou nas madrugadas distantes de anos atrás, de ontem. Obrigado pela minha insônia, por todos os cigarros solitários e tristes, ou por não fumar e praticar esportes. Não há muitas certezas nessa vida, muito menos em mim. Mas das poucas, seu amor é uma delas.

Eu acordei...



Eu acordei e vi minhas mãos cheias de dedos
Eu vi que pra andar é perna indo pra frente, perna ficando pra trás.
Eu acordei e vi que se eu saltar mal saio do chão
Eu acordei e vi que não há liberdade sem prisão.
Eu acordei e pensei que acordei
Eu acordei e percebi que ainda estava sonhando.
Eu acordei e estava com a cabeça em alguma praia e o corpo na cama
Eu acordei e vi na mesa as chaves do portão
Eu acordei e percebi que não há liberdade sem prisão.
Eu acordei e me vi preso como uma bola numa máquina de pinball
Mas, não há liberdade sem prisão.
Eu acordei e deixei o sofrimento tomar conta de mim,
Cortado com a navalha de barbear
Agora escorre rubro em meu rosto.
Eu acordei e percebi que o físico depende do mental,
E que o mental depende do coração.
Eu acordei e vi que não há liberdade sem prisão.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

A juventude é uma banda imortal.






Então com 15 anos de idade, fui privado de assistir diários de motocicleta devido ao meu péssimo desempenho escolar. Assim que o castigo acabou, meu pai me levou para assistir o filme. Me lembro perfeitamente de chegarmos naquele cinema da praça cívica, sala pequena, vazia, apenas eu e ele, e um velhinho na projeção e assistirmos o filme. E nunca me esqueci da cena em que o personagem de Che chama a atenção de seu amigo Alberto Granado, o " Miau " para um velho sentado na mesa do bar e diz algo como : " É assim que você quer chegar no final de sua vida? ".

Nunca me esqueci dessa cena. Não quero ser um velho andando com um jornal embaixo do braço no Moema, no Marista, no Garavelo ou Palmeiras de Goiás. Embora possa ser. Existem nas mais variadas expressões artísticas cenas que sensibilizam profundo em nossa existência. Essa foi uma delas. Embora cruelmente o mundo já tenha os heróis que precisa. Então vem a terrível e jovem dúvida a respeito de nossa existência e seus mistérios.

Um dia desses, sai do trabalho e fui pra faculdade a noite, aula chata, peguei o caderno e como sempre tava pensando no tempo, e escrevi uma poesia assim:

O que é o tempo?
Senão a batida seca,
do relógio,
da arquibancada,
do coração?

Essa batida cruel e imperdoável,
presente em tudo.
Que atormenta a minha alma,
e alimenta a minha existência,
Que seja fatal, efêmera ou ideológica
Essa batida que atormenta,
eterna.




Queria pra mim a mística dos grandes poetas, mesmo que pra isso precisasse fingir sentir. Queria ser um herói, endurecer sem perder a ternura jamais. Queria ser bom o bastante. Queria a magia e o talento para tocar nas bandas do imortal.

" São apenas jovens... "

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Os jovens


Os jovens tem cabelo comprido
E barbas como arbustos
Brincos como piratas
E camisetas cômicas
Jovens vagam a cidade
Jovens falam com a parede
Esperando ouvir a resposta
Que não está na camiseta
Jovens já não são tão bons
Eram melhores na época do Hollywood
O cigarro do sucesso.

Como uma árvore que vive
Em meio a outras árvores
E se destaca, de algum modo
Ali, aquela jovem
Das jovens, a mais bela
Narizinho furando o vento
Um certo ar de autoridade
'Deve ter o mundo nas mãos'
O mundo sou eu
Cabelos curtos, unhas azuis,
Anda em meio as de publicidade
Como se não tivesse nada a provar
E realmente, não tem:
Ela é a prova de que é possível.

domingo, 3 de janeiro de 2010

Quem somos nós?



Quem sou eu? Quem é você?
E o que nos afasta tanto?
Uma metrópole maldita do Sudeste,
E por que somos tão humanos?
E sendo tão humanos,
O que nos separa?
E o que une nossos destinos?
A distância é grande,
Mas de repente, não é nada.
Quem são eles?
Quem eles pensam que são?
Quem são essas pessoas
Que vão às ruas
Levando crianças pelos braços?
Crianças tão pequenas,
Aparentemente, tão frágeis.
Não tão frágeis quanto eu.
'De que adianta ser durão,
E o coração ser vulnerável?'
Eu odiava tecnologia,
Eu odiava a modernidade
Me faz parecer louco,
Mas só por aqui.
Quem sou eu?
Quem é você?
Somos nós,
Em outras vidas,
Em outras latitudes,
Em outras salas,
Em outras solidões.
Estamos sempre juntos
Unidos na adoção de um amor,
Separados por um monitor.

Quem são eles?
Quem eles pensam que são?
Quem são esses burgueses ao redor de uma mesa,
Falando, falando...
Sorrindo, fingindo,
Esfaqueando
Assinando com tinta que depois se apaga
Promessas que não mantém
Acho que além de Sampaulo é diferente
Promessas, amor, verdade
Então deixa,
Sinta, viva
Desespero gera esperança,
Esperança gera loucura
Maconha, três Brahmas,
Entre as quatro paredes da intolerância.
Quem são essas pessoas?
Um pouco como eu e um pouco sem você
O sangue é sempre vermelho,
Independente das veias
E o amor é sempre remédio,
Como xarope pra tosse
Sempre você.
Somos nós,
Em outras vidas,
Em outras latitudes,
Em outras salas,
Em outras solidões.
Estamos sempre juntos,
Unidos na adoção de um amor,
Separados por um monitor.

.....................Mundo Mudando VOcê
........................ ........ ....................voCÊ Mudando Mundo

E você que tem ideias tão modernas. É aquele mesmo homem que vivia nas cavernas. O que aconteceu meu caro? Percebeu que viver sem viver é não viver? Pois é meu amigo, parabéns, agora está pronto para enfrentar o mundo da melhor forma. Agora, você consegue enxergar todas as possibilidades, os caminhos que pode traçar nesta infinita highway, que vai alem das experiências físicas e adentra o universo desconhecido de nós mesmos, nossa mente.

E a sua mente funciona a mil desde sempre, ideias que não se adequam ao que vemos hoje. Isso sempre foi um transtorno e não sabendo o caminho para expor seus pensamentos sem ofender as pessoas e o mundo ao seu redor, você tentou convencer mostrando-se capaz e eficiente em suas tarefas, todas que fossem designadas, achou que assim teria credibilidade. Não conseguiu a tão desejada credibilidade, pois na busca por ser eficiente, na busca da perfeição, você ficou frio e preocupado, afastou a todos que tinham interesse pelos seus pensamentos e também os que tentavam se aproximar. Com estas ações, meu amigo, você levou aos seus relacionamentos sociais um comportamento e atitudes totalmente fora dos padrões. Apesar de perceber o que acontecia, você não tinha maturidade ou interesse para mudar. Por isso eu afirmo que se soubesse antes o que sabe agora, você erraria tudo exatamente igual, por isso, não se sinta mal nem se irrite com o que você era ou com o que eu digo.

Você buscava agir de forma singular. Buscava ir contra o que não concordava e achava falso, quebrava regras de comportamento na forma de agir em sociedade, de tratar as pessoas. Talvez achasse interessante a reação de cada uma delas, forçá-las até o limite para que mostrassem seus verdadeiros rostos. Hoje você percebe que não há porque fazer isso, todos nós possuímos nossas máscaras e é saudável usar elas para se adequar a cada lugar ou situação em busca de uma certa civilidade. Claro que, como você é, sabe muito bem que essas máscaras somente nos adequam a sociedade, mas não nos definem nem nos transformam. Podemos e devemos deixar-nos expostos, mostrar o que pensamos. Difícil é saber a hora de tomarmos essa atitude, pois é na hora que tudo está exposto que a mascara e o rosto trocam de lugar e é nessa hora, que podemos ofender e machucar quem amamos, mas também é nessa hora que podemos fazer a diferença.

Sim, eu sei que está assustado, talvez até chateado, por eu perceber tanto em você, mas não se preocupe, só consigo enxergar nos outros o que possuo em mim mesmo. Eu compartilho de sua ânsia por ser diferente, por agir diferente, e passei por estas mesmas situações durante a minha vida. Não se preocupe. você aprendeu com a vida e, assim como eu, vai achar seu caminho. Você agora está bem, consegue ser feliz e se entregar aos desafios e às suas vontades, sem medo das conseqüências. Relaxe, junte seus amigos e sua companheira, aqueles que te aceitam como é e que acompanharam suas mudanças. Junte-os e vá em frente, se adapte ao mundo em que nasceu, mas não perca o amor às causas perdidas porque com calma e delicadeza você poderá convencer quem quiser dos seus conceitos e formas de ver o mundo. E talvez, um dia, ninguém necessite mais de máscaras. Só vale a pena ir em frente, meu amigo, se for por amor às causas perdidas. Por amor às causas perdidas.

sábado, 2 de janeiro de 2010

As bandas do imortal, 2010 - faixa 1.




Em algum momento de nossas breves vidas o quase tudo se torna quase nada. Por um leve fração de vida não há nenhum tipo de rótulo ou preocupação. São apenas duas sensações. O coração e o perfume. Ou o coração e seus olhos castanhos. Seus cabelos Negros. O coração e a arquibancada. O coração é você.




Chego em casa de um dia comum. Pego o celular. Coração dolorido a dois dias. De repente o que não havia sentimento sentimental se torna. Perco a conta de quantas vezes por segundo repasso o maldito beijo em minha cabeça. Não esqueço de seu ar de superioridade e o lugar perfeito para um jornalista se apaixonar. Não consigo me concentrar. Não sinto vontade pensar em outra coisa. Quero apenas relembrar.
Me lembro então que sou um indíviduo com o infeliz dom de amar intensamente e todas as mazelas cruéis que isso provoca. Tudo não passa de pose, positivismo. Não sou durão nem insensível. No fundo sou o mais incapaz de todos de resistir ao amor. E o mais incapaz de questionar sua veracidade. Pego meu celular e escrevo:
‘Sei que você talvez e muito provavelmente não se lembre de mim. Só queria te dizer que desde aquele momento você não saiu da minha cabeça por um segundo. Milhares de vezes vejo seus olhos e sinto seus lábios. Não me importa se irão me criticar ou duvidar. Não me interessa o qual questionável a origem e o porque de tudo é. Eu nunca serei capaz de esquecer aquele beijo.’


No táxi que me trouxe até aqui, Humberto Gessinger me dava razão:

Ontem a noite, eu conheci uma guria. Já era tarde, era quase dia. Era o princípio, do precipício. Era o meu corpo que caia.
Ontem a noite, a noite tava fria. Tudo queimava, nada aquecia. Ela pareceu, parecia tão sozinha. Parecia que era minha aquela solidão. Ontem a noite eu conheci uma guria que eu já conhecia, de outros carnavais, com outras fantasias. Ela pareceu, parecia tão sozinha. Parecia que era minha aquela solidão.

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Cavalo sem dono selvagem!


"Cavalo sem dono selvagem não aceita rédeas." - GOG

Breve.


















A Vida voa

Anos passam

Sonhos cessam

A morte à proa


Rico é meu definhar

Pois conquistei nesse mundo a maior das aspirações

A de uma paixão despertar


Deixo-te, minha amada

Que por mim se encantou

Em sua vida memórias minhas guardou

E do meu espírito foi a relaxante pousada


Conquistei do homem a maior das pretensões

Meu nome na sua história pude marcar

Agora que vou, te deixo com nossas recordações

  © Blogger template 'Perfection' by Ourblogtemplates.com 2008

Back to TOP